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16 de fevereiro de 2022
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Treze possveis respostas ao movimento missionrio moderno 3q4p1r
Por Rafael Zulato Lanfraff e Fernanda Schimenes
O livro A Misso da Igreja Hoje fruto de um curso de introduo missiologia ministrado pelo autor por 25 anos. O contedo teve forte influncia da obra Misso Transformadora de David Bosch. De acordo com Goheen, a obra uma tentativa de produzir um material mais breve e de mais fcil compreenso, porm contemplando todos os tpicos propostos por Bosch. No Brasil, foi publicado pela Editora Ultimato em parceria com o Martureo e o Seminrio Teolgico Servo de Cristo em 2019.
Alm da introduo, o livro tem trs partes:
1. Reflexo bblica e teolgica sobre misso;
2. Reflexo histria e contempornea sobre misso;
3. Temas atuais na misso hoje.
Confira aqui o resumo da introduo e da primeira parte da obra e, a seguir, o da segunda parte.
Parte 2 Reflexo histrica e contempornea sobre misso
Captulo 3 Paradigmas histricos da misso
Primeiro necessrio diferenciar misso de misses:
Misses diz respeito ao impacto da igreja no mundo no cristo avanando at culturas que no receberam ainda o evangelho; algo relacionado ida em direo ao estrangeiro.
Misso toda a vida da igreja testemunhando o evangelho integral no mundo todo.
Dessa forma, a histria da misso se caracteriza no pela expanso do cristianismo de uma localizao e cultura para outra localizao e cultura (e a maior parte da literatura trata de histrias contadas sobre as misses), mas pela observao de como houve uma difuso cultural do evangelho, ou seja, como a igreja cumpriu a sua misso dentro da cultura em que ela est inserida. Obviamente a expanso do evangelho ainda algo significativo e central na histria da misso, contudo, no deve ser confundida com a histria da misso em si.
Goheen prope, ento, outra maneira de identificar o desenvolvimento histrico da misso: atentando-se aos paradigmas. Paradigma seria uma forma de compreender e praticar a misso em determinado contexto histrico. Desse modo, em cada momento da histria eventos importantes causaram uma mudana ssmica, a partir da qual a igreja teve de rever a sua compreenso de si mesma e da sua misso e se adaptar na histria. So essas mudanas de paradigma que orientam tal desenvolvimento histrico. Uma das formas de contar a histria da misso de Andrew Walls e Samuel Escobar a seguinte: (1) judaica (uma igreja judaica em misso), (2) helenstico-romana, (3) brbara, (4) europeia ocidental, (5) Europa em expanso e recesso crist e (6) transmisso intercultural (mudana do cristianismo para o sul). Aps apresentar diversas formas de dividir a histria da misso por meio de paradigmas, o autor decide por utilizar um modelo baseado em quatro paradigmas:
1. da igreja primitiva;
2. da cristandade;
3. do iluminismo;
4. o paradigma ecumnico.
Captulo 4 Um paradigma ecumnico emergente da misso
A partir da ideia de um cristianismo que abrange todo o mundo e todas as culturas, que questes precisariam ser levadas em considerao diante dessas mudanas? Goheen, como David Bosch em Misso Transformadora, desenvolve possveis respostas ao movimento missionrio moderno (novo paradigma ecumnico).
1. Misso em todos os seis continentes, para todos eles e de todos eles em resposta misso unidirecional.
2. Missiologia da cultura ocidental como resposta misso exclusivamente intercultural No leva em conta apenas as misses interculturais, mas o impacto do evangelho dentro de uma cultura.
3. Eclesiologia missionria como resposta separao de misso e igreja.
4. Contextualizao como resposta a um evangelho exclusivamente ocidental Como se d a incorporao fiel do evangelho em cada cultura? Como pode haver um s evangelho e, ainda assim, muitas expresses culturais fiis?
