
A rigor, ainda vivemos sob a democracia abstrata dos filsofos da antiguidade: democracia s para as elites dominantes e os bem-postos da sociedade. Igrejas, transformando altares em palanque poltico, treinando fieis para o uso da urna, como vimos em recentes eleies, integrando o mundo das instituies ricas, de um modo geral antidemocrticas, compartilhando privilgios constitucionais na iseno de impostos sobre arrecadaes compulsrias ou espontneas (igrejas so grandes vendedoras e consumidoras de produtos religiosos), enquanto suas lideranas evanglicas apresentam-se como magnatas, usando dinheiro eclesistico
1. O seminarista ou o jovem evanglico j diz: Quero ser como ele, referindo-se a um destes lderes.
2Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador miditico, mais se tende a adotar um tom banal. Se algum se dirige a uma pessoa, em razo da vulnerabilidade intelectual, ela tender, com certa probabilidade, a uma resposta ou reao tambm desprovida de sentido crtico, dir Noam Chomsky. Comunicadores do (anti)evangelho miditico vo ao fundo da questo, com profundo conhecimento na manipulao dos atavismos existentes na natureza da prpria humanidade. A ganncia em primeiro lugar, antes do sexo e do poder.
O Evangelho, porm, faz gerar novos smbolos que se contraporo s formas de linguagem e aos modelos que sustentam a sociedade consumista, juntamente com os valores desumanos a que recorrem para justificar a competio desigual galopante.
O Evangelho remete esperana que nos mantm na ante-sala daquela casa transformado em centro teolgico, o seminrio em Cafarnaum (Marcos 9.30-37), aprendendo com Jesus a lio: No h nada no mundo que possa contra o homem que canta denunciando a misria, disse algum. Existem coisas profundas e belas nas relaes entre homens e mulheres do mundo inteiro, sejam quais forem as suas religies, ideologias e culturas. A misericrdia, o cuidado e a compaixo pelos despoderados, pequenos, oprimidos e abandonados, so patrimnio da humanidade inteira e smbolo do grande amor de Deus pelos rfos e vivas, os desamparados de todas as eras.
O que Jesus revelava era um paradoxo, dos inmeros de sua pregao em Marcos. O senso comum recusa suas palavras, enquanto sustenta a escalada de privilgios na sociedade, favorecendo o bem-posto, o prspero ou o rico. Ou as loterias garantidoras de privilgios. Jesus identificava a acolhida de Deus aos empobrecidos, despojados de dignidade, fracos, com o acolhimento que devemos dar s crianas. Sujeitos que no tm direitos, dignidade, cidadania, nem quem olhe por eles. Os ltimos na escala social, os desprezados, improdutivos, levados em conta na chegada do Reino de Deus. Informa o Evangelho.
Marcos rene numa s instruo uma srie de sentenas de Jesus, conservadas e transmitidas pelas geraes e tradies primitivas da Igreja. Os socialmente humildes, sem poder econmico, sem-terra, sem-emprego, sem-teto, sem-defesa nas causas levadas aos tribunais.3
Acolher Jesus ouvir os que no tm voz, ttulo de eleitor, carto da previdncia, plano de sade, escola de qualidade, teto para morar ou um bicicleta velha; receber o diferente em sua condio, sexual, racial, social. Os depreciados desse mundo mereceram a ateno de Jesus, segundo o evangelho, por isso no podemos ser diferentes do Mestre. Se Jesus opta pelos vulnerveis, por que escolheremos outro caminho, como o da poltica partidria, buscando os fins da comunho de f atrelada em vantagens eleitorais">Livros sobre poltica com desconto!