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09 de abril de 2015
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Qual o sentido da esperana crist? 4h584r

Qual o sentido da esperana crist? com essa pergunta que se deve procurar entender o significado escatolgico que a crena na ressurreio do crucificado (pscoa crist) proporciona "teologia da histria". Ao invs de cclica, a perspectiva histrica para abordar a esperana deve ser linear e finalizadora (teleolgica). Deste modo, a realidade vivida (cosmo-antropolgica), em sua globalidade, ganha um sentido transcendente. A esperana crist emerge como uma negao tendncia materializante de uma concepo cosmolgica pessimista que tende limitar a transcendentalidade da vida aos ditames de um tempo pensado cronologicamente (incio, meio e fim). O mundo da vida se nomotiza (ganha sentido) por meio dela (esperana crist).
Assim, os acontecimentos perdem seu casusmo, e seus movimentos am a compor um enredo providente no qual ado e futuro se unem em importncia e sentido histrico. O presente deixa de ser compreendido apenas como um simples instante vivido, pois nele, uma inteligncia teleolgica sagra, cada evento histrico, a um conjunto maior de simbolismo escatolgico, atravs do qual cada indivduo, atento aos seus movimentos, a a entender que o vazio ou a morte" no deve ser afirmado como a finalidade da vida. A razo histrica ganha o poder sobre os fatos concretos da vida, e aos indivduos assegurada a garantia de que todo acontecimento que se d na esfera do presente no se perde no absurdo dos eventos histricos contraditrios.
Desta forma, a sincronia de cada etapa histrica vem, no da ausncia de contradies (as quais se encontram amalgamadas no contexto do mundo da vida), mas como afirmao do triunfo da Providncia (Hegel), mesmo quando ou apesar da permanncia delas (contradies) no processo da vida humana na histria. Ao dizer "eu sou a ressurreio e a vida", Jesus de Nazar possibilitou ao ser humano um olhar desdramatizado para um futuro, sem a chancela do medo; olhar que interpreta o presente sem pnico. Por essa razo, o cenrio ontolgico, em que se percebe a histria acontecer, a a ser ento a habitao da vida, e no a perpetuao eco-antropolgica do caos. Se a morte fosse uma realidade invencvel, insupervel ou a palavra final sobre tudo, ento, sim, a ressurreio, compreendida como fato histrico com a capacidade de reorientar o telos da prpria histria deixaria de ter qualquer relevncia antropolgica, bem como qualquer poder diretivo sobre os eventos que transcorrem no mundo da vida humana.
A esperana crist entende que a morte, como possibilidade do devir histrico, foi vencida no s pela negao do negativo, mas tambm pela supresso do medo ontolgico. Esse o sentido ontolgico do "εγω ειμι η ζωη" (eu sou a vida). Quem existe possudo pela crena de que o ser humano no precisa caminhar mais no mundo dominado pela ansiedade da vacuidade (Tillich), percorre cada etapa da vida munido da confiana irredutvel de que somente Deus senhor do futuro (Pannenberg). Deste modo, a esperana que se reclama no horizonte discursivo da f crist (Evangelho) no anula o fato da contradio ontolgica (morte ou sofrimento) que se viceja no palco da histria. No entanto, uma inverso acontece: a vida a a ser uma promessa de auto superao para histria cheia de contradies. Da precariedade do ser-a num mundo catico nasce uma luz candente e inapagvel, que grita por uma justia ontolgica, a qual sentencia vida um processo de morte-sofrimento do qual no se esperava mais nenhum sentido redentivo.
Da possibilidade insupervel do no-ser, como acreditavam Heidegger e Sartre, configura-se, ento, um outro cenrio de confiana da f: a vida vai triunfar sobre a morte (razo da esperana). Disto se deduz eventos psquicos acontecendo e invertendo uma lgica de previso pessimista do futuro: a certeza no ser sempre vencida pela dvida, nem a confiana pelo medo, nem a sade pela doena, ou a alegria pelo choro intermitente. Viver em paz, mesmo num mundo feito de guerras ou por guerras, deve ser encarado como uma oferta irrecusvel da esperana que, ao invs de anular a contradio ontolgica, vislumbra sua metamorfose acontecendo lentamente, num percurso histrico-antropolgico em que os eventos fticos nem sempre devem ser entendidos a partir da lgica da aparncia. No!
A esperana fundada a partir do fato da ressurreio do crucificado no mascara a negativa dos eventos, mas atribui a eles um sentido outro, abscndito, transcendente, supra histrico, em cujo percurso cronolgico/kairolgico a vida a a ser o destino da morte, e no o contrrio (tese anti-freudiana e anti-heideggeriana). Esse o sentido da pscoa crist. Esse significado da sua esperana.
Claudio Ivan de Oliveira doutor em psicologia (UnB), psicoterapeuta e professor da PUC-GO. luterano de formao teolgica e pastoreou por uma dcada e meia, na cidade de Goinia, a Igreja Confessional Luterana.
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