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Opinio 3pp3w

A crise tica do pas e da igreja 5211c

Srie Democracia e F Crist
Por Robinson Cavalcanti*
A tica se transformou em tema nacional e a falta de tica em manchete diria da grande imprensa. Nada do que se denuncia novo.
Novidade a denncia, os processos e a possibilidade de punio, alm da indignao popular. Contrariando a tradio nacional, integrantes das elites sentam-se nos bancos dos rus.
Nos regimes ditatoriais isso no seria possvel: a censura proibiria a publicidade das denncias e toda crtica seria tida como subverso.
A democracia implica em liberdade de opinio e transparncia e deve, pela participao dos cidados, construir instituies slidas que dificultem a tentao e condenem os infratores, inclusive os poderosos.
Fragilidade tica
A fragilidade tica tem razes em nossa histria. Os portugueses deixavam a tica no porto de Lisboa alm do Equador no h pecado em seu empreendimento predatrio. Sem mulheres, sem sogras, sem clrigos, no tinham mecanismos de controle social para implementar a tica catlica romana-ibrica. O aprisionamento de indgenas e africanos, levava a uma crise dos sistemas de valores daqueles povos. Construmos uma nao sobre os escombros de trs sistemas morais, e nada foi colocado em seu lugar.
Nossa realidade intimista, ritual folclrica foi alm da conscincia de pecados veniais. amos a valorizar o antivalor: feio no errar, mas ser incompetente e deixar-se flagrar. Nossos smbolos foram o Macunama (o heri sem carter), o personagem Jos Dias (do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis), a lei de Gerson (levar vantagem em tudo) e o jeitinho (eternos atalhos da vida). Com as leis impostas de fora e de cima (as leis deles...) amos a ter prazer em burl-las.
Em um estado de base patrimonial e estamental a tica das relaes com o poder se baseia em princpios como: Todos so iguais, mais alguns so mais iguais que outros, e Para os amigos (e parentes) tudo, para os inimigos a Lei.
No lugar dos fatos, valorizamos os papis impressos, timbrados, selados, carimbados, com firma reconhecida. a civilizao cartorial do faz de contas documental.
No pas que exterminou os ndios e os escravos negros, as elites descendentes dos donatrios acham normal a tortura dos pobres.
Sabemos que a corrupo no apangio dos parlamentares (por ns eleitos), mas est em todos os nveis, sendo a nica coisa socializada no Brasil.
Quem atiraria a primeira pedra?
Fracasso dos sistemas
Ao longo da nossa Histria, igrejas, partidos e intelectuais, procuraram fazer frente nossa crise tica, com vrios sistemas importados, dentre eles:
  • o moralismo: valorizando apenas a ascese individual (catolicismo pr-conciliar, protestantismo posterior);
  • o positivismo: baseado na razo de Estado, em um progresso dentro da ordem (militares);
  • o tradicionalismo: a razo do Estado baseado na tradio religiosa e na autoridade patriarcal (integralista, TFP);
  • o revolucionarismo: a relativao dos valores baseados na ordem atual para sua absolutizao na ordem futura;
  • o reformismo: a promoo dos valores individuais e sociais no progresso possvel (sociais democratas, democratas cristos, o protestantismo inicial);
  • o hedonismo: o valor do usufruir do material agora (existencialistas, hippies, neoanarquistas).

Com a crise da modernidade, esto no mercado brasileiro de ideais:
  • o neo-hedonismo pequeno burgus: o individualismo e o consumismo dentro do sistema capitalista e do neoliberalismo (yuppies, gerao shopping center);
  • o neomoralismo: nova nfase na ascese pessoal e na tica das microrrelaes (religies orientais, movimentos carismticos, pastorais, familiares);
  • a tica cultural revalorizada: a promoo da tica do homem comum e das maiorias trabalhadoras e cumpridoras de seus deveres (psicanalista Jurandir Freire).

Malgrado as boas intenes e xito localizados, os sistemas ticos no conseguiram maiores resultados.
tica e pecado
A Bblia ensina que o pecado atingiu a natureza dos seres humanos e das instituies por elas criadas. Todos caram. No h ningum bom. As obras da carne marcam a nossa deficincia de carter, a nossa ambiguidade moral.
Escrevendo aos Romanos (1.28-32), Paulo ensina que os homens adquiriram uma mente incapaz para o discernimento do correto, em virtude de terem desprezado o conhecimento de Deus: Desse modo eles fazem o que no deveriam fazer: esto cheios de todo tipo de injustia... engenhosos do mal... eles no s os cometem, mas tambm aprovam quem se comportam assim.
Os cristos, portanto, no deveriam ficar chocados com os pecados sociais, pois j deveriam ter entendido a sua presena no ensinamento bblico. Os cristos, contudo, no deveriam estar no lado dos pecados sociais, mas deveriam se envolver na sua preveno e no seu combate.
Cristos corruptveis
Os cristos evanglicos tm enfatizado a necessidade de converso, de regenerao, de novo nascimento, de nova vida no Esprito. Cremos que no h outra sada.
No obstante, cristos evanglicos que prosperaram tambm tm se envolvido em escndalos polticos nacionais.
E ainda Paulo adverte que nem todos so cristos espirituais (maduros) mas muitos permanecem carnais (imaturos). Algumas causas para esses comportamentos antiticos seriam:
  • o despreparo para a vida pblica, como resultado da falta de ensino sobre os pecados sociais e a tica social, por igrejas que advogam a alienao poltica, o moralismo individual e as batalhas espirituais no acompanhadas das batalhas histricas (sociais).
  • o pecado do orgulho espiritual, em que grupos cristos que se consideram melhores, mais puros, mais espirituais que outros. Os escndalos polticos seriam pedagogia de Deus para a humildade e a sade do corpo.

Uma autocrtica dos cristos evanglicos o que se espera diante de to desconfortveis revelaes.
Obstculos a vencer
O estrelismo, o culto s personalidades, a fogueira de vaidades e a deslealdade na liderana do povo de Deus no concorre para a maturidade tica. O mesmo se diga da manuteno, no conjunto de nossas comunidades, dos dois pecados de estimao dos protestantes: a falta de amor, que nos torna socialmente insensveis, e a maledicncia, que encheriam as prises de fiis se os crimes dela decorrentes (calnia, injria, difamao) fossem realmente punidos entre ns.
A luta pela tica na poltica um momento positivo na vida brasileira. O envolvimento de cristos em episdios escusos e a fragilidade de nossa reao so sinais preocupantes.

Somos o sal da terra e a luz do mundo?

*Artigo publicado originalmente na revista Ultimato, edio 227, maro de 1994.

Foi bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Poltica teoria bblica e prtica histrica e A Igreja, o Pas e o Mundo desafios a uma f engajada. Faleceu no dia 26 de fevereiro de 2012 em Olinda (PE).
  • Textos publicados: 29 [ver]

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