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Opinio 3pp3w

Os Jardins do den e a Sombra de Abel: uma jornada pela aposentadoria 33ei

Agora, a chance de viver no jardim, do jeito que eu quisesse. Mas como fazer isso?

Por Rubem Amorese

Anos se aram desde que a deciso crucial foi tomada. Lembro-me vividamente daquele perodo, marcado pela leitura de "Aprender a Envelhecer", de Paul Tournier. No era uma leitura comum; era um dilogo profundo, uma conversa lenta onde eu pedia licena ao autor para parar, pensar e voltar com perguntas e inquietaes. ramos companheiros de jornada, Paul um pouco frente, j na fase de snteses existenciais, que ele compartilhava generosamente em seu livro, abordando as alegrias, inquietaes e temores da aposentadoria.
Naquela poca, recm-chegado a essa nova "estao da vida", as histrias que Paul relatava, e as que eu ouvia ao meu redor, ecoavam em minha alma. Havia o relato de amigos que se perderam ao se aposentar. Um deles descreveu a experincia como "terrvel", confessando que nunca imaginou que seria "to duro". Sua reflexo me tocou profundamente: "Nada pior para o homem do que perder a possibilidade de brilhar!". Conversamos sobre essa condio humana, essa necessidade intrnseca de sentir-se til, relevante. Aquele amigo, rapidamente, encontrou um jeito de "voltar ativa", um "trabalhinho de classificao" que o fez reviver, resplandecente, encontrando em uma modesta possibilidade de brilho o suficiente para se transfigurar. Mas, mesmo assim, pairava a sensao de que o problema estava apenas adiado, sem uma soluo real.
E havia o fantasma do "pijama assassino". Trs anos antes de minha "Lei urea", como eu carinhosamente apelidei a deciso de me aposentar, ouvi muita gente falar sobre ele. A recomendao generalizada era clara: "no pare". Vestir o pijama assassino significava marcar um encontro indesejado com enfermidades, solido, senilidade e, por fim, a morte. A lista de ex-colegas que se aposentaram "totalmente", ando a viver em casa, assistindo "sesso da tarde" e lendo livros, e que muitos j haviam morrido, alimentava esse temor.
Mas Paul Tournier tambm apresentava casos de quem no se deu to mal. Lembro-me da histria de outro amigo, vibrante, que declarou: "Aposentadoria? Nunca estive to ocupado como estou desde que me aposentei!". Sua reflexo complementar, que ressoou com meus prprios pensamentos enquanto lia, era manter a rotina de se levantar cedo, "na mesma hora em que se levantava para ir ao escritrio". Perfeito, de certa forma, mas o comentrio de Tournier, com o qual eu concordava, sublinhava que, mesmo nesse caso, tratava-se de um "adiamento". Um adiamento mais vlido, sim, mas ainda assim um adiamento. Esse homem, embora istrativamente aposentado, continuava produtivo, trocando a funo de diretor por outras responsabilidades. Quem sabe, pensvamos, a aposentadoria real, de fato, ainda chegaria para ele.

https://loja.ultimato.com.br/livros/aprender-a-envelhecer
Aquilo me fez pensar: era exatamente o que meus amigos e colegas me sugeriam h trs anos: aposentar-se sem se aposentar. E eu me perguntava, e ainda me pergunto, se isso realmente "vale". Aposentar-se para seguir fazendo a mesma coisa... isso seria sinal de um amor profundo pelo que se fazia, ou de uma total falta de ideia do que mais poderia ser feito? A metfora que me vinha mente era a do escravo recm-alforriado. Com sua liberdade recm-conquistada, o que faria ele? Pediria ao antigo dono para ser recontratado como trabalhador?
Como servidor pblico, eu poderia ter postergado a da minha prpria "Lei urea" at a aposentadoria compulsria, a "expulsria" dos setenta anos. Mas decidi encarar a deciso logo. Meu receio maior era que, por medo, eu permanecesse no trabalho apenas para ser varrido "na pazinha de lixo" quando a idade me alcanasse. Naquele momento futuro, eu teria menos condies de aproveitar o tempo de aposentadoria, to esperado por uns e to temido por tantos. Sairia a contragosto, sem nenhum "projeto de vida" e, pior, sem a energia dos sessenta anos. Isso, sim, seria ter um encontro marcado, e inevitvel, com o temvel "pijama assassino", apenas que mais tarde. Naquelas conversas imaginrias com Paul Tournier, eu me convencia de que havia tomado a deciso correta ao sair enquanto ainda tinha energia. O lamento era no ter planejado esse momento antes, a partir dos quarenta e cinco ou cinquenta. J era, mas a oportunidade de correr atrs do prejuzo ainda existia, planejando a partir de ento.
Naquele incio, uma ideia martelava em minha cabea, estranha e instigante: o den. Eu via meus amigos, que sempre sonharam com a aposentadoria, agora morrendo de medo dela. Eles sonhavam com o dia em que voltariam condio de crianas em frias escolares. E eu, concordando em parte, pensava que a aposentadoria era como Deus me trazendo de volta ao den. E a pergunta divina ecoava: "como voc vai viver, agora, neste jardim que lhe preparei">Me aposentei. E agora?, de Rubem Amorese
Rubem Amorese presbtero emrito na Igreja Presbiteriana do Planalto, em Braslia. Foi professor na Faculdade Teolgica Batista por vinte anos e consultor legislativo no Senado Federal. autor de, entre outros, Fbrica de Missionriose Ponto Final.Acompanhe seu blog pessoal: ultimato.com.br/sites/amorese.

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