Sete lies que aprendi com a viva empreendedora 5u29z

... O que voc tem em casa?
Nada! Apenas um pouco de azeite.

... No temos mais nenhuma vasilha.
Ento, o azeite cessou.

O texto conta a histria de uma viva que recorre a um homem de Deus, em busca de ajuda. Seu marido, que acabara de morrer, era discpulo do profeta, era um homem justo e digno. Mas deixara a mulher endividada. E o credor, por direito legal, queria levar seus filhos para serem vendidos como escravos, a fim de quitar a dvida. Sua situao era desesperadora.

Primeira lio: homens que temem a Deus tambm fazem bobagem. Eles tambm contraem dvidas e muitas vezes podem colocar a famlia em situao crtica.

Segunda: a mulher sbia no se aconselha com qualquer um quando enfrenta um problema. Ela busca conselho com pessoas reconhecidas por sua idoneidade, trabalho honesto e por sua sabedoria. Como era o caso de Eliseu.

O profeta a orienta: pea muitas vasilhas emprestadas para seus vizinhos, v para casa, feche a porta, voc e seus filhos, e comece a encher, uma a uma, as vasilhas com azeite, a partir do nico frasco que voc tem. Ela o obedece.

Por que o profeta manda que ela feche a porta da casa antes de comear a presenciar o milagre? Por que Jesus diz para que fechemos a porta quando entrarmos para buscar a Deus, em nosso quarto?

Terceiro ponto: fechar a porta um smbolo de isolamento, mas tambm de proteo. O que vai acontecer ali dentro pertence ao Senhor e a mim, e a ningum mais. Fechar a porta me d liberdade para me despir, pois a mais ningum permitido o aos meus segredos, a minha intimidade, apenas ao Senhor.

Fechar a porta me ajuda a me concentrar, e me guarda de interferncias indevidas. Se o profeta vivesse hoje, talvez acrescentasse... e desligue o celular!

O profeta sabe que a hora sagrada, o momento em que Deus ir se revelar. Isso requer ateno e reverncia.

Porta fechada, o milagre da multiplicao do azeite vai comear. Uma a uma, as vasilhas so cheias de leo, como se repetiria alguns sculos mais adiante, com Jesus, na experincia da multiplicao dos pes e peixes. Os discpulos iam partindo e repartindo, e o po no acabava.

Ouvi uma vez uma pessoa explicando, de forma racional: o milagre se deu porque os que tinham pes, na multido, ofereceram o que tinham, e o que foi obtido com essas ofertas foi suficiente para suprir a todos e ainda sobrar.

Quem sabe os que emprestaram vasilhas para a viva necessitada as entregaram j com algum azeite dentro, e esse ato de generosidade foi o solo do qual brotou o milagre.
(Talvez essas alternativas acalmem os mais cticos.)

Mas chega uma hora em que acabam as vasilhas e o milagre cessa.

Ela, ento, volta ao profeta, que vira como que um consultor de negcios: agora venda o leo e pague sua dvida. Ainda vai sobrar dinheiro. Use para o seu sustento e de seus filhos. Ela, mais uma vez, o obedece.

Quarta lio: a multiplicao depende de uma matriz geradora e de uma oferta. O milagre nunca parte do zero, ele demanda uma unidade - um po, um peixe, um frasco de azeite.

A unidade que gera o milagre sempre se origina em ns, e no em Deus. Deus usa nossos recursos concretos como alicerce de sua obra ele usa o que temos, no o que gostaramos de ter. A mulher vulnervel tinha um frasco de azeite. isso o que ela oferece.

Quinta lio: o milagre fica limitado ao alcance de nossa f, que pode ser medida pelo nmero de vasilhas que estamos dispostos a coletar. Mais vasilhas, mais milagre. Terminam os recipientes, o milagre cessa.

Quantas vasilhas voc teria pedido? Cinco? Dez? Quarenta vasilhas? Pedir emprestado d trabalho, voc precisa percorrer toda a vizinhana, talvez cada casa lhe oferea uma vasilha, ou nenhuma, preciso gastar sola de sapato e ter uma boa dose de humildade.
Mas tudo comea mesmo com a oferta a Deus do nico e essencial recurso de que ela dispunha: seu frasco de azeite.

O azeite era essencial para cozinhar o po, o elemento da vida. O azeite tambm era essencial para ungir as pessoas, elemento essencial da vida espiritual. O azeite o smbolo de ambos, vida fsica e espiritual, e do Esprito Santo, elemento essencial da vida em plenitude.

Sexta lio: seja empreendedora. Venda o azeite.

Ainda havia um movimento a fazer: tornar-se uma comerciante. O milagre nos tira do trivial e nos empurra para o novo. A viva no era uma vendedora, mas se tornaria uma. Sua ao obediente salva sua famlia da escravido. Para proteger seus filhos, uma mulher vulnervel e s arregaa as mangas e se torna, em tempo recorde, uma empresria do ramo dos leos essenciais.

Stima e ltima lio: se estou diante da dvida, que um tipo de escravido, entrego a Deus meu nico recurso hoje, meu pote de azeite. Peo sabedoria e disciplina, como a desta viva empreendedora, para direcionar o resultado dessa entrega, que certamente ser um azeite abenoado e multiplicado.

Tudo o que entrego no altar de Deus, com um corao humilde, estou certa, pela f, que ser multiplicado e usado para o meu bem e de meus filhos, para que nunca tenhamos de ser escravos de nada.

Marilia de Camargo Cesar jornalista e escritora. Trabalha no Valor Econmico como editora-assistente.