Pecado social: o que estamos fazendo com o planeta Terra? 3454r

Em entrevista ao jornal LOsservatore Romano, o bispo Gianfranco Girotti, regente do Tribunal da Penitenciria Apostlica do Vaticano, sugeriu que em vez de apenas se adotar uma concepo individualista na noo de pecado, se adotasse uma concepo social -- uma vez que certos pecados agridem no apenas o pecador em si, mas a uma grande poro de pessoas (s vezes chegando escala mundial).

Voc pode ofender a Deus, diz o bispo, no apenas roubando, tomando o nome do Senhor em vo ou cobiando a mulher do prximo, mas tambm destruindo o ambiente, levando a cabo experincias cientficas discutveis.

A Agncia Catlica de Notcias no deu muito valor histria e classificou a fala do bispo como sendo uma nova lista de sete pecados sociais. Imediatamente, e com o entusiasmo tpico, a imprensa mundial sugeriu que os antigos sete pecados capitais haviam sido substitudos por esta nova lista.

Naturalmente, no se pode aderir exagerada apropriao feita pela mdia, a partir de um argumento razovel. A Igreja Catlica no mudou seu pensamento ou ou a defender novas formas de pecados capitais.

No entanto, se olharmos objetivamente a observao do bispo, veremos que, em algum ponto, o que ele diz faz sentido e merece uma sria considerao.

Tomemos, por exemplo, a poluio ambiental. O bispo apontou para isto, mas no h dvida que existe um mal moderno que tem trazido consequncias destrutivas para o ambiente em todo o planeta.

Uma das descobertas do ser humano que ele responsvel pelos recursos deste mundo criado por Deus. Somos responsveis pelo bem-estar fsico do planeta em que vivemos. Um dos primeiros captulos de Gnesis diz que Deus colocou o homem no jardim para cultiv-lo e guard-lo (Gn 2.15). As palavras do hebraico para cultivar e guardar tambm podem ser traduzidas como servir e preservar.

Mais tarde, o povo do Antigo Testamento cria que a terra pertencia primeiramente a Deus e o povo que vivia nela deveria ser tal como mordomo de confiana. Ao Senhor Deus pertencem o mundo e tudo o que nele existe; a terra e todos os seres vivos que nela vivem so dele (Sl 24.1).

Este conceito organizava a poltica e a estrutura social de Jud e de Israel. Havia leis que protegiam a terra do mau uso e da m mordomia e regras para quem ousasse tomar a terra que no era sua por direito -- mesmo no caso do prprio rei Davi.

Os escritores do Novo Testamento pensavam da mesma maneira, assumindo que a terra e tudo o que fora produzido nela eram ddivas de Deus humanidade e o ser humano era responsvel por mant-la em ordem.

A mordomia da terra foi originada em tempos pr-cristos e vlida para a igreja em todos os tempos. Costuma-se atribuir a Martinho Lutero a seguinte afirmao: Deus [...] est presente em tudo, por toda a criao, em cada parte dela e em todos os lugares. E Joo Calvino escreve mais objetivamente: Deixe a noo de que eles so mordomos de Deus tomar conta de tudo o que eles possuem. Ento no se conduziro dissolutamente e, tampouco, corrompero as coisas que Deus requer que sejam preservadas.

Como o conceito de mordomia valioso hoje, quando nossa estrutura social verdadeiramente global! De repente, poucas pessoas ainda precisam ser convencidas de que a devastao dos recursos e a falta de cuidado com a preservao esto realmente prejudicando o planeta Terra -- chegando at o ponto de no haver mais como corrigir o problema. O bispo Girotti tem razo -- o estrago feito s pessoas e comunidades ao redor do mundo um pecado.

No existem respostas simples. Arrependimento e confisso so o comeo, mas deve haver a reparao. Ento, talvez, o ressurgimento do conceito da mordomia vai nos levar de volta ao trilho certo. De fato, a Terra pertence a Deus e temos de servir e preservar este bem precioso para nossa prpria sobrevivncia.

Bruce Tulloch (The War Cry, Inglaterra). Publicado originalmente na Revista Rumo.


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Jesus e a Terra, James Jones