Apoie com um cafezinho
Ol&aacute visitante!
Entrar Cadastre-se

Esqueci minha senha 14113k

  • sacola de compras

    sacola de compras 142f1e

    Sua sacola de compras est vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras 142f1e

    Sua sacola de compras est vazia.

Prateleira 3g3u5c

Robinson Cavalcanti: as alegrias e tristezas de um autor cristo 5m85f

H exatos 7 anos perdemos, de forma trgica, o professor, telogo e bispo anglicano, Robinson Cavalcanti, o mais longevo colaborador e colunistada revista Ultimato 27 anos.

Desnecessrio lembrar sua influncia sobre geraes de cristos brasileiros nos ltimos 40 anos. Robinson Cavalcanti soube, como poucos, integrar a vida pblica com a f, o ministrio pastoral com o magistrio acadmico, a erudio com a devoo.

Para celebrar e lembrar o seu legado, publicamos abaixo um de seus belos artigos, "Viver pensar: as alegrias e tristezas de um autor cristo", em resposta s muitas reaes dos leitores.

"Tenho procurado seguir a atitude de Lutero: estar sempre disposto retratao, desde que persuadido pelas Escrituras e pela razo".


Por Robinson Cavalcanti


Devo, publicamente, agradecer as observaes gentis (e generosas) que recebi de irmos e irms, de diversas regies do pas e de diversas denominaes, referentes ao texto sobre 40 anos de vida e ministrio publicado na edio anterior. Alguns leitores pediram que comente um pouco sobre reas e nfases que foram marcantes nessa trajetria.

A primeira rea foi, sem dvida, o evangelismo. Esse era o ttulo da coluna que escrevi por dez anos, a partir de 1979, no Jornal do Commrcio, em Recife, na poca o de maior circulao no Nordeste. Essa era a nfase dos dois programas de televiso dirigidos pelo pastor presbiteriano Joo Campos de Oliveira, de quem fui um leal colaborador. Essa era a nfase de um sem-nmero de acampamentos promovidos pela Aliana Bblica Universitria (ABU) e por movimentos denominacionais de mocidade, dos quais fui preletor. Essa era a nfase tambm dos sermes em igrejas, enterros, casamentos, colaes de grau e eventos de vrias naturezas na sociedade. Foram sempre ocasies em que o eixo da mensagem era o plano de salvao. Dou graas a Deus pelos filhos e filhas na f. Existencial e ministerialmente, continuo a ser, antes de tudo, um evangelista, proclamando as boas novas de Jesus Cristo como nico Senhor e Salvador.

A segunda rea foi a apologtica. Entre as camadas populares, os nossos ouvintes tinham a mente cheia de crendices, supersties e heresias. Entre o pblico universitrio, nos deparvamos com o positivismo, o existencialismo e o marxismo, frutos do iluminismo. A apresentao da f implicava uma defesa da f e uma ponte de comunicao com a mentalidade e os conceitos dos ouvintes. Tnhamos de conhecer essas idias. A filosofia e a histria, particularmente a histria da Igreja, foram ferramentas essenciais. A apologtica tem tambm um valor interno, para a prpria Igreja, que deve estudar as outras religies e se estudar, de forma interdisciplinar (teologia, filosofia, cincia), em uma tarefa epistemolgica a servio da verdade. lamentvel que, no geral, a Igreja tenha medo de se ver no espelho. Nunca senti o conflito entre cincia, filosofia e f. So mtodos de abordagem sistematizada da revelao, tanto natural quanto especial. Segui os conselhos de Paulo, no examinar de tudo e reter o que bom (1 Ts 5.21), e de Pedro, no estar preparado para dar a razo da f que h em ns (1 Pe 3.15). No h cincia atia, mas cientistas ateus, agnsticos ou crentes.

A terceira rea foi a eclesiologia e a missiologia, isto , a natureza e a misso da Igreja. Uma percepo histrica e universal da Igreja, uma abordagem dedutiva (do todo para a parte), que supere a tentao sectria, localista, isolacionista (e personalista) e afirme a Igreja, una, santa, catlica e apostlica, e, no nosso caso, reformada. Uma Igreja comunidade teraputica, comunidade docente, comunidade diaconal e comunidade proftica. A ABU, a Fraternidade Teolgica Latino-Americana e o Movimento de Lausanne me levaram adoo da teologia da misso integral da Igreja e a uma nfase em sua responsabilidade social, cultural e poltica. Adotei dois pensamentos-chaves: 1) No creio em vida crist que no comece com converso; no creio em converso que no termine em conscincia social (Wesley); 2) A tarefa dos cristos uma s: mudar o mundo (Finney). A alienao sociopoltica, o adesismo conservador, a participao com a ausncia de projeto e de tica, e o desconhecimento da doutrina do mandato cultural so obstculos para essa Igreja como agncia de transformao histrica.

A quarta rea foi a teologia da sexualidade. Por demanda dos estudantes e profissionais da ABU, diante da quase completa ausncia bibliogrfica, publiquei, em 1976, como trabalho pioneiro e de abordagem multidisciplinar, Uma Bno Chamada Sexo (com oito edies esgotadas), que me levou, por vrios anos, a receber convites para falar sobre o tema. Dez anos depois, incorporando novas pesquisas, mas fiel s mesmas convices, publiquei Libertao e Sexualidade. Vim a perceber, pelas reaes dos leitores, que o pblico evanglico havia mudado: de uma atitude de busca aberta e sincera para uma atitude de rigidez, de um s ponto de vista (neofundamentalista), a que foi exposto. Na ocasio, fui honrado com a publicao de um contra-livro, cujo objetivo no era uma discordncia intelectual, mas a desqualificao do autor, mesmo que para isso tenham sido usados critrios pouco ticos (frases isoladas, fora do contexto, citaes de autores como se fossem pensamentos meus, dedues absurdas etc.). Fiz um trabalho intelectual, honesto e sincero, no s lanando mo do instrumental analtico das cincias humanas, mas procurando demonstrar as limitaes do nosso etnocentrismo, em contraste com as vises que a Igreja teve em outras pocas, ou tem hoje em outros lugares, sobre essa temtica, particularmente os reformadores protestantes. Nessa rea, o protestantismo brasileiro, no geral, fez uma opo por uma pretensa reta doutrina (dogmatismo), que um conjunto ideolgico esttico, em que entram claros princpios bblicos misturados com vises culturais e de classe, fortemente influenciada pelo cinturo da Bblia (Bible belt) norte-americano.

Essa reta doutrina um tabu, de escassas implicaes pastorais para a vida e os dramas de milhes de pessoas. O resultado uma alienao entre o dogma, por um lado, e uma clandestinidade ertica dos cristos, por outro, com previsveis danos espirituais, ticos e emocionais. O neofundamentalismo e o liberalismo tm sido (at aqui) mais fortes. Pacincia. Um dia a igreja evanglica brasileira ter a coragem e a sinceridade de enfrentar essa temtica de forma desarmada e no-emocional.

Em todas essas quatro reas (ou em outras de menor militncia), nunca me vi, nem nunca pretendi ser um autor polmico, mas, simplesmente, um autor. O pesquisador aprende-se na universidade tem um compromisso com o que pesquisa, e no com a maneira como o resultado da pesquisa ser recebido. Isso significa honestidade intelectual e, no caso dos autores cristos, conscincia tranqila diante de Deus. Por outro lado, profetas no trabalham de olho em ibopes eclesisticos. O pensador, com sua histria de vida e seus estudos, vai produzindo e se posicionando. Isso difcil quando parece que a maioria prefere no tomar posies, repetir posies, importar posies ou silenciar (para sobreviver) s custas da transparncia. Dou graas a Deus por trs coisas, entre outras: 1) ter minha prpria fonte de renda secular (ser um fazedor de tendas), o que me tornou menos vulnervel aos sistemas eclesisticos; 2) ser um ministro da Igreja Anglicana, histrica e inclusiva; 3) ter amigos-irmos que fertilizaram um pensamento em construo.

Com humildade e seriedade (nas limitaes do humano-pecador), tenho procurado no enterrar talentos, mas obedecer ao Senhor em seu chamado. Todo discurso humano provisrio. Tenho procurado seguir a atitude de Lutero: estar sempre disposto retratao, desde que persuadido pelas Escrituras e pela razo. Caso contrrio, assim permaneo. E que Deus me ajude!

Artigo publicado originalmente na edio 285 da revista Ultimato.
Foi bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Poltica teoria bblica e prtica histrica e A Igreja, o Pas e o Mundo desafios a uma f engajada. Faleceu no dia 26 de fevereiro de 2012 em Olinda (PE).
  • Textos publicados: 29 [ver]

QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 223i1k

Ultimato quer falar com voc.

A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Leia mais em Prateleira 2z18n

Opinio do leitor 1t5dh

Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Ainda no h comentrios sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.