Opinio 3pp3w
28 de novembro de 2014
- Visualizaes: 14362
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
O que C. S. Lewis pensava sobre a morte? 313i4u

Essa uma ocasio propcia para nos lembrarmos do que ele pensava a respeito da morte. H uma srie de conjecturas a esse respeito. Baseado em O Grande Abismo, h quem defenda que Lewis cresse no purgatrio e eu respeito. Mas a meu ver, muitas dessas suposies, como que ele acreditasse tambm em fadas e duendes e extraterrestres (devido sua trilogia espacial), apontam para uma incompreenso de sua verdadeira arte, que era a da fico, ou do que ele chamava de romance. O grupo de amigos a que ele pertencia, os Inklings (que inclua J.R.R. Tolkien, entre outros) praticava essa arte e sua teologia, entendida como teologia do romance (mas tambm pode ser chamada de mitopoiesis ou teopoeisis). O que essa arte narrativa tem em comum com a mitologia (mythos = narrativa) o apelo imaginao.
Assim, Lewis, que tambm era um especialista em Idade Mdia, acreditava no purgatrio como ele acreditava em todas as crenas provenientes do imaginrio medieval: ele as respeitava como sendo narrativas que fizeram histria. O modelo medieval de pensamento foi por ele explorado de todos os ngulos em seus escritos acadmicos (que tive o privilgio de traduzir a comear por Alegoria do Amor, lanado pela Editora -Realizaes). Mas como o prprio Lewis afirma em A Imagem Descartada (prximo livro a ser lanado), essa viso de mundo, por mais interessante que seja intrinsecamente, falsa em vrios pontos, como na crena de que a Terra fosse o centro do sistema solar.
Respeitar um imaginrio e valer-se dele no significa que se acredita nele literalmente. claro que o que Lewis cria mesmo ou deixava de crer, s saberemos com certeza quando nos unirmos a ele no Cu, que era para ele o real destino da humanidade.
A famosa frase de que essa vida uma Terra das Sombras, foi pronunciada no leito de morte de Joy, como se pode ver no filme com o mesmo nome. Essa ideia lembra o Salmo 102.11, que diz, referindo-se vida terrenal: A minha vida como as sombras do anoitecer; vou secando como o capim.
Foi na morte de Joy que Lewis se confrontou de maneira mais sria e real com a temtica. Em A Anatomia de uma Dor, Lewis d vazo a todo o sofrimento envolvido na perda da esposa. Nela, ele compara Deus a um dentista e a um carrasco. Considero esse o livro de Lamentaes de Lewis. A prova de que ele no perdeu a f, mas superou a dor e sofrimento, est em Cartas a Malcolm, obra publicada postumamente e escrita depois de A Anatomia... que acredito ser o livro que mais fala sobre a espiritualidade crist.
Antes de tudo, porm, a morte significava para Lewis o afloramento de vida, da vida verdadeira, da verdadeira realidade, que vai muito alm da realidade espao-temporal. Em carta, escrita em 28 de junho de 1963 para Mary Willis Shelburne - perto de sua prpria morte, portanto - Lewis usa novamente de toda a sua arte narrativa e imaginativa, falando da morte em termos metafricos e profticos:
Imagine-se como sementinha pacientemente hibernando enterrada na terra; espera do afloramento no tempo que o jardineiro achar melhor, para o mundo real, para o verdadeiro despertamento. Suponho que toda a nossa vida presente, quando olharmos para trs, a partir da, no parecer mais, do que um devaneio sonolento. Este o mundo dos sonhos. Mas o galo est para cantar. E est mais prximo agora, do que quando eu comecei a escrever esta carta. (traduo da autora)
* Nota: Clive Staple Lewis nasceu em Belfast, Irlanda, em 29 de novembro de 1898 em morreu em 22 de novembro de 1963, aos 65 anos.
Leia tambm
Um ano com C. S. Lewis
O cu aberto de C. S. Lewis
Deus em questo
ɠmestre e doutora em educao (USP) e doutora em estudos da traduo (UFSC). autora de O Senhor dos Anis: da fantasia tica e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questo. Costuma se identificar como missionria no mundo acadmico. criadora e editora do site www.cslewis.com.br
- Textos publicados: 68 [ver]
28 de novembro de 2014
- Visualizaes: 14362
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 223i1k
Ultimato quer falar com voc.
A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.

Leia mais em Opinio 2l1v6s

Opinio do leitor 1t5dh
Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Ainda no h comentrios sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta necessrio estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o ou seu cadastro.
Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em ltimas 6ik57
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu h...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e Histria
- Casamento e Famlia
- Cincia
- Devocionrio
- Espiritualidade
- Estudo Bblico
- Evangelizao e Misses
- tica e Comportamento
- Igreja e Liderana
- Igreja em ao
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Poltica e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Srie Cincia e F Crist
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Crist
Revista Ultimato 5z423b
+ lidos 1s1q68
- Francisco, Samuel Escobar memria e honra
- Paul Tournier e a Bblia
- Os Jardins do den e a Sombra de Abel: uma jornada pela aposentadoria
- Abel e Zacarias: encontrando misso na aposentadoria avanada
- Gerao Z lidera reavivamento da igreja no Reino Unido
- Eu [quase] me arrependi de ter tido filhos
- Um panorama da distribuio da Bblia no Brasil nos ltimos 70 anos
- Bonhoeffer um comeo no fim
- O que a Bblia tem a dizer sobre os ODS e a COP30?
- Esperana utilizvel