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Para que sejam um: breve panorama do movimento ecumnico 423632

Foi no seu seio do protestantismo que surgiram as primeiras manifestaes do moderno ecumenismo, a saber, o esforo construtivo em prol da aproximao e unio dos cristos

Por Alderi Souza de Matos

Desde o incio do cristianismo, a preocupao com a unidade tem sido constante. O Antigo Testamento j apresenta essa nfase (e.g., Sl 133.1), mas o Novo Testamento que d amplo testemunho desse interesse, a comear da orao de Jesus pelos seus discpulos (Jo 17.11, 20-23). O apstolo Paulo tambm aponta para a unidade crist (1 Co 1.10; 12.12-27; Ef 2.14,16; 4.3-6; Fp 1.27; 2.2). Nos escritos apostlicos, o conjunto dos fiis identificado como a igreja. Essa comunidade descrita como corpo, rebanho, edifcio ou famlia, figuras que transmitem as ideias de unio, comunho, solidariedade.

Unidade e diversidade

Acontece que quase desde o incio houve manifestaes divergentes da f crist. O Novo Testamento j aponta para algumas delas, em especial os judaizantes e os docetistas. O nmero dessas variantes aumentou com o ar do tempo. Assim, no incio do segundo sculo a preocupao com a unidade e a ortodoxia tornou-se intensa e esse fato conduziu crescente institucionalizao da igreja, com seus bispos, credo e cnon.

A complexidade das Escrituras, com a possibilidade de diferentes interpretaes, e a variedade cultural, religiosa e filosfica do ambiente em que se inseriu o cristianismo, contriburam para a crescente diversidade teolgica. Surgiram grupos como gnsticos, marcionitas, montanistas e outros, todos tachados de herticos e rejeitados pela igreja majoritria. Nos sculos quarto e quinto houve o cisma donatista e ocorreram novas dissidncias duradouras, como nestorianos e monofisitas.

A experincia medieval
Na Idade Mdia, surgiu em sua plenitude a Igreja Catlica, fortemente institucionalizada, centralizada, aliada do Estado. Ocorreu aquilo que os historiadores denominam cristandade, uma situao de completa uniformidade religiosa em que a igreja exercia forte influncia sobre todos os setores da sociedade. A unidade se tornou um dos valores supremos, sendo a igreja entendida como una, santa, catlica e apostlica.

Em decorrncia disso, intensificou-se uma tendncia preocupante a manuteno da unidade a todo custo, mesmo que com o emprego da fora. Isso j havia ocorrido com os donatistas no quinto sculo e agora tambm se aplicou a outros grupos herticos, como os ctaros ou albigenses, suprimidos mediante uma srie de cruzadas. No entanto, no foi possvel evitar duas grandes cises da cristandade, uma no meio e outra no final desse perodo: a separao definitiva entre as igrejas latina e grega e o surgimento da Reforma Protestante.

Primrdios do movimento ecumnico
Sendo o protestantismo o mais fracionado dos grandes grupos cristos, foi no seu seio que surgiram as primeiras manifestaes do moderno ecumenismo (do grego oikoumene, que significa o mundo habitado; ver Mt 24.14; Lc 2.1; At 17.6), a saber, o esforo construtivo em prol da aproximao e unio dos cristos. Os reformadores estavam conscientes dessa necessidade e tomaram algumas iniciativas nessa direo, como o Colquio de Marburg (1529), entre luteranos e reformados. Houve tambm algumas tentativas de entendimento entre catlicos e protestantes, como os Colquios de Ratisbona (1541) e de Poissy (1561). Todavia, a Contrarreforma e as contnuas cises protestantes tornaram a unidade crist um ideal cada vez mais distante.

O esforo missionrio protestante do sculo 19 deu origem ao movimento ecumnico. As misses denominacionais que atuavam no terceiro mundo perceberam a dificuldade de anunciar o evangelho e ao mesmo tempo justificar uma igreja dividida. Com isso surgiram as primeiras conferncias missionrias, realizadas na Inglaterra e nos Estados Unidos a partir de meados daquele sculo. Da aproximao entre as misses nos campos estrangeiros surgiu a ideia do dilogo, colaborao e possvel unio das prprias igrejas nos pases de origem.

A Conferncia de Edimburgo
No sculo 19 foram criadas vrias organizaes cooperativas interdenominacionais, tais como a Associao Crist de Moos (1844), a Aliana Evanglica (1846) e a Federao Mundial de Estudantes Cristos (1895). Todavia, o evento que contribuiu de modo mais direto para o surgimento do movimento ecumnico foi a Conferncia Missionria Mundial, realizada em Edimburgo, na Esccia, em 1910. Essa conferncia levou em 1921 criao do Conclio Missionrio Internacional.

Uma das primeiras iniciativas ecumnicas foi o movimento de vida e obra, que buscou promover a cooperao das igrejas na rea social. Sua primeira conferncia, realizada em Estocolmo em 1925, foi convocada pelo arcebispo Nathan Sderblom. A Conferncia de Edimburgo evitou discutir as diferenas teolgicas entre as igrejas. Sob a liderana do bispo episcopal Charles H. Brent, surgiu o movimento de f e ordem, voltado para a unio orgnica das igrejas e a busca de posies teolgicas comuns. A primeira conferncia desse movimento realizou-se em Lausanne, em 1927. Aps a Segunda Guerra Mundial, esses dois movimentos se fundiram no Conselho Mundial de Igrejas (CMI), instalado em 1948 em Amsterd.

O Conselho Mundial de Igrejas
A reunio de instalao do CMI contou com a presena de 351 delegados procedentes de 147 denominaes em 44 pases. Foi a mais abrangente assembleia crist reunida at ento. A base confessional afirma que o CMI uma fraternidade de igrejas que confessam o Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador de acordo com as Escrituras e que, portanto, buscam cumprir em conjunto a sua vocao comum para a glria do nico Deus, Pai, Filho e Esprito Santo.

A sua principal autoridade reside nas assembleias de representantes oficiais nomeados pelas igrejas filiadas. At o momento realizaram-se as seguintes: Amsterd (1948), Evanston (1954), Nova Delhi (1961), Uppsala (1968), Nairobi (1975), Vancouver (1983), Canberra (1991), Harare (1998) e Porto Alegre (2006). Desde a sua fundao, o CMI teve os seguintes secretrios-gerais: Vissert Hooft, Eugene C. Blake, Philip A. Potter, Emlio Castro, Konrad Raiser e Samuel Kobia. Sua atual estrutura composta de trs unidades: F e Testemunho, Justia e Servio, Educao e Renovao.

O CMI representa a maior parte das igrejas protestantes histricas e das igrejas ortodoxas orientais. Hoje so 348 igrejas em mais de 120 pases. No participam a maior parte dos evanglicos e dos pentecostais. A Igreja Catlica Romana tambm no est filiada, embora venha participando do movimento mais amplo desde o pontificado de Joo XXIII, que criou o Secretariado para a Promoo da Unidade Crist (1960) e convocou o Conclio Vaticano II (1962-65), no qual se aprovou um importante documento sobre o tema. Alm do CMI, muitos outros organismos mundiais, nacionais e regionais tm se voltado para a promoo do ideal ecumnico.

Concluso
O movimento ecumnico est deixando um legado contraditrio. Por um lado, representa um esforo srio na busca de dilogo e cooperao entre grupos cristos muito diversos; tem dado testemunho da f crist num mundo dilacerado por divises e conflitos; tem buscado solues para alguns dos problemas mais prementes e angustiosos da atualidade. Por outro lado, sua agenda inclusivista o tem impelido para o relativismo teolgico, para crescentes concesses a certos valores da sociedade secular, para posicionamentos missiolgicos dbios, para a eroso da identidade crist frente a outros sistemas religiosos. Para ser legtimo, o ecumenismo precisa observar fielmente o lema paulino: Seguindo a verdade em amor, cresamos em tudo naquele que a cabea, Cristo.

  • Alderi Souza de Matos doutor em histria da igreja pela Universidade de Boston e professor no Centro Presbiteriano de Ps-Graduao Andrew Jumper. autor de Erasmo Braga, o Protestantismo e a Sociedade Brasileira; A Caminhada Crist na Histria; Fundamentos da Teologia Histrica e s Cincias Divinas e Humanas (150 anos do Instituto Presbiteriano Mackenzie). colaborador da Igreja Presbiteriana de Vila Mariana, em So Paulo.

Artigo publicado originalmente na
edio 300 de Ultimato (maio/junho de 2006).


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