5. Missio Dei como resposta misso antropocntrica.
6. Libertao com resposta ao desenvolvimento (imposto e baseado em estruturas injustas).
7. Misso na fraqueza e no sofrimento como uma resposta misso que vem da fora (de uma cultura superior).
8. Misses como parceria em resposta a misses como tarefa da igreja ocidental.
9. Salvao holstica como resposta salvao espiritualizada ou humanista.
10. Unidade como resposta proliferao de tradies denominacionais Um ecumenismo mais amplo ofuscaria a centralidade de Cristo? Qual a possibilidade de uma unidade autntica, verdadeiramente bblica? As instituies denominacionais podem transcender sua autopreservao?
11. Teologia das religies como resposta superioridade do cristianismo ocidental A realidade destes ltimos sculos mostra que o cristianismo tem se deparado com as outras religies do mundo graas globalizao. As demais religies no minguaram (como alguns previam), encontraram novos adeptos e cresceram em todas as partes do mundo, fazendo-se necessrio um olhar para as Escrituras de como o cristianismo deve lidar com as demais religies.
12. Misso urbana global em vez de misses em aldeias do terceiro mundo.
13. Misso pentecostal como um complemento misso catlica e protestante.
Goheen encerra o captulo analisando brevemente cinco tradies missionrias e teolgicas.
1. Tradio ecumnica protestante
representada institucionalmente pelo Conselho Mundial de Igrejas (WCC, sigla em ingls) e sua vertente missionria a Comisso de Misso Mundial e Evangelismo (CWME, sigla em ingls).
Estreita conexo entre misso e unidade.
Ateno cuidadosa s questes contemporneas: globalizao, ps-modernidade e pluralismo.
Desejo de ser relevante pode levar assimilao dos dolos contemporneos?
Alguns acreditam que a preocupao com o social tenha ofuscado o evangelismo.
O mundo define a agenda da igreja?
2. Tradio evanglica protestante
Saiu do Conclio Missionrio Internacional (IMC) quando ele se juntou ao WCC em 1961.
Congresso Internacional de Evangelizao Mundial (1974, Lausanne, Sua) evento decisivo Pacto de Lausanne.
Evangelismo tem prioridade sobre a preocupao social.
Desejo de localizar e alcanar os chamados povos no alcanados (PNAs).
Dimenses csmica e coletiva do evangelho podem ser negligenciadas?
Medo do sincretismo (tradio conciliar/ecumnica) refora formas mais antigas de ortodoxia.
3. Tradio catlica romana
Conclio Vaticano II (1962-1965) foi um divisor de guas uma srie de novos documentos emergiram, como o Decreto da Atividade Missionria da Igreja (AG; Ad Gentes ou s Naes [1965]).
Teologia contempornea gira em torno de uma srie de temas: misso trinitria, proclamao, libertao, dilogo, inculturao, misso holstica e misso para a cultura moderna.
Inculturao criticar a cultura, mas tambm se apropriar de seus bons elementos.
Atividade missionria assunto de todos os cristos.
Dilogo inter-religioso.
Re-evangelizao ou nova evangelizao da igreja na cultura ocidental (nominais).
Rica crtica cultura ocidental moderna: secularizao, pluralismo, globalizao e consumismo.
4. Tradio ortodoxa oriental
Igrejas ocidentais tm a viso de que os ortodoxos se retiraram do engajamento missional consequncia do proselitismo forado catlico e protestante, de terem vivido sob regimes opressivos (comunismo ateu e regimes islmicos)?
Desde 1950, interesse missional renovado: envolvimento com o WCC e com a CWME.
Misso nasce do amor de Deus pelo mundo.
nfase na encarnao e na ressurreio.
Para alguns da tradio ortodoxa, especialmente na unidade da igreja que a tradio ortodoxa v sua misso (rompimento em 1054) desunio escndalo e obstculo.
