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06 de janeiro de 2020
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Orar ininterruptamente aprendendo com Paulo 70w1o
Por Santareno Augusto Miranda

Creio que, em muitas igrejas, as reunies de orao so frequentadas por trs tipos de pblicos.
Primeiro, aqueles assduos, comprometidos ou perseverantes. Esses priorizam a orao em sua vida e em comunidade. Vo reunio de orao com toda naturalidade. A orao individual e coletiva faz parte de sua prtica crist.
Segundo, aqueles que so regulares, que esto buscando uma vida de orao e, quando d, aparecem nas reunies. Para esses, a orao ainda no se tornou uma prioridade, por isso, sua agenda de orao pessoal e comunitria conflita com outros interesses.
Terceiro, os que oram quando tm problemas ou enfrentam algumas adversidades. Esse o pblico que faz oraes intencionais e pessoais quando a situao est difcil. Em tempo de dificuldades, conseguem orar sozinhos e buscam ajuda de outros fiis para orarem por eles. Esforam-se para aparecer em reunies de orao comunitria. A Bblia nos manda orar, mas nem todos ns oramos como convm. A prtica da orao exige perseverana.
No fcil orar com perseverana de forma ininterrupta. So poucos os cristos que tm essa prtica. Orar sempre no apenas um hbito para enquanto se est dirigindo, um costume sempre que tomamos uma refeio ou quando vamos dormir. Orar com perseverana e sem cessar no isso.
Ento de que forma podemos aprender a orar continuamente? No Novo Testamento encontramos o apstolo Paulo exortando a igreja a perseverar na orao. Paulo diz: Perseverai na orao, vigiando com aes de graas (Cl 4.2).
As cartas de Paulo deixam claro que ele orava o tempo todo, agradecendo ou intercedendo pela vida dos fiis, louvando a Deus pela obra de Cristo, fazendo splicas especficas. dele a recomendao orai sem cessar (1 Ts 5.17). E so frequentes as referncias orao ininterrupta ou assdua quando ele fala de suas oraes [Rm 1.10; 1 Ts 1.2; 2.3; 2 Ts 1.11; Fp 1.3; Cl 1.3; 2 Tm 1.3 e outros] e em suas recomendaes aos leitores das cartas [Ef 6.18; Rm 12.12; 1 Ts 5.17 e outros].
Podemos aprender a orar continuamente com o apstolo Paulo.
1. Quando oramos com gratido e incessantemente pelos convertidos
Como pregador do evangelho, Paulo orava incessantemente por aqueles que se convertiam. No deixo de dar graas por vocs, mencionando-os em minhas oraes (Ef 1.16); Sempre agradecemos a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vocs (Cl 1.3); Sempre damos graas a Deus por todos vocs, mencionando-os em nossas oraes (1Ts 1.2); Dou graas a Deus, a quem sirvo com a conscincia limpa, como o serviram os meus anteados, ao lembrar-me constantemente de voc noite e dia em minhas oraes (2 Tm 1.3); Sempre dou graas a meu Deus, lembrando-me de voc nas minhas oraes (Fp 1.4).
Essas oraes eram precedidas pelo entendimento de que foi a graa de Deus que alcanou os pecadores e no sua pregao. Dar graas a Deus por aqueles que se converteram um bom sinal do reconhecimento do favor de Deus em prol no s dos pecadores, mas do agir de Deus na vida do pregador. Era de se esperar que Paulo orasse metodicamente pelos que se convertiam por seu trabalho, mas algumas agens evidenciam que suas oraes ultraavam o crculo imediato de suas relaes pessoais e de sua responsabilidade.
O fato de Paulo agradecer a Deus pela f dos convertidos, que firme e crescente, pode ser tambm uma chamada para eles permanecerem leais mensagem do evangelho1. Antes de tudo, sou grato a meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vocs, porque em todo o mundo est sendo anunciada a f que vocs tm. Deus, a quem sirvo de todo o corao pregando o evangelho de seu Filho, minha testemunha de como sempre me lembro de vocs em minhas oraes; e peo que agora, finalmente, pela vontade de Deus, seja-me aberto o caminho para que eu possa visit-los (Rm 1.8-10). A gratido a Deus pelos convertidos uma das marcas da orao incessante de Paulo. Ele, mesmo no conhecendo pessoalmente a igreja de Roma, orava sem cessar pelos crentes. No apenas ensinava sobre a importncia da orao, mas tambm orava. A teologia e a prtica da orao andam de mos dadas na vida de Paulo2. Sua orao tinha a marca da gratido, perseverana e reconhecimento de que Deus soberano, alm do desejo de ser canal da graa de Deus para os outros.
