Opinio 3pp3w
09 de setembro de 2009
- Visualizaes: 54927
6 comentrio(s)
- +A
- -A
-
compartilhar
Sndrome de aletofobia e cultura da represso 4l1u4c
Que ironia! A razo instrumental ancorada no ideal de progresso do Aufklrung produziu esta realidade sociocultural marcada pela desorizontalizao radical do senso tico da existncia humana em direo ao futuro da Histria: Para onde estamos caminhando?
A busca pela verdade das coisas (sua heurstica racional) deu ensejo a uma configurao sociocultural de acomodao moral de uma existncia humana conformada na etologia da mentira. Neste contexto, parece no haver outra coisa a ser feita a no ser celebrar a morte do tico na festa da carne da sociedade do prazer e da mentira: comamos e bebamos, que amanh morreremos. O consumismo na sociedade da mentira reflete o processo de presentificao das possibilidades hednicas inaugurado na e pela sociedade que matou Deus, a esperana da f e a possibilidade de viver na verdade ancorado pelo e traditivo das crenas fundamentais da cristandade.
Qual ser o futuro da espiritualidade crist numa configurao de existncia como esta?
O seu futuro ainda imprevisvel. Mas o seu presente parece ser sintomtico: a espiritualidade evanglica brasileira (que se diz crist) pouco fala da verdade, e pouco exige dos seus adeptos uma adaptao tica ao ethos da verdade. A hedonizao de sua espiritualidade desenvolveu nos seus adeptos uma alergia verdade, tanto em sua configurao comunicacional quanto na socioexistencial. Vive-se muito de etiqueta a!
Mas na psicologia da existncia da f crist no existe a possibilidade de se desenvolver a sndrome de aletofobia. Nela a interao dos diferentes no se realiza na base de uma exigncia moral neurotizante: preciso ser perfeito... necessrio ser bonito pra vingar a interao!. Pois todos os que vivem nela so aceitos como so, e carecem do perdo acolhedor do Deus que reconciliou consigo mesmo, em Cristo, todas as coisas, diz o apstolo Paulo. Lamentavelmente, o complexo de autorrejeio a protena que alimenta a sndrome de aletofobia.
Na verdade, na verdade, porm, [eu] te digo, dizia sempre Jesus de Nazar a todos que, como Nicodemos, se escondiam da verdade para alimentar a psicologia da mentira de uma existncia vazia.
No h cura para o ser humano fora da verdade, assegura a f crist. Por esta razo a aletheia compreendida nela como verdade participativa. A culpa o reflexo psicolgico da autorrejeio eclodida numa configurao cultural de represso tica em que impera o mandamento: sede perfeitos na dinmica da interao. A f crist, contudo, no comporta o ideal de perfeio de uma cultura religiosa que produz deformaes tanto na subjetividade quanto na intersubjetividade humanas.
A perfeio moral no um quesito tico para a isso psicolgica de relao eu-tu na f crist. A interao scio-afetiva deve acontecer de modo autntico nela, i.e., deve ser compreendida como interao dos imperfeitos. Isto significa dizer que viver a verdade na f crist implica ser liberto da tortura psicolgica de uma cultura de represso, bem como de uma cultura da represso. Pois foi para viver na liberdade com responsabilidade que Cristo nos libertou, diz o apstolo Paulo.
Notas
1. Conceito de Gaston Bachelard usualmente referido na epistemologia contempornea. 2. O conceito subjetivo tem seu correlato a nvel socioestrutural (secularizao objetiva) para este socilogo.
3. Aletofobia um conceito que agrega as palavras gregas aletheia e fobos. Portanto, ele significa literalmente medo da verdade.
4. Dficit ontolgico: uma carncia ontolgica constitutiva que se evidencia na interao eu-tu ou eu-isso.
5. Ver um artigo de minha autoria publicado na Ciberteologia: Revista de Teologia & Cultura, edio 22, intitulado: tica do prazer e sociedade ateizante: uma anlise socioteolgica.
Anderson Clayton, casado, dois filhos, doutor em teologia e doutorando em sociologia. professor do Instituto Superior de Teologia Luterana e pastor colaborador na Igreja Confessional Luterana.
A busca pela verdade das coisas (sua heurstica racional) deu ensejo a uma configurao sociocultural de acomodao moral de uma existncia humana conformada na etologia da mentira. Neste contexto, parece no haver outra coisa a ser feita a no ser celebrar a morte do tico na festa da carne da sociedade do prazer e da mentira: comamos e bebamos, que amanh morreremos. O consumismo na sociedade da mentira reflete o processo de presentificao das possibilidades hednicas inaugurado na e pela sociedade que matou Deus, a esperana da f e a possibilidade de viver na verdade ancorado pelo e traditivo das crenas fundamentais da cristandade.