Testemunho por meio da incorporao da mensagem que proclama e por meio da liturgia (abordagem individualista ofusca dimenses csmica e escatolgica do reino).
5. Tradio pentecostal
Pentecostais representam mais de 25% de todos os cristos e pouco menos de 10% de toda populao mundial (e continuam crescendo).
Crtica s teologias orientadas ao ocidente moldadas pelo Iluminismo Corretivo para as tradies clssicas da f crist?
Temas importantes da misso pentecostal: proclamao, urgncia escatolgica e Esprito Santo (ES).
O ES prepara a igreja para o evangelismo mundial.
Falta de uma teologia robusta: misses mais traduzidas em ao que codificadas.
Desafia tambm o naturalismo: necessidade de confrontar as foras sobrenaturais destrutivas que se opem iniciativa missionria.
Mais urbana que rural, mais feminina que masculina, mais do Sul global (66%), mais empobrecida (87%) que abastada: no tem os desafios de estar no status quo.
Culto exuberante e participativo, adorao entusistica.
Captulo 5 Uma anlise da igreja global
Goheen analisa a igreja crist global com o objetivo de entender os problemas que enfrenta em sua misso nas vrias partes do mundo.
Alguns dados iniciais a seguir.

Dados de 2015 do Pew Research Center.
Segundo consta no livro, dos que se declaram cristos:
1,2 bilho so catlicos romanos;
500 milhes so protestantes;
360 milhes so independentes (pentecostais no ocidentais cuja diversidade dificulta a caracterizao);
280 milhes so ortodoxos;
90 milhes so anglicanos.
A mudana mais notvel que ocorreu na igreja que hoje ela majoritariamente do Sul global: a maioria dos cristos no branca, nem europeia, nem euramericana. Entender a crescente igreja no Sul importante porque ela prover liderana para a igreja global do sculo 21.
frica subsaariana
Cristos representavam 10% da populao em 2010 e hoje so mais de 60%, quase meio bilho de pessoas.
Crescimento das igrejas pentecostais e das Igrejas Nativas Africanas (AICs, sigla em ingls): h talvez mais de 10 mil delas reunindo mais de um tero dos cristos africanos.
AICs: revelaes diretas, cura, nfase no poder espiritual. Tudo isso provoca muitas opinies diferentes. Seriam uma expresso contextualizada do cristianismo na cultura africana?
Apesar do aumento de teologias contextuais africanas e telogos africanos bem-preparados, so necessrias uma contextualizao autntica e uma teologia africana fiel, alm de formao teolgica consistente.
H ainda muitos povos no alcanados na maioria dos pases.
Necessidade de unidade, pois h mais de 15 mil denominaes.
Casos de Aids (5% da populao africana soropositiva), pobreza, corrupo, estruturas globais injustas, aumento das favelas O que a igreja deve fazer diante disso?
Outro problema diz respeito violncia fruto do ado tribal e do conflito com o isl.
sia
Havia cerca de 22 milhes de cristos em 1900 e hoje j mais de 360 milhes (cerca de 8% da populao).
Crescimento da igreja na China, na Coreia do Sul (nao no ocidental que envia mais missionrios interculturais), nas Filipinas (populao mais de 90% crist) e at mesmo em Bangladesh, no Cambodja e no Vietn.
Dentre os principais desafios:
Enorme populao e ainda o pequeno percentual de cristos.
Trs maiores religies no crists esto enraizadas na sia: pluralismo religioso demanda um dilogo inter-religioso.
Cerca de 75% dos grupos de PNAs esto na sia.
7 das 10 maiores cidades do mundo e mais de 200 megacidades.
No sul da sia, 60% da populao vive em favelas.
Trfico de drogas, trfico humano e comrcio sexual.
Amrica Latina
Dois grandes grupos: catlicos romanos e evanglicos (protestantes tradicionais, evanglicos e pentecostais).
