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Opinio 3pp3w

Sndrome de aletofobia e cultura da represso 4l1u4c

Anderson Clayton

Vivemos num mundo que ainda se considera herdeiro da filosofia da luzes (Aufklrung). O horizonte atual, no entanto, se apresenta de modo um tanto problemtico. Isto porque enquanto o discurso da modernidade arrogou para si a prerrogativa de querer libertar o ser humano da escura caverna em que a religio e a tradio no Ocidente o haviam colocado, a chamada ps-modernidade busca pacificar o horizonte conflituoso de coexistncia dos diferentes mundos representados pelo discurso tanto da cincia quanto da religio: aquele representando os valores da comunidade epistmica; este ltimo, arvorando a estaca inquebrvel das crenas subjetivas de uma razo intuitiva (Paul Tillich).

No ideal de progresso, a filosofia da cultura ocidental moderna preconizou sua vocao messinica ao propor o caminho de superao da etapa metafsica para a positiva, julgando deter, com isso, o poder de produzir a libertao humana das supersties pretensamente impingidas no invlucro teodoxogrfico da religio em seu e traditivo. O prprio Ren Descartes, um filsofo pr-iluminista, partiu do princpio de que o conhecimento humano est sujeito s mais diversas iluses, mas tem a obrigao de evitar que essas iluses o desviem do caminho da verdade e o faam mergulhar no erro (Ernst Cassirer).

A doutrina do pecado original, como sugeriu Cassirer, foi considerada um obstculo epistemolgico1 (e deveria ser combatida por isso) que poderia inviabilizar, caso no fosse malograda, o triunfo do ideal de progresso oriundo do esprito racional da filosofia das luzes. Ao buscar relativizar este dogma (pecado original), a filosofia do Aufklrung vicejou, na verdade, enaltecer o uso da razo instrumental quando esta se apropriou do mtodo demonstrativo de uma racionalidade emprica para se afirmar como nico modo de conceber, de forma vlida e irrefutvel (apodctivo), as proposies aletogrficas acerca do ser humano, das coisas e do mundo. A poltica de fomento descoberta cientfica, com o claro objetivo de revelar a verdade acerca das coisas existentes, foi a marca indelvel que caracterizou a cultura intelectual do mundo ocidental a partir do sculo 18.

Deste modo, temos em nosso horizonte analtico uma tese que consiste na afirmao de uma verdade necessria que possa dar subsdio hermenutico para se fazer manuteno de um ideal racional de existncia que se processa sob os predicados da razo que verifica e demonstra o que est por trs do buraco da fechadura.

O fato que o mundo mudou. A questo saber quais os desdobramentos desta mudana que ainda esto se processando em termos axiolgicos.

bem verdade que a disposio cognitiva de desautorizao epistemolgica das verdades centrais da f crist no Ocidente continua sendo a mesma que se percebia na filosofia do sculo 18. Jrgen Habermas acena para a morte do cristianismo (uma das grandes ideologias do Ocidente que naufragou nos tempos modernos) como um acontecendo histrico que tipifica a irrupo de uma era ps-metafsica.

No difcil relacionar a pulverizao moral dos valores axiolgicos provenientes da tradio judaico-crist derrocada da religio no mundo moderno, conforme nos assinalou a cientista poltica Hannah Arendt. A deseticizao do ethos societrio, claramente sugestionada atravs dos construtos vida lquida e morte do tico (Zygmunt Bauman), est relacionada diretamente aos declnios da religio crist e da etologia que a partir dela se tradificou no Ocidente. Mas a poltica de uma cultura de represso sempre esteve presente na civilizao crist-ocidental. Isto pode ser inferido afirmativamente, de acordo com Marcuse, do aforismo cristo: No princpio era o Logos, e no o Eros...

Ora, a desenvoltura psicocognitiva do eu-reflexivo em sua interao com a realidade social uma varivel sociolgica que se verifica crescente no contexto de um processo de destradiconalizao (Anthony Giddens) que vem acontecendo nas sociedades ocidentais como um todo. Nele, os postulados de uma secularizao subjetiva (Peter Berger)2 fincam sua estaca ao buscar uma racionalizao prospectiva da pretenso mundana de querer fazer da terra um paraso de gozo atemporal, mesmo sem o endosso teolgico da tradio religiosa.

neste princpio de plausibilizao poltica do Eros que a modernidade lquida (ou ps-modernidade) deu ensejo para se legitimar a engenharia da sndrome aletofbica.

H dois horizontes hermenuticos que se figuram na psicologia humana no mundo ps-freudiano: o do tanatos e o do Eros. No primeiro, a racionalidade do medo de privao produz instinto de morte para morte. A neurose o excedente patolgico (negativo) revelado na psicologia de confronto entre a potncia volitiva de um pessoa e a cultura de represso que priva sua operacionalizao (Paul Lawrence Assoun); no segundo, a racionalidade da entrega ao desejo (sndrome de consumismo) produz coragem de romper com os tabus que pretendem obliterar o horizonte hednico da psicologia de gratificao imediata.

A sndrome de aletofobia3 no pode ser pensada sem que ela seja, antes de tudo, lida luz do conceito de medo de alienao do ego. Porque temos medo da verdade? E porque optamos pela mentira?

Na estrutura psquica do medo derivado, o senso de vulnerabilidade ontolgica acaba despotenciando a insaciabilidade (pleonexia) de um ego (ps-religioso) no mais feito refm da cultura de represso. A poltica de transgresso do ego, no entanto, justifica sua legitimidade na operacionalizao do desejo de consumir o no permitido (erofania), o qual procura sua imunidade ontolgica na sociedade da total permissividade. O fenmeno da destradiconalizao mencionado acima no somente valida a morte do tico como fato inconteste que transcorre na sociedade do prazer, como tambm gera a demanda moral pela busca de caminhos que tornem sua ambio de consumo factvel e irrevogvel.
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