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O prximo, o distante e o ignorado g392y

Foto: AgNos dias de Jesus, s se fazia o que permitia a estrutura legal e rejeitava-se o que era proibido por essa estrutura. O legalismo, imposto pela estrutura religiosa, era a norma oficial da moral do povo. Tinha-se chegado, por exemplo, a estabelecer, partindo da lei religiosa, que a lei do culto leia-se como lei do templo ou da igreja , primava sobre qualquer lei. Este foi o contexto em que nasceu a parbola do bom samaritano: um homem necessitado de ajuda, cado no caminho, mais morto que vivo, sem direitos reconhecidos, violentado em sua dignidade de pessoa, ferido e nu, abandonado pelos cumpridores da lei (sacerdotes e levitas, servidores da religio) e em troca socorrido por um ilegal samaritano. A bem dizer, algum que no podia entrar no templo e no tinha boas relaes com judeus. Ele um distante, um estranho, mas a a ser modelo exemplar oferecido ao religioso cristo.

Somente Lucas conservou para ns esta parbola no seu Evangelho. Jesus, por sua vez, devolve a pergunta para que o letrado religioso pesquise a lei codificada, sua especialidade. Ele encontrar a resposta no amor. O religioso culto, citando de memria as Escrituras (Dt 6.5 e Lv 19.18), faz uma sntese do contedo dos 613 preceitos religiosos (cerca de 430 negativos: no fars) sobre como amar a Deus e ao prximo sob a lei deuteronmica, encontrada tambm no Thalmud e no Midrash (da palavra derash, procurar).

Comportamentos de conduta so conhecidos como halakah, um conjunto de preceitos gerais. Jesus, porm, responde de acordo com a Torah, o pentateuco os cinco primeiros livros, conforme a verso grega Septuaginta , como foi perguntado. Jesus aprova a resposta da tradio bblico-teolgica rabnica.

O letrado interroga novamente, porque no Levtico o prximo o israelita ascendente histrico do judeu , e no Deuteronmio, este ttulo est reservado unicamente para pessoas do meio cultural e religioso judaico. Jesus, em vez de discutir e entrar em desafios sem sadas, procura no semear novas teorias e interpretaes perante a lei antiga, e sua prtica. Prope uma parbola como exemplo vivo de quem o prximo, e constri um midrash, ou um sermo exemplar sobre os significados do amor.

Quando dizemos que a descrio do samaritano esplndida, nesta parbola de Jesus com referncias a posses materiais do samaritano bem-posto: azeite, vinho, cavalgadura, dinheiro para ajudar um pobre infortunado que encontra ferido e abandonado no caminho , nos aproximamos de questes bsicas. Bem-postos economicamente, religiosos, desprendimento, solidariedade da parte de quem prope esforo pessoal no socorro dos enfraquecidos, sob sistemas polticos e econmicos egostas e injustos, e disponibilidade para assistir despojados e violentados da sociedade humana em todos os tempos e lugares. O samaritano comivo e solidrio um homem rico. Um homem cheio de amor pelo prximo, seja ele quem for.

A histria humana caracterizada por uma interminvel sucesso de negaes do amor ao prximo, diz Bernhard Haring. Os resultados da intolerncia so feridas abertas, excluso e marginalizao, gerando o abandono e morte social dos mais pobres, feridos em sua dignidade (dignitatis = direitos fundamentais). S o amor transforma a justia codificada, que privilegia quem j privilegiado, em justia igualitria, comiva, situacional, concreta. Especialmente quando nos deparamos com emergncias e prioridades. Notadamente quando a vida humana est em perigo de morte.

O amor transforma a justia em verdade tica inquestionvel, porque a deciso tomada sob sua influncia , originalmente, gratuidade e a compaixo pelo fraco. Justia sem amor necessariamente injustia, porque o amor no remove, mas simplesmente estabelece a justia, disse Paul Tillich. A justia sem amor ignora a solidariedade, misericrdia ou compaixo.

O prximo jorra da mesma fonte, resultado da terra; filho da sociedade humana, e se relaciona com o mundo da mesma maneira que eu. o prximo, imagem e ddiva de Deus, ao mesmo tempo. Todos os valores relacionais ideais constituem ponto de partida anterior justia codificada. Dizem respeito vida de todos. O prximo nos comunica: sou um corpo concreto, e tu me conheces na materialidade compartilhada da vida. Cremos que a concretude da vida um fato que no deve ser esquecido, para que no caiamos em abstraes e redues do corpo do prximo. Diria Rubem Alves: o prximo, corporificado, vale mais que todas as verdades que anunciam sua pequenez; o corpo aguarda a conscincia de que somos iguais. O corpo mais sbio do que a cabea, o crebro.

Emmanuel Lvinas, pensador judeu moderno, diz: Deus vem ao meu pensamento quando vejo o outro, o prximo. Na face do outro est o rosto transcendente de Deus (cf. Mt 25.38). Tambm judeu, Martin Buber dizia: O outro (o prximo) no um isto, mas um tu. Tenho comentado sobre a relao Eu/Tu, equao amorosa criada por Buber, lembrando: Eu sou tu quando me olhas, e Tu sou eu quando te olho.

Muitos agnsticos, e at mesmo ateus, deparam-se com a parbola evanglica sobre a solidariedade amorosa apontada em Lucas (10.25-37), e reconhecem que no h futuro para a dignidade humana num mundo tomado pela impiedade, seno pela compaixo e solidariedade. Para os cristos, o evangelho oferece a oportunidade de compartilhar a experincia de Deus com o mundo do prximo, atravs da solidariedade, reconhecendo-o como o nosso Tu. Esta oportunidade, por si mesma, reflete o amor e a experincia de Deus. Num s momento.

A fora potente do amor energiza e d capacidade de lutar, de proteger, socorrer, vestir, alimentar e curar o prximo. Diz a cano de Carlinhos Lyra: Sabe voc o que o amor? No sabe? Eu sei./ Sabe gostar? Qual sabe nada, sabe, no./ Voc sabe o que uma flor? No sabe, eu sei. / Voc j chorou de dor? Pois eu chorei. / J chorei de mal de amor, j chorei de compaixo./ Quanto a voc meu camarada, qual o qu, no sabe no./ Voc no tem alegria, nunca fez uma cano, / Por isso a minha poesia voc no rouba no.

Agostinho, na antiguidade, confessava: O meu amor o meu peso; onde quer que eu v, ele me conduz e me faz inclinar. Esse peso citado por Jesus: Vinde a mim, todos os que esto cansados e sobrecarregados, e eu aliviarei vocs. Tomem sobre vocs a minha carga e aprendam, porque sou manso e humilde de corao; e acharo descanso. Porque o meu peso (amor) suave, e o meu fardo leve (Mt 11.28-30). Uma metfora magnfica da compaixo, da ternura, da solidariedade que nos une ao que sofre, na experincia de Deus em Jesus.

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pastor emrito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como Pedagogia da Ganncia" (2013) e "O Drago que Habita em Ns (2010).
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