Catlicos romanos:
So maioria apesar de o nmero dos que se declaram catlicos ter diminudo de 80% para 67% entre 1995 a 2014 (segundo o instituto Latinobarmetro), porm muitos no frequentam a igreja.
Vaticano II serviu como base para a Teologia da Libertao.
Renovao carismtica na dcada de 1970, crescimento do nmero de comunidades eclesiais de base (CEBs).
Evanglicos:
Crescimento significativo nas ltimas dcadas, especialmente dos pentecostais: evanglicos somam mais de 90 milhes (17% da populao da Amrica Latina).
Influncia da Teologia da Prosperidade.
Discipulado inadequado e formao inconsistente de boa parte da liderana.
Influncia na poltica.
Alguns desafios da igreja latino-americana:
Estruturas econmicas, polticas e sociais injustas.
Necessidade de uma unidade eclesial.
Lderes bem treinados.
Necessidade de uma compreenso aprofundada da relao do evangelho e da vida pblica.
O Oriente Mdio e o Norte da frica
Bero do cristianismo, a partir do sculo 7 a regio se tornou o principal palco do islamismo. Hoje, a regio tem apenas cerca de 18 milhes de cristos (1% da comunidade crist global) dispersos entre 330 milhes de muulmanos. (Confira aqui a situao dos cristos na Palestina atual.)
Os oito pases da OPEP praticamente no tm cristos nativos, por exemplo.
Predomnio do cristianismo ortodoxo (mais de 80%).
Ambiente de hostilidade e perseguio aos cristos.
Pacfico
3 grandes regies (Melansia, Micronsia e Polinsia) abrangem milhares de ilhas com 34 milhes de pessoas e so praticamente ignoradas nas discusses sobre o cristianismo global atual.
Esforo missionrio no sculo 19 por catlicos e protestantes: hoje, 90% dos ilhus identificam-se como cristos.
Aceitar o evangelho significa abraar um novo centro religioso para a vida coletiva.
Falta de profundidade de contextualizao e discipulado (nominalismo): no se trata de substituir a cultura tribal e a religio primitiva por uma verso europeia da f crist.
Futuro bastante incerto.
Leste europeu
Impossvel tratar dessa regio sem abordar o perodo comunista uma vez que o Leste Europeu viveu 3 fases recentemente: (1) Estado em favor da igreja crist dando-lhe posio instituda, (2) Estado hostil f crist (poca comunista) e (3) igreja em uma cultura que ignora a f crist ao mesmo tempo que permite que ela floresa no mbito privado (hoje).
Necessidade de cura entre aqueles que colaboraram e os que no (e com isso sofreram) com o regime.
Apesar do aumento do nmero de cristos, em muitas partes do Leste Europeu as igrejas esto tentando reafirmar o poder que detinham antes da era comunista: sinfonia (termo ortodoxo que designa relao ideal entre igreja e Estado).
Perigo de uma identificao mais com ideias nacionalistas do que com ideias do reino de Deus.
O Oeste (Europa, Amrica do Norte, Austrlia e Nova Zelndia)
A igreja na Europa est magra, mas viva Igreja em declnio, vulnervel ao esprito desta era.
Maioria reivindica o ttulo de crist, mas poucos participam da comunho da igreja (celebraes).
Secularizao do Ocidente com o Iluminismo (cosmoviso humanista) encontro com a cultura deve ser profeticamente crtico.
Nos Estados Unidos, parece haver, diferente do que na Europa, uma secularidade controlada: acomodao do evangelho ao humanismo secular, especialmente relegando-o s esferas individual e privada.
Cristianismo em declnio da Nova Zelndia e na Austrlia.
Outros problemas: crescente pluralismo religioso, marketing da religio, perda da gerao mais jovem, cultura do consumo (de entretenimento, inclusive) que leva apatia.