2. Paulo orava sem cessar pelo crescimento espiritual dos convertidos a f crist
As oraes de Paulo eram focadas na obra de Cristo e no poder transformador do evangelho. Em suas oraes fcil perceber a preocupao com aqueles que se convertiam, para que crescessem no conhecimento e sabedoria de Deus. Por essa razo, desde o dia em que o ouvimos, no deixamos de orar por vocs e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual. E isso para que vocs vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agrad-lo, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus e sendo fortalecidos com todo o poder, de acordo com a fora da sua glria, para que tenham toda a perseverana e pacincia com alegria, dando graas ao Pai, que nos tornou dignos de participar da herana dos santos no reino da luz (Cl 1.9-12).
Desde que lhe chegou a notcia da converso dos irmos em Colossos, Paulo usa essas notcias como oportunidade de oraes contnuas pelo crescimento espiritual desses novos convertidos. Eles precisavam crescer. O apstolo reconhecia que o crescimento espiritual no fruto do esforo humano, mas do poder de Deus. Somente Deus pode assegurar a salvao que ele mesmo deu aos homens. Para isso, Paulo dirigia sua orao a Deus pelo desenvolvimento deles no conhecimento e na compreenso da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual. Orava por uma mente instruda na verdade espiritual que conseguisse captar a aplicao dos princpios bblicos aos problemas da vida, com vistas a uma conduta diria honrosa que agradasse a Deus3.
Paulo entendia que depois da converso vinha o crescimento espiritual, o cuidado pastoral, por isso orava incessantemente pelo amadurecimento do carter dos novos convertidos e para que crescessem na prtica das boas obras por meio do conhecimento de Deus. Raras vezes ouvimos esse tipo de orao. Nossas oraes esto focadas em coisas materiais. Expressam mais uma demasiada ansiedade pelo que comer e vestir e menos um desejo ardente de crescimento em toda a sabedoria e entendimento de Deus. Paulo nos ensina que devemos orar incessantemente para que os novos convertidos cresam em conhecimento que promova um servio (V. 9-10) cujo fruto seja fora (V. 11), gratido e louvor a Deus.
3. Aprendemos com Paulo a orar ininterruptamente pelos santos
O Novo Testamento frequentemente exorta o crente a orar sem cessar. Orem no Esprito em todas as ocasies, com toda orao e splica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na orao por todos os santos (Ef. 6.18); Alegrem-se na esperana, sejam pacientes na tribulao, perseverem na orao (Rm 12.12); Orem continuamente (1 Ts 5.17).
A prtica da orao ininterrupta em prol dos cristos um dos mais extraordinrios meios da graa que o homem pode dispor4. Todos os santos, depois de salvos, oram. Paulo exorta os cristos de feso a intercederem em favor dos irmos na f. A lio oferecida aqui que nenhuma pessoa pode dispensar ajuda intercessria dos irmos em seu prprio favor. Paulo era exemplo em tudo quanto ensinava. Ele orava incessantemente por todos e carecia da mesma ajuda. Sua batalha era ferrenha contra as foras do mal e ele sabia que sozinho no poderia vencer. Ele precisava de fora espiritual e sabia que as intercesses em seu favor o ajudariam. A Igreja, constituda de pessoas de todas as naes, forma uma irmandade mais que humana espiritual, na qual no h diferenas. Todos tm os mesmos direitos e bnos. nesse esprito fraterno e cristo que devem-se manifestar as oraes de uns pelos outros. Por isso, no importa se no conhecemos fisicamente nossos irmos na f do outro lado do mundo, o que importa que eles participam de nossa santificao espiritual e so chamados santos como ns. Podemos orar incessantemente por todos os santos em todo o mundo.
4. Aprendemos com Paulo a orar incessantemente pela propagao do evangelho
Orem tambm por mim, para que, quando eu falar, seja-me dada a mensagem a fim de que, destemidamente, torne conhecido o mistrio do evangelho, pelo qual sou embaixador preso em correntes. Orem para que, permanecendo nele, eu fale com coragem, como me cumpre fazer (Ef 6.19-20)
Paulo afirma que orava sem cessar pelos cristos em Roma: Pois Deus, a quem sirvo em meu esprito, no evangelho de seu Filho, me testemunha de como incessantemente fao meno de vs, pedindo sempre em minhas oraes que, afinal, pela vontade de Deus, se me oferea boa ocasio para ir ter convosco (Rm 1.9-10). O que Paulo est dizendo que no deixa de mencionar os cristos de Roma em suas oraes.