Qual ser o futuro da espiritualidade crist numa configurao de existncia como esta?
O seu futuro ainda imprevisvel. Mas o seu presente parece ser sintomtico: a espiritualidade evanglica brasileira (que se diz crist) pouco fala da verdade, e pouco exige dos seus adeptos uma adaptao tica ao ethos da verdade. A hedonizao de sua espiritualidade desenvolveu nos seus adeptos uma alergia verdade, tanto em sua configurao comunicacional quanto na socioexistencial. Vive-se muito de etiqueta a!
Mas na psicologia da existncia da f crist no existe a possibilidade de se desenvolver a sndrome de aletofobia. Nela a interao dos diferentes no se realiza na base de uma exigncia moral neurotizante: preciso ser perfeito... necessrio ser bonito pra vingar a interao!. Pois todos os que vivem nela so aceitos como so, e carecem do perdo acolhedor do Deus que reconciliou consigo mesmo, em Cristo, todas as coisas, diz o apstolo Paulo. Lamentavelmente, o complexo de autorrejeio a protena que alimenta a sndrome de aletofobia.
Na verdade, na verdade, porm, [eu] te digo, dizia sempre Jesus de Nazar a todos que, como Nicodemos, se escondiam da verdade para alimentar a psicologia da mentira de uma existncia vazia.
No h cura para o ser humano fora da verdade, assegura a f crist. Por esta razo a aletheia compreendida nela como verdade participativa. A culpa o reflexo psicolgico da autorrejeio eclodida numa configurao cultural de represso tica em que impera o mandamento: sede perfeitos na dinmica da interao. A f crist, contudo, no comporta o ideal de perfeio de uma cultura religiosa que produz deformaes tanto na subjetividade quanto na intersubjetividade humanas.
A perfeio moral no um quesito tico para a isso psicolgica de relao eu-tu na f crist. A interao scio-afetiva deve acontecer de modo autntico nela, i.e., deve ser compreendida como interao dos imperfeitos. Isto significa dizer que viver a verdade na f crist implica ser liberto da tortura psicolgica de uma cultura de represso, bem como de uma cultura da represso. Pois foi para viver na liberdade com responsabilidade que Cristo nos libertou, diz o apstolo Paulo.
Notas
1. Conceito de Gaston Bachelard usualmente referido na epistemologia contempornea. 2. O conceito subjetivo tem seu correlato a nvel socioestrutural (secularizao objetiva) para este socilogo.
3. Aletofobia um conceito que agrega as palavras gregas aletheia e fobos. Portanto, ele significa literalmente medo da verdade.
4. Dficit ontolgico: uma carncia ontolgica constitutiva que se evidencia na interao eu-tu ou eu-isso.
5. Ver um artigo de minha autoria publicado na Ciberteologia: Revista de Teologia & Cultura, edio 22, intitulado: tica do prazer e sociedade ateizante: uma anlise socioteolgica.
Anderson Clayton, casado, dois filhos, doutor em teologia e doutorando em sociologia. professor do Instituto Superior de Teologia Luterana e pastor colaborador na Igreja Confessional Luterana.
09 de setembro de 2009
- Visualizaes: 54927
6 comentrio(s)
- +A
- -A
-
compartilhar
QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 223i1k
Ultimato quer falar com voc.
A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.

Leia mais em Opinio 2l1v6s

Opinio do leitor 1t5dh
Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta necessrio estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o ou seu cadastro.
Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em ltimas 6ik57
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu h...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e Histria
- Casamento e Famlia
- Cincia
- Devocionrio
- Espiritualidade
- Estudo Bblico
- Evangelizao e Misses
- tica e Comportamento
- Igreja e Liderana
- Igreja em ao
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Poltica e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Srie Cincia e F Crist
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Crist
Revista Ultimato 5z423b
+ lidos 1s1q68
- Francisco, Samuel Escobar memria e honra
- F, transformao social e incluso vida e obra de Jos de Souza Marques
- Os Jardins do den e a Sombra de Abel: uma jornada pela aposentadoria
- Abel e Zacarias: encontrando misso na aposentadoria avanada
- Paul Tournier e a Bblia
- Ser ou no ser me: eis a questo
- Filme Jesus traduzido para a 2.200 lngua, o Bouna
- Gerao Z lidera reavivamento da igreja no Reino Unido
- A srie Adolescncia um grito de socorro
- Um panorama da distribuio da Bblia no Brasil nos ltimos 70 anos