Rafael Zulato Langraff bacharel em Teologia com especializaes em Sociologia e Filosofia, alm de acumular formao na rea musical. Professor em alguns seminrios, tambm escritor. Esse texto foi extrado e adaptado por Fernanda Schimenes (editora do Martureo) de um trabalho ele que realizou em cumprimento s exigncias da disciplina Teologia de Misso do Master of Divinity (M.Div.) do Seminrio Teolgico Servo de Cristo.
Artigo originalmente publicado por Martureo.com. Reproduzido com permisso.

Alm da introduo, o livro tem trs partes:
1. Reflexo bblica e teolgica sobre misso;
2. Reflexo histria e contempornea sobre misso;
3. Temas atuais na misso hoje.
Confira aqui o resumo da introduo e da primeira parte da obra e, a seguir, o da segunda parte.
Parte 2 Reflexo histrica e contempornea sobre misso
Captulo 3 Paradigmas histricos da misso
Primeiro necessrio diferenciar misso de misses:
Misses diz respeito ao impacto da igreja no mundo no cristo avanando at culturas que no receberam ainda o evangelho; algo relacionado ida em direo ao estrangeiro.
Misso toda a vida da igreja testemunhando o evangelho integral no mundo todo.
Dessa forma, a histria da misso se caracteriza no pela expanso do cristianismo de uma localizao e cultura para outra localizao e cultura (e a maior parte da literatura trata de histrias contadas sobre as misses), mas pela observao de como houve uma difuso cultural do evangelho, ou seja, como a igreja cumpriu a sua misso dentro da cultura em que ela est inserida. Obviamente a expanso do evangelho ainda algo significativo e central na histria da misso, contudo, no deve ser confundida com a histria da misso em si.
Goheen prope, ento, outra maneira de identificar o desenvolvimento histrico da misso: atentando-se aos paradigmas. Paradigma seria uma forma de compreender e praticar a misso em determinado contexto histrico. Desse modo, em cada momento da histria eventos importantes causaram uma mudana ssmica, a partir da qual a igreja teve de rever a sua compreenso de si mesma e da sua misso e se adaptar na histria. So essas mudanas de paradigma que orientam tal desenvolvimento histrico. Uma das formas de contar a histria da misso de Andrew Walls e Samuel Escobar a seguinte: (1) judaica (uma igreja judaica em misso), (2) helenstico-romana, (3) brbara, (4) europeia ocidental, (5) Europa em expanso e recesso crist e (6) transmisso intercultural (mudana do cristianismo para o sul). Aps apresentar diversas formas de dividir a histria da misso por meio de paradigmas, o autor decide por utilizar um modelo baseado em quatro paradigmas:
1. da igreja primitiva;
2. da cristandade;
3. do iluminismo;
4. o paradigma ecumnico.
Captulo 4 Um paradigma ecumnico emergente da misso
A partir da ideia de um cristianismo que abrange todo o mundo e todas as culturas, que questes precisariam ser levadas em considerao diante dessas mudanas? Goheen, como David Bosch em Misso Transformadora, desenvolve possveis respostas ao movimento missionrio moderno (novo paradigma ecumnico).
1. Misso em todos os seis continentes, para todos eles e de todos eles em resposta misso unidirecional.
2. Missiologia da cultura ocidental como resposta misso exclusivamente intercultural No leva em conta apenas as misses interculturais, mas o impacto do evangelho dentro de uma cultura.
3. Eclesiologia missionria como resposta separao de misso e igreja.
4. Contextualizao como resposta a um evangelho exclusivamente ocidental Como se d a incorporao fiel do evangelho em cada cultura? Como pode haver um s evangelho e, ainda assim, muitas expresses culturais fiis?
