Opinio 3pp3w
20 de outubro de 2011
- Visualizaes: 3813
2 comentrio(s)
- +A
- -A
-
compartilhar
Igreja lar, escola, hospital e corao 1h1q28

quando se esquece as certezas, quando se acha ridculo as antigas emoes, quando a experincia transcendente parece nunca ter acontecido. Porm, aconteceu.
domingo. A sinfonia dos pssaros prepara-se para acordar mais uma manh. As flores sorriem nos gramados e as rvores j comeam a danar. Algumas ptalas deitam-se ao cho e formam um tapete para o vento ar. O sol do novo dia alfineta as casas com os seus raios e um deles j entra pela minha janela. Ao sair sinto-o na pele e contemplo a sua luz.
Fazemos um curto trajeto. Na subida da rua, algumas famlias se encontram e adentram os portes de ferro juntamente conosco. Ouvem-se vozes at a chegada da porta. Do lado de dentro, um reverente silncio. Os cnticos de contrio alternam-se aos de comunho. Gosto dos momentos de msica e tambm de apertar a mo dos que esto ao meu lado e me desejam a paz; mas aprecio igualmente o momento em que nos colocamos de joelho e um pequenino sino faz-nos baixar as cabeas. H a fila dos que comungam, a beno final que insisto em imitar, as pessoas que vo frente fazer a leitura e as palavras que pouco entendo no decorrer da explicao, pois o celebrante guarda um forte sotaque holands em sua fala. Aquele franzino senhor me ensinaria, entretanto, um pouco sobre humilhao. Em dias de Semana Santa, deitado, testa ao cho, estirava-se no meio da igreja, como se diante do bom e terrvel Deus estivesse.
Ainda domingo de manh. A campainha toca e corro com a minha Bblia, caderno e lpis dentro de uma bolsinha a tiracolo. As amigas, quase da mesma idade, chamam-me para mais uma escola bblica dominical. Ao chegarmos, vemos o regente que entoa um cntico do hinrio na frente da igreja. Dividimos as classes em seguida e, na reunio infantil, mais msica, palmas, gestos e sorrisos. Na sala, a professora explica cuidadosamente a lio que por alguns domingos estudaremos. Lemos alto um versculo bblico que repetiremos ao longo da semana, oramos por um alvo em comum e nos dirigimos ao templo. H dias em que damos as mos para uma orao comunitria, h aqueles em que depois da ceia comemos o que sobrou da mesa. Brincamos no ptio e em seguida voltamos para a casa. Seno, vamos almoar na casa de amigo, irmo, parente que gentilmente nos convida.
Um domingo de manh. Vamos juntas, depois de anos, a uma igreja perto de nossa casa. Nas outras vezes vou s. No h mais uma mo a me conduzir ou um grupo de amigas a me chamar, preciso trilhar meus caminhos sozinha, inclusive esse. Machuquei-me, desiludi-me, perdi o gosto, a f, a fora e demorei para reconhecer isso; mas os sinais continuam ali.Abraam-me na entrada, ouo o cntico de incio, escuto a mensagem, entendo o contedo e pouco a pouco caem meus cacos. Faz-me de novo. Lava-me a mente, limpa-me a alma. Novamente me ensina o que entoar uma cano congregacional. Por um milagre posso senti-lo outra vez. Lembra-me da comunho, dos elementos da celebrao, dos versos memorizados, dos joelhos dobrados, das mos dadas. Emociono-me.
De repente ergue-se o santurio e, dentro dele, pensamentos e sentimentos, mos dadas brincam de rodopiar ao som da cantiga de roda que ele canta para eles. E porque de mos dadas, e porque embalados por envolvente som, podem por vezes sentir as sacudidelas e, em outras, at tombar; porm, ambos se sustentam, ou melhor, so sustentados. Outros santurios os apoiam, verdadeira sustentao que ele criou. No domingo, entram todos juntos na grande casa, e ali so edificados. Alguns a chamam de lar, outros de escola ou hospital. Contudo, todos que l se encontram concordam que tudo comea em um mesmo e outro lugar, o qual, convencionalmente, achamos por bem chamar corao.
__________
Mariana Furst tem 29 anos, mestre em teoria literria e assistente editorial da editora Ultimato
20 de outubro de 2011
- Visualizaes: 3813
2 comentrio(s)
- +A
- -A
-
compartilhar
QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 223i1k
Ultimato quer falar com voc.
A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.

Leia mais em Opinio 2l1v6s

Opinio do leitor 1t5dh
Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta necessrio estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o ou seu cadastro.
Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em ltimas 6ik57
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu h...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e Histria
- Casamento e Famlia
- Cincia
- Devocionrio
- Espiritualidade
- Estudo Bblico
- Evangelizao e Misses
- tica e Comportamento
- Igreja e Liderana
- Igreja em ao
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Poltica e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Srie Cincia e F Crist
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Crist
Revista Ultimato 5z423b
+ lidos 1s1q68
- A bno de ter avs e de ser avs
- Francisco, Samuel Escobar memria e honra
- Adolescncia: No preciso uma segunda temporada
- Os Jardins do den e a Sombra de Abel: uma jornada pela aposentadoria
- F, transformao social e incluso vida e obra de Jos de Souza Marques
- Abel e Zacarias: encontrando misso na aposentadoria avanada
- Paul Tournier e a Bblia
- Ser ou no ser me: eis a questo
- Filme Jesus traduzido para a 2.200 lngua, o Bouna
- 29 Mutiro Mundial de Orao por crianas e adolescentes socialmente vulnerveis chegou!