Por meio da orao buscamos a Deus, que poderoso, no limitadas vezes, mas infinitamente mais do que tudo quando pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em ns (Ef 3.20). Sendo assim, o cristo deve pensar no apenas individualmente em seu conflito espiritual, mas tambm preocupar-se com a pregao do evangelho, que envolve toda a igreja do Senhor Jesus Cristo.
Em Efsios, Paulo pede aos irmos que orem por ele e pela pregao do evangelho. Pede que seja corajoso e ousado na pregao do evangelho. Ele era um homem dotado da sabedoria humana, porm, reconhecia que, quanto pregao do evangelho, precisava falar com coragem e ousadia. Entendia que para ser bem-sucedido na pregao do evangelho precisava do poder de Deus e pedia as oraes dos irmos.
O versculo 19 apresenta a razo do pedido de intercesso que Paulo faz em seu favor. Para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiana. Paulo no queria abrir a boca para falar de si mesmo ou para falar de vs filosofias, como os gregos, mas de Jesus Cristo, o Salvador e Senhor. Ele precisava de coragem moral e espiritual para que, ao abrir a boca, a palavra sasse com segurana e confiana. Para fazer notrio o mistrio do evangelho (v. 19). Quando escreveu a sua carta aos efsios estava preso em Roma, mas mesmo assim no deixou preso o seu ministrio nem se calou, antes anunciava o reino de Cristo e o mistrio do evangelho.
Seu zelo pela proclamao do evangelho era to ardente que ele nunca ficou satisfeito com seus esforos. E, de fato, se considerarmos o peso e a importncia do assunto, todos reconheceremos que estamos muito longe de sermos capazes de lidar com isso de maneira adequada e sozinhos, por isso precisamos da orao intercessria ininterrupta dos irmos.
5. Aprendemos a alegrar-nos no Senhor e por meio da orao incessante dar graas em tudo
Paulo comea sua exortao dizendo que o crente deve ser sempre alegre. A verdadeira alegria uma virtude que faz parte do fruto do Esprito (Gl 5.22). A alegria genuna s desenvolvida quando o Esprito Santo quem controla nossas vidas. essa alegria que, nas situaes difceis, pode levar o cristo a orar sem cessar.
Este tipo de alegria no Senhor capaz de no esmorecer mesmo em circunstncias mais adversas. Contudo, mesmo que eu esteja sendo derramado como oferta de bebida sobre o servio que provm da f que vocs tm, o sacrifcio que oferecem a Deus, estou alegre e me regozijo com todos vocs. Estejam vocs tambm alegres, e regozijem-se comigo (Fp 2.17-18). Isso explica tambm por que logo aps a frase regozijai-vos sempre vem a ordem orai sem cessar. A alegria a despeito das circunstncias s possvel quando se vive uma vida de orao constante.
O cristo que vive sempre alegre e ora ininterruptamente d graas ao Senhor por tudo. Esse tudo inclui no apenas o conforto, o prazer, o bem-estar, a abundncia; mas tambm a aflio, a tribulao, a perseguio, a angstia. Isso indica que quando estamos sempre alegres no Senhor e voltados a ele orando sem cessar no temos dificuldade em reconhecer sua providncia em cada parte de nossa vida.
O cristo que ora sem cessar e d graas ao Senhor sabe que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus; daqueles que so chamados segundo o seu propsito (Rm 8.28).
Precisamos orar sem cessar, pois na falta de orao paramos de buscar e depender de Deus e amos a depender de ns mesmos. Orar sem cessar , em essncia, depender da comunho com o Pai.
A orao contnua, persistente e incessante uma parte fundamental da vida crist, que tem sua origem na dependncia em Deus.
Notas
- MARTIN, Ralph P. Colossenses e Filemom; introduo e comentrio. Srie Cultura Bblica. So Paulo: Vida Nova, 1984. p. 57.
- LOPES, Hernandes Dias. Romanos; o evangelho segundo Paulo. Comentrio expositivo Hagnos. So Paulo: Hagnos, 2010. p. 49.
- BRUCE, F. F. Comentrio Bblico NVI; Antigo e Novo Testamento. So Paulo: Editora Vida, 2009. p. 2020.
- CSAR, Elben M. Lenz. Prticas devocionais; exerccios de sobrevivncia e plenitude espiritual. Viosa, MG: Editora Ultimato, 2005. p. 22.
- CABRAL, Elienai. Comentrio Bblico; Efsios. Rio de Janeiro: AD, 2009. p. 93.
Santareno Augusto Miranda casado com Elizabeth e pai de Rafael, Samuel e Karin. professor de missiologia, teologia e filosofia, e membro da equipe pastoral da Igreja Evanglica Menonita Nova Aliana em Curitiba, PR.

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