5. Missio Dei como resposta misso antropocntrica.
6. Libertao com resposta ao desenvolvimento (imposto e baseado em estruturas injustas).
7. Misso na fraqueza e no sofrimento como uma resposta misso que vem da fora (de uma cultura superior).
8. Misses como parceria em resposta a misses como tarefa da igreja ocidental.
9. Salvao holstica como resposta salvao espiritualizada ou humanista.
10. Unidade como resposta proliferao de tradies denominacionais Um ecumenismo mais amplo ofuscaria a centralidade de Cristo? Qual a possibilidade de uma unidade autntica, verdadeiramente bblica? As instituies denominacionais podem transcender sua autopreservao?
11. Teologia das religies como resposta superioridade do cristianismo ocidental A realidade destes ltimos sculos mostra que o cristianismo tem se deparado com as outras religies do mundo graas globalizao. As demais religies no minguaram (como alguns previam), encontraram novos adeptos e cresceram em todas as partes do mundo, fazendo-se necessrio um olhar para as Escrituras de como o cristianismo deve lidar com as demais religies.
12. Misso urbana global em vez de misses em aldeias do terceiro mundo.
13. Misso pentecostal como um complemento misso catlica e protestante.
Goheen encerra o captulo analisando brevemente cinco tradies missionrias e teolgicas.
1. Tradio ecumnica protestante
representada institucionalmente pelo Conselho Mundial de Igrejas (WCC, sigla em ingls) e sua vertente missionria a Comisso de Misso Mundial e Evangelismo (CWME, sigla em ingls).
Estreita conexo entre misso e unidade.
Ateno cuidadosa s questes contemporneas: globalizao, ps-modernidade e pluralismo.
Desejo de ser relevante pode levar assimilao dos dolos contemporneos?
Alguns acreditam que a preocupao com o social tenha ofuscado o evangelismo.
O mundo define a agenda da igreja?
2. Tradio evanglica protestante
Saiu do Conclio Missionrio Internacional (IMC) quando ele se juntou ao WCC em 1961.
Congresso Internacional de Evangelizao Mundial (1974, Lausanne, Sua) evento decisivo Pacto de Lausanne.
Evangelismo tem prioridade sobre a preocupao social.
Desejo de localizar e alcanar os chamados povos no alcanados (PNAs).
Dimenses csmica e coletiva do evangelho podem ser negligenciadas?
Medo do sincretismo (tradio conciliar/ecumnica) refora formas mais antigas de ortodoxia.
3. Tradio catlica romana
Conclio Vaticano II (1962-1965) foi um divisor de guas uma srie de novos documentos emergiram, como o Decreto da Atividade Missionria da Igreja (AG; Ad Gentes ou s Naes [1965]).
Teologia contempornea gira em torno de uma srie de temas: misso trinitria, proclamao, libertao, dilogo, inculturao, misso holstica e misso para a cultura moderna.
Inculturao criticar a cultura, mas tambm se apropriar de seus bons elementos.
Atividade missionria assunto de todos os cristos.
Dilogo inter-religioso.
Re-evangelizao ou nova evangelizao da igreja na cultura ocidental (nominais).
Rica crtica cultura ocidental moderna: secularizao, pluralismo, globalizao e consumismo.
4. Tradio ortodoxa oriental
Igrejas ocidentais tm a viso de que os ortodoxos se retiraram do engajamento missional consequncia do proselitismo forado catlico e protestante, de terem vivido sob regimes opressivos (comunismo ateu e regimes islmicos)?
Desde 1950, interesse missional renovado: envolvimento com o WCC e com a CWME.
Misso nasce do amor de Deus pelo mundo.
nfase na encarnao e na ressurreio.
Para alguns da tradio ortodoxa, especialmente na unidade da igreja que a tradio ortodoxa v sua misso (rompimento em 1054) desunio escndalo e obstculo.
Testemunho por meio da incorporao da mensagem que proclama e por meio da liturgia (abordagem individualista ofusca dimenses csmica e escatolgica do reino).
5. Tradio pentecostal
Pentecostais representam mais de 25% de todos os cristos e pouco menos de 10% de toda populao mundial (e continuam crescendo).
