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23 de agosto de 2021
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Uma "parquia" global 451x1p

Por Luiz Fernando dos Santos

Vocs no dizem: Daqui a quatro meses haver a colheita? Eu lhes digo: Abram os olhos e vejam os campos! Eles esto maduros para a colheita (Joo 4.35).

A tentao do paroquialismo no novidade na igreja crist. Os primeiros discpulos pareciam muito vontade com a dinmica da vida em Jerusalm. As visitas cotidianas ao templo, os grupos domsticos e uma atmosfera sobrenatural que os envolvia faziam a comunidade sentir-se muito confortvel com aquela vida paroquial. Entretanto, para dar cumprimento Grande Comisso, Deus serviu-se do martrio de Estvo e da perseguio que o sucedeu para dispersar os discpulos, que saram mundo a fora falando de Jesus onde quer que pusessem as plantas dos ps.

A tentao de definir e esgotar a misso da igreja em torno de si mesma acompanha a histria do cristianismo. Claro, a comunidade uma realidade estvel, local e que deve servir edificao e ao treinamento dos santos. Entretanto, a agem de um organismo vivo para uma organizao petrificada muito fcil de acontecer e, no raras vezes, para atender as demandas e as presses locais, criamos estruturas complexas, com alto custo de manuteno e difcil de istrar. Essa estrutura pode tornar mais fcil a misso da igreja, mas tambm pode dificult-la e exigir para a sua existncia a maior parte dos recursos humanos e financeiros.

John Wesley, pai do metodismo, certa vez afirmou que a sua parquia era o mundo. Com isso queria indicar que o seu compromisso era fazer da igreja uma realidade em estado permanente de misso que avanasse para cada vez mais longe do centro paroquial, como crculos homocntricos (concntricos) que se ampliam em um lago espraiado, do centro para o transbordar nas margens. A igreja local precisa constantemente repensar as suas estruturas, o fim a que elas se destinam, a razo de ser e como ela efetivamente participa da obra que Deus realiza no mundo para implantar e expandir o seu Reino de justia e amor.

A parquia precisa tirar os olhos de si mesma, olhar para os campos brancos mais ao longe e procurar saber o que significam os movimentos polticos, econmicos e culturais no mundo. Seguramente, cada evento traz consigo um desafio, uma inquirio aos cristos e inevitavelmente uma oportunidade para servir, testemunhar e proclamar o Senhorio de Jesus. Enquanto a igreja deve dedicar-se sua vida orgnica, adorao, catequese, ensino, servio etc., pensando no crescimento qualitativo e quantitativo, no pode deixar de exercitar essa conscincia em ser cada vez mais uma igreja global. Essa conscincia comea por romper com o lugar comum em muitas igrejas deconceber as misses como uma realidade extempornea com eventos especiais, dissociados do dia a dia da comunidade. Absolutamente.

Existem prticas que, se assumidas pela igreja como inerentes s suas atividades, podem fomentar e dar maior consistncia formao dessa conscincia global cada vez mais profunda. A primeira coisa a se fazer ensinar, luz das Escrituras, na pregao, a partir do plpito, a igreja a ler os sinais dos tempos, discernir os acontecimentos da histria, sabendo que tudo est ligado com tudo e o que acontece do outro lado do mundo no demora, bate s nossas portas, vide pandemia, respondendo a cada coisa com o esprito de Cristo. Conhecer o mundo e o que nele acontece um bom comeo para se entender como Deus age e como podemos participar desse seu agir.

Depois, tomar conhecimento das foras missionrias. O que est acontecendo na base, quais os desafios enfrentados no treinamento, recrutamento e sustento de obreiros. Tomar conhecimento dos avanos, dos perigos e das derrotas dos missionrios em seus campos e nos deixar tocar por isso. Uma vez tocados, orar especificamente por tudo o que tomamos conhecimento. Fazer da orao por misses parte integrante dos momentos centrais da atividade da igreja para que um esprito de intercesso e clamor se estabelea.

Um gesto muito concreto exigido pelos que se importam o da contribuio. Contribuir para as misses deve ser um compromisso assumido liberalmente por cada membro, mas a direo da igreja tambm pode e deve pensar a contribuio regular para as misses como uma despesa (?), como um especial investimento da comunidade.

Para que essa conscincia cresa com consistncia e no se perca num esprito de euforia ageira, criar um conselho missionrio que mobilize permanentemente a igreja e que desperte o interesse e, se Deus quiser, novas vocaes para os campos do Senhor.

Abrir o corao e as portas da igreja para acolher missionrios para um tempo de descanso, cuidado pastoral e mutualidade certamente far grande diferena e impactar os irmos.

E, por ltimo e no menos importante, enviar missionrios locais e participar de projetos missionrios de maneira efetiva.

Esses os fornecem igreja local uma estrutura intelectual, moral e espiritual que a torna capaz de agir localmente sem se perder em um ativismo infantil e estril, comprometendo-se cada vez com a obra que Deus vem realizando nos quatro cantos da terra.

>> Conhea o lanamento O Propsito de Deus e a Nossa Vocao, de Timteo Carriker

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Da misso transcultural misso integral

Para entender a misso toda preciso tambm tratar da Bblia toda

Luiz Fernando Dos Santos

Luiz Fernando dos Santos(1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminrio Presbiteriano do Sul e no Seminrio Teolgico Servo de Cristo.

Textos publicados: 105 [ver]

+Evangelizao e Misses +Igreja e Liderana

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