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13 de maro de 2013
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Orao! 6c6ab

Talvez, diante dessa realidade, sejamos tentados a pensar: falar com quem s faz o que quer deixa pouco espao para quem com ele fala. E ento, embora essa seja a melhor maneira de compreender a profundidade da orao, parece que, para ns, s resta a frase atribuda a C.S. Lewis no filme Terra das Sombras: No oro para que Deus faa a minha vontade, mas para que eu seja adequado vontade dele.
Orao, portanto, falar com quem quer sempre o melhor, e, por isso, s faz o que quer. E tem de ser assim, porque ns, seres humanos, a partir de ns, no sabemos o que devemos querer. Sem dvida, no temos condio de saber o que melhor, uma vez que nada sabemos do futuro, no interpretamos bem o ado, e, geralmente, somos atropelados pelo presente.
possvel, portanto, concluir que no vale a pena orar, ou que orar no faz sentido, se orar for entendido como levar um pedido, uma dor ou uma angstia ao Todo-Poderoso? Ou que orar s faz sentido se for para louvar, ou para abrir o corao como catarse, ou para confirmar a submisso vontade do Pai?
Porm, antes de qualquer concluso, consideremos: na cena apocalptica, as oraes dos servos do Cristo esto em taas de ouro e so postas pelos ancios diante do Cordeiro vencedor (Ap 5.8). H quem interprete que todo o desenrolar do Apocalipse a resposta divina a essas oraes. E os ancios, no seu cntico, dizem que ns, os que cremos, somos sacerdotes que reinam na terra (Ap 5.10). E como sacerdotes reinariam, seno, por meio da orao?
Vejamos:
1- Abrao teve atendida uma orao que no conseguiu verbalizar. Porque Abrao, orando por Sodoma, pediu que Deus poue a cidade se l encontrasse 10 justos, mas os anjos enviados por Deus para executar o juzo no encontraram tal contingente (Gn 18.16-33). Abrao, ao orar, lembrava-se de L. Deus salvou L por se lembrar de Abrao (Gn 19.29).
2- Moiss ordenou que o povo de Israel lutasse com os amalequitas porque haviam atacado a Israel. Moiss subiu montanha para interceder por seu povo. Aro e Hur perceberam que era pela orao de Moiss que a batalha era vencida e sustentaram as suas mos at Amaleque ser desbaratada (Ex 17.8-13).
3- Josu orou e Deus deteve o movimento do universo (Js 10.6-15). E que beleza a frase que sintetiza esse momento: "No houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, tendo o Senhor, assim, atendido voz de um homem; porque o Senhor pelejava por Israel (Js 10.14).
4- Ana, movida pela aflio e pelo excesso de ansiedade, orou por um filho. Eli, o Sumo Sacerdote, primeiro a julgou embriagada, mas quando a compreendeu, a abenoou. E Deus lhe concedeu um filho, Samuel, porque lembrou-se dela (1Sm 1.10-20).
5- Um anjo lutou 21 dias contra a potestade da Prsia para atender a orao de Daniel. Disse o anjo: foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, que eu vim (Dn 10.10-14).
6- Jesus, a pedido, fez um milagre antes da hora para manter um estado de festa (Jo 2. 1-11).
7- Jesus atendeu a uma mulher antes do tempo. Ainda no era o tempo do Senhor ser manifesto aos gentios, mas atendeu ao clamor de uma senhora srio-fencia e destacou que o fazia por causa da palavra que ela proferiu (Mc 7.24-30).
8- Jesus incitou aos seus discpulos a orar para que Deus permitisse que o inevitvel, a chegada do abominvel da desolao, acontecesse em tempo onde mais gente pudesse se salvar (Mt 24.15-22).
9- Jesus disse que se um juiz inquo pode vir a atender a um clamor, quanto mais Deus que justo (Lc 18.1-8).
10- Paulo orou contra o que havia visto e oestado (At 27.21-24). Deus, por sua graa, salvou a todos que estavam em estado de morte certa, por t-los dado ao seu servo, em resposta sua orao.
Estes so alguns dos muitos exemplos que poderamos citar!
Por princpio e definio todo desejo de orar mpeto para Deus, uma vez que ns, a partir da queda, no buscamos a Deus (Rm 3.11). Logo, qualquer orao, qualquer busca pelo transcendente fruto da graa mantenedora da Trindade, que, por esta graa, ps a eternidade no corao do homem, para que possamos alcanar algo da transcendncia que revelada pelas coisas criadas (Ec 3.11; Rm 1.19,20).
Claro, isso no garante que estamos orando da forma certa e nem para a pessoa certa, ou seja, no h garantia de que se esteja orando para a Trindade. At porque a humanidade perverteu esse mpeto por meio da idolatria, o que nos torna indesculpveis (Rm 1.21-23).
No entanto, os que creram no Cristo, no qual a presena da eternidade no corao pela graciosa salvao encontrou plenamente a sua vocao, sabem que tal querer pela transcendncia, assim como a possibilidade de experiment-la, resultado de operao divina em si, que em ns opera tanto o querer como o efetuar (Fp 2.13). E orar, que demanda divina para ns (1Ts 5.17), parte dos quereres que a Trindade opera e efetua em ns.
Deus s faz o que quer. E tem de ser assim, porque o melhor sempre o que Deus quer. Mas vale a pena orar, no s para o dilogo necessrio vida devocional de submisso ao Pai (Mt 6.9-13), ou para pedir a sabedoria para o viver (Tg 1.5), ou para a intercesso necessria, diante da batalha espiritual (EF 6.18). Mas, tambm vale a pena orar a orao da (Tg 5.15), pois a orao do justo eficaz e muito pode (Tg 5.16).
Vale a pena orar, por ser a forma como Deus escolheu atuar na histria: Deus nada faz sem revelar a seus servos (Am 3.7), e o faz para suscitar intercesso, como o fez com Abrao (Gn 18.16-18). Foi como o apstolo Paulo entendeu que deveria agir, a partir do discernimento que recebeu (At 27.21-24). Vale a pena orar diante de qualquer situao, porque o querer de Deus mais extenso, abrangente e inclusivo do que qualquer ser humano capaz de imaginar!
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Ariovaldo Ramos escritor, articulista e conferencista sobre a misso da igreja. Foi presidente da AEVB (Associao Evanglica Brasileira), missionrio da SEPAL e presidente da Viso Mundial no Brasil. Atualmente um dos presbteros da Comunidade Crist Reformada, em So Paulo (SP).

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Ariovaldo Ramos escritor, articulista e conferencista sobre a misso da igreja. Foi presidente da AEVB (Associao Evanglica Brasileira), missionrio da SEPAL e presidente da Viso Mundial no Brasil. Atualmente um dos presbteros da Comunidade Crist Reformada, em So Paulo (SP).

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