Crtica s teologias orientadas ao ocidente moldadas pelo Iluminismo Corretivo para as tradies clssicas da f crist?
Temas importantes da misso pentecostal: proclamao, urgncia escatolgica e Esprito Santo (ES).
O ES prepara a igreja para o evangelismo mundial.
Falta de uma teologia robusta: misses mais traduzidas em ao que codificadas.
Desafia tambm o naturalismo: necessidade de confrontar as foras sobrenaturais destrutivas que se opem iniciativa missionria.
Mais urbana que rural, mais feminina que masculina, mais do Sul global (66%), mais empobrecida (87%) que abastada: no tem os desafios de estar no status quo.
Culto exuberante e participativo, adorao entusistica.
Captulo 5 Uma anlise da igreja global
Goheen analisa a igreja crist global com o objetivo de entender os problemas que enfrenta em sua misso nas vrias partes do mundo.
Alguns dados iniciais a seguir.

Dados de 2015 do Pew Research Center.
Segundo consta no livro, dos que se declaram cristos:
1,2 bilho so catlicos romanos;
500 milhes so protestantes;
360 milhes so independentes (pentecostais no ocidentais cuja diversidade dificulta a caracterizao);
280 milhes so ortodoxos;
90 milhes so anglicanos.
A mudana mais notvel que ocorreu na igreja que hoje ela majoritariamente do Sul global: a maioria dos cristos no branca, nem europeia, nem euramericana. Entender a crescente igreja no Sul importante porque ela prover liderana para a igreja global do sculo 21.
frica subsaariana
Cristos representavam 10% da populao em 2010 e hoje so mais de 60%, quase meio bilho de pessoas.
Crescimento das igrejas pentecostais e das Igrejas Nativas Africanas (AICs, sigla em ingls): h talvez mais de 10 mil delas reunindo mais de um tero dos cristos africanos.
AICs: revelaes diretas, cura, nfase no poder espiritual. Tudo isso provoca muitas opinies diferentes. Seriam uma expresso contextualizada do cristianismo na cultura africana?
Apesar do aumento de teologias contextuais africanas e telogos africanos bem-preparados, so necessrias uma contextualizao autntica e uma teologia africana fiel, alm de formao teolgica consistente.
H ainda muitos povos no alcanados na maioria dos pases.
Necessidade de unidade, pois h mais de 15 mil denominaes.
Casos de Aids (5% da populao africana soropositiva), pobreza, corrupo, estruturas globais injustas, aumento das favelas O que a igreja deve fazer diante disso?
Outro problema diz respeito violncia fruto do ado tribal e do conflito com o isl.
sia
Havia cerca de 22 milhes de cristos em 1900 e hoje j mais de 360 milhes (cerca de 8% da populao).
Crescimento da igreja na China, na Coreia do Sul (nao no ocidental que envia mais missionrios interculturais), nas Filipinas (populao mais de 90% crist) e at mesmo em Bangladesh, no Cambodja e no Vietn.
Dentre os principais desafios:
Enorme populao e ainda o pequeno percentual de cristos.
Trs maiores religies no crists esto enraizadas na sia: pluralismo religioso demanda um dilogo inter-religioso.
Cerca de 75% dos grupos de PNAs esto na sia.
7 das 10 maiores cidades do mundo e mais de 200 megacidades.
No sul da sia, 60% da populao vive em favelas.
Trfico de drogas, trfico humano e comrcio sexual.
Amrica Latina
Dois grandes grupos: catlicos romanos e evanglicos (protestantes tradicionais, evanglicos e pentecostais).
Catlicos romanos:
So maioria apesar de o nmero dos que se declaram catlicos ter diminudo de 80% para 67% entre 1995 a 2014 (segundo o instituto Latinobarmetro), porm muitos no frequentam a igreja.
Vaticano II serviu como base para a Teologia da Libertao.
Renovao carismtica na dcada de 1970, crescimento do nmero de comunidades eclesiais de base (CEBs).
Evanglicos:
Crescimento significativo nas ltimas dcadas, especialmente dos pentecostais: evanglicos somam mais de 90 milhes (17% da populao da Amrica Latina).
Influncia da Teologia da Prosperidade.
Discipulado inadequado e formao inconsistente de boa parte da liderana.
Influncia na poltica.
Alguns desafios da igreja latino-americana:
Estruturas econmicas, polticas e sociais injustas.
Necessidade de uma unidade eclesial.
Lderes bem treinados.
Necessidade de uma compreenso aprofundada da relao do evangelho e da vida pblica.
O Oriente Mdio e o Norte da frica
Bero do cristianismo, a partir do sculo 7 a regio se tornou o principal palco do islamismo. Hoje, a regio tem apenas cerca de 18 milhes de cristos (1% da comunidade crist global) dispersos entre 330 milhes de muulmanos. (Confira aqui a situao dos cristos na Palestina atual.)
Os oito pases da OPEP praticamente no tm cristos nativos, por exemplo.
Predomnio do cristianismo ortodoxo (mais de 80%).
Ambiente de hostilidade e perseguio aos cristos.
Pacfico
3 grandes regies (Melansia, Micronsia e Polinsia) abrangem milhares de ilhas com 34 milhes de pessoas e so praticamente ignoradas nas discusses sobre o cristianismo global atual.
Esforo missionrio no sculo 19 por catlicos e protestantes: hoje, 90% dos ilhus identificam-se como cristos.
Aceitar o evangelho significa abraar um novo centro religioso para a vida coletiva.
Falta de profundidade de contextualizao e discipulado (nominalismo): no se trata de substituir a cultura tribal e a religio primitiva por uma verso europeia da f crist.
Futuro bastante incerto.
Leste europeu
Impossvel tratar dessa regio sem abordar o perodo comunista uma vez que o Leste Europeu viveu 3 fases recentemente: (1) Estado em favor da igreja crist dando-lhe posio instituda, (2) Estado hostil f crist (poca comunista) e (3) igreja em uma cultura que ignora a f crist ao mesmo tempo que permite que ela floresa no mbito privado (hoje).
Necessidade de cura entre aqueles que colaboraram e os que no (e com isso sofreram) com o regime.
Apesar do aumento do nmero de cristos, em muitas partes do Leste Europeu as igrejas esto tentando reafirmar o poder que detinham antes da era comunista: sinfonia (termo ortodoxo que designa relao ideal entre igreja e Estado).
Perigo de uma identificao mais com ideias nacionalistas do que com ideias do reino de Deus.
O Oeste (Europa, Amrica do Norte, Austrlia e Nova Zelndia)
A igreja na Europa est magra, mas viva Igreja em declnio, vulnervel ao esprito desta era.
Maioria reivindica o ttulo de crist, mas poucos participam da comunho da igreja (celebraes).
Secularizao do Ocidente com o Iluminismo (cosmoviso humanista) encontro com a cultura deve ser profeticamente crtico.
Nos Estados Unidos, parece haver, diferente do que na Europa, uma secularidade controlada: acomodao do evangelho ao humanismo secular, especialmente relegando-o s esferas individual e privada.
Cristianismo em declnio da Nova Zelndia e na Austrlia.
Outros problemas: crescente pluralismo religioso, marketing da religio, perda da gerao mais jovem, cultura do consumo (de entretenimento, inclusive) que leva apatia.
Rafael Zulato Langraff bacharel em Teologia com especializaes em Sociologia e Filosofia, alm de acumular formao na rea musical. Professor em alguns seminrios, tambm escritor. Esse texto foi extrado e adaptado por Fernanda Schimenes (editora do Martureo) de um trabalho ele que realizou em cumprimento s exigncias da disciplina Teologia de Misso do Master of Divinity (M.Div.) do Seminrio Teolgico Servo de Cristo.
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