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01 de setembro de 2014
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Reflexes sobre a morte 2e1j3d

Comeou em Dominicana ao descobrir que dormamos ao lado de um cemitrio rural. Nossos silenciosos vizinhos nos faziam lembrar de nossa finitude. De alguma maneira enriqueciam o nosso tempo de formao para estudantes lderes dos pases do Caribe (desses movimentos pertencentes CIEE/IFES, a Comunidade Internacional de Estudantes Evanglicos), com o sentido de urgncia na vida e na misso. O nosso tema contrastava com a realidade ao lado:semeando vida, colhendo esperana.
Depois veio a visita Cueva de las Maravillas (Caverna das Maravilhas). O que mais me impressionava ali no eram os morcegos voando sobre as nossas cabeas, mas sim as cerca de 500 pinturas em suas paredes. Rabiscadas pelos anteados dos habitantes dessas ilhas, h milhares de anos, possivelmente retratavam algum ritual pelo qual avam os jovens guerreiros ou caadores de seu tempo. S podemos conjecturar sobre o seu real significado, mas a repetio da representao do deus da morte em alguns setores da caverna me chamava a ateno.
Ela estava ali, quando o caminho se estreitava, e antes da caverna abrir-se de modo surpreendente em um amplo e magnfico salo. Seria possvel que retratassem a paz e o desfrute que experimentam aqueles que se libertam do temor morte? Para que assim pudessem enfrentar bem, sem medo, os desafios da vida? No final da caverna, quando acabava a sequncia das pinturas, outra vez aparecia ali o tal deus da morte. De novo conjecturava se o dito cujo aparecia ali para deixar claro que esse seria o ltimo inimigo por enfrentar. Eu quase podia ouvir a voz das pinturas que me arguia: O que vencer a morte?.
Poucos dias depois j estava na Venezuela, para o acampamento nacional do movimento estudantil cristo (MUEVE). Dessa vez me cabia dar estudos sobre o tema da integridade: expresso radical do cristo. O assunto nos levava a discusses nem sempre fceis sobre as esperanas e as desiluses na histria recente, em meio a opinies bem polarizadas entre os que apoiam e os que execram os governantes do momento. eando pelo Novo Testamento (Paulo e Tiago) e pelo livro de Salmos (37 e 82), vimos que os governantes, seja direita ou esquerda, vem e vo (a morte a nica certeza para eles), mas o Reino de justia para o necessitado e o aflito essa esperana que segue avanando na agenda de Deus e do seu povo.
Enquanto isso tambm avanava, para pior, o estado de sade de minha av. Seu nome (Divina) me ajudava de alguma maneira curiosa a continuar confiando em Deus e em seus propsitos. A notcia de sua partida chegou justo aps minha exposio sobre a necessidade de que no andemos sozinhos na vida e no ministrio. Claro, para mim ficava a dor de que Dona Divina no mais andaria conosco por aqui. Para todos ns tambm ressoava a mensagem de que o caminho da integridade requer um contexto de comunidade, de equipe, de pessoas referentes em nossa caminhada, que sempre nos ajudam com as perguntas mais difceis. Precisamos desesperadamente desse tipo de amigos no caminho que nos confrontam e nos questionam. Bajuladores so suprfluos (at mesmo perigosos), j os amigos honestos so um tesouro necessrio.
Cheguei ao Brasil tarde para o enterro da v, e cedo para o choque da partida sbita de Eduardo Campos. Outra vez a morte. Para mim, mas especialmente para a sua famlia, outra vez aquele inimigo que dessa vez parecia haver chegado antes da hora. Depois, tambm me atordoava ler reaes e discusses vindas de alguns grupos que pareciam pensar mais em seus prprios interesses do que no bem do pas, mais sobre de que maneira poderiam ter algum benefcio particular (ou partidrio) do que no interesse pblico de todos e em especial dos mais afligidos entre ns.
Antes da morte, essa que um dia todos iremos enfrentar e para a qual os animo que a encontrem na perspectiva da paz e da esperana no Senhor da histria, temos outros inimigos por enfrentar. No que concerne vida pblica e poltica desse pas, espero que aprendamos que vale mais a agenda de justia que est no corao de Deus do que nossos prprios interesses mesquinhos. Que aprendamos a no caminhar sozinhos, a ser mais maduros nos dilogos, nas divergncias, e que busquemos o melhor em especial para quem mais necessita, mesmo que isso signifique que no priorizaremos as agendas de nossos prprios interesses, aquelas do para mim primeiro.
Quanto ela, a morte, no sei quando essa me encontrar, e em verdade no me importo porque no a temo. Mas antes que ela chegue anelo ver um pas melhor, com mais sinais evidentes do Reino em nosso meio. E voc? De minha parte espero que a perspectiva de nossa finitude na terra seja capaz de nos ensinar algo, ou ao menos de catalisar a aprendizagem e a humildade que tanto necessitamos.
casado com Ruth e pai de Ana Jlia e Carolina. Integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Sade, em So Paulo (SP), serve globalmente como secretrio adjunto para o engajamento com as Escrituras na IFES (International Fellowship of Evangelical Students) e tambm apoia a equipe da IFES Amrica Latina.
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