ADVENTO: Ele vem! 4l3m12

Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amm. Ora vem, Senhor Jesus (Ap 22.20).

Iniciamos nesta semana o tempo litrgico do Advento. Dentro das fileiras evanglicas, mesmo nas igrejas reformadas ou as que preservam um patrimnio litrgico mais tradicional, h sempre alguma confuso e at desconforto em relao a este perodo do calendrio cristo.

Na maioria das vezes esta estao reduzida a uma simples preparao para o Natal, como se esperassem ainda a vinda de Jesus na gruta de Belm. Esta uma devota regresso simplria que empobrece a esperana crist. Muito embora o Advento tambm seja um tempo de leituras, oraes, hinos e pregaes que giram em torno das profecias do Antigo Testamento que nos prepararam para celebrar com maior gozo o evento da Encarnao do Verbo, na verdade ele ancora-se mais em um artigo do credo Niceno-constantinopolitano que fixa a seguinte proposio dogmtica:
E, por ns, homens, e para a nossa salvao, desceu dos cus: e encarnou pelo Esprito Santo, no seio de Maria virgem, e se fez homem. Tambm por ns foi crucificado sob Pncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras; E subiu aos cus, onde est sentado direita do Pai. E de novo h de vir, em sua glria, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino no ter fim.

Ento, o tempo litrgico que precede a solenidade do Natal antes a prtica eclesial da espera por Jesus. Estaramos ns convictos de que Ele voltar um dia? Estaramos ns como igreja e como cristos, individualmente, praticando esta espera? Jesus veio uma primeira vez, revestiu-se de humildade, fez-se pobre, vulnervel, assumiu a nossa limitao humana, sofreu fadiga, dor, fome. Chorou a perda de um amigo, sentiu o duro golpe da traio de um discpulo, angustiou-se em face do terror que o aguardava na cruz e por fim morreu a nossa morte. Tal era o sumo sacerdote que nos convinha, afirma a carta aos Hebreus, ante a tamanha solidariedade de Cristo com a nossa humanidade (Hb 5.7; 7.26). Ressuscitado ao terceiro dia e tendo ascendido aos Cus em um corpo transfigurado h de voltar um dia e agora tanto a sua aparncia como a sua condio sero completamente diferentes. Vir com poder invencvel, majestade indefectvel, glria imarcescvel e com absoluta autoridade para julgar os vivos e os mortos e estabelecer em definitivo o Reinado de seu Pai que no ter fim. Baslio, o grande, um eminente pai da Igreja definiu o cristo como aquele que vive em estado permanente de espera, de vigia, a cada dia e cada hora, sabendo que o Senhor vem.

Claro, pedagogicamente a igreja sempre entendeu que o Advento tambm um tempo kerigmtico, um tempo onde a Encarnao de Jesus Cristo o ponto de partida para se apresentar o plano da Redeno e se fazer o pleno anncio do Evangelho como o sintetizado por Joo: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unignito, para que todo aquele que nele cr no perea, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, no para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem cr nele no condenado; mas quem no cr j est condenado, porquanto no cr no nome do unignito Filho de Deus. E a condenao esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram ms (Jo 3.16-19).

Ento, o Advento cumpre uma dupla misso na Igreja. Em primeiro lugar devolve festa do Natal o seu sublime carter cristocntrico. Nos leva a testificar pelas Escrituras que as promessas feitas aos pais desde os primrdios: E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferir a cabea, e tu lhe ferirs o calcanhar (Gn 3:15), reafirmada muitas vezes pelos profetas: Portanto o mesmo Senhor vos dar um sinal: Eis que a virgem conceber, e dar luz um filho, e chamar o seu nome Emanuel (Is 7.14); e quando tempo se fez propcio: Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoo de filhos (Gl 4.4,5); Ele cumpriu a sua Palavra: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que Cristo, o Senhor (Lc 2.11). Esta a essncia do Natal que o Advento quer ajudar-nos a redescobrir e bem celebrar. A outra : E esperar dos cus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura (1 Ts 1.10) e ainda: E ento vero vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glria (Marcos 13:26). Mas tambm o Advento nos alerta: E, estando com os olhos fitos no cu, enquanto ele subia, eis que junto deles se pam dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o cu? Esse Jesus, que dentre vs foi recebido em cima no cu, h de vir assim como para o cu o vistes ir (At 1.10,11).

Esta espera no deve paralisar-nos. A nossa espera deve ser dinmica, ns O esperamos em atitude de viglia, orao e misso que o corao do Advento. Ele vem!

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