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Opinio 3pp3w

Ningum escolhe ser refugiado ou nem sempre o que queremos dar o que as pessoas precisam 1bb4k

Por Paula Mazzini

a velha histria: vamos ensinar e somos ns que aprendemos; vamos ajudar e ns que somos ajudados. Fui trabalhar com ajuda humanitria e eu que acabei me tornando mais humana. Compartilho alguns relatos subjetivos do que aprendi com os venezuelanos em Boa Vista-RR.

Pobreza no desculpa para falta de generosidade.
Certamente um trabalho humanitrio nos d a chance de abenoar outros. Mas a experincia vai alm disso inclui ser alvo de atos de generosidade vindos de pessoas que no precisariam se justificar caso optassem por apenas receber. Um rapaz te oferece suco ao ver voc suando durante uma brincadeira com as crianas. Um pai traz seu lenol para ajudar a projetar um filme. Uma me, ao receber uma doao de roupas de beb, vai at seu quarto e volta com outras peas, que j no servem em seu filho, mas podem servir em outra criana. Uma artes, ao ver voc comprando pulseiras, oferece uma de brinde e, quando voc escolhe uma das mais baratas, ainda ouve: essa no, essa muito simples. Uma criana que, ao ver que o chinelo da sua amiga havia arrebentado, oferece seu prprio sapato para que a outra no precise andar descala na rua. Todas essas pessoas so refugiadas e so generosas. Todas elas entenderam o que muitos de ns no conseguem: generosidade, bondade, amor ao prximo no esto ligados a condio financeira. Qualquer um, em qualquer lugar, pode demonstrar amor e cuidado.

Toda histria tem mais de um lado.
Ouvimos muito sobre os efeitos que a chegada em massa dos venezuelanos tiveram sob a tranquila cidade de Boa Vista. Aumento da violncia, da prostituio, superlotao de escolas e postos de sade. Tudo isso verdade. O que no podemos fazer colocar neles o peso da culpa pelo aumento da criminalidade, por exemplo. Muitas pessoas inclusive brasileiros enxergam na fragilidade do prximo uma oportunidade de tirar proveito da situao. E assim, a lista de crimes cometidos nesse ambiente de crise humanitria inclui no somente crimes pequenos, como roubos e brigas, mas tambm crimes de extorso, explorao de trabalho, xenofobia, violncia fsica e psicolgica. Muitos am impunes e despercebidos ou so sequer denunciados. Restringir a onda de crimes e violncia a uma nacionalidade ou culpabilizar apenas os refugiados olhar apenas uma frao da histria.

Todos ns somos imigrantes.
Essa foi a saudao de um padre, ao iniciar sua fala em um simpsio sobre refugiados e imigrao. Em seu raciocnio, mostrou que no apenas o estado de Roraima tem uma histria pautada na imigrao (de maranhenses, de indgenas, de gachos, de nerds e agora de venezuelanos e haitianos), mas tambm o prprio Brasil, com sua famosa miscigenao. Qualquer pessoa que for traar sua rvore genealgica ver que em algum lugar da sua histria a imigrao esteve presente. Ou seja, antes de julgar e condenar aqueles que usufruem do direito universal de migrar, preciso um exerccio de autoavaliao e o reconhecimento de que somos todos iguais, apenas vivendo pocas e ciclos migratrios diferentes.

Ningum escolhe ser refugiado.
Parece bvio demais. Mas ningum, em s conscincia, escolhe sair de seu pas, pedir refgio e ter que recomear toda uma vida, tendo que aprender uma nova lngua, uma nova cultura, deixando para trs uma famlia, uma histria e uma bandeira. Ser refugiado no uma escolha - uma condio consequente de alguma falha social, crise ou situao de risco. uma estratgia de sobrevivncia. como disse uma venezuelana que encontrei nas ruas de Boa Vista: Eu sonhava em sair da Venezuela para ear, conhecer a Espanha, por exemplo. Nunca pensei e nunca quis deixar meu pas.

Existe uma constrangedora gratido generalizada.

Isso era algo visvel na fala de muitos a gratido, o respeito e at o temor em vista da grande operao feita para acolh-los. Talvez a melhor imagem disso foi ver algumas crianas venezuelanas, refugiadas e indgenas, em uma festa cultural, cantarem com uma dico invejvel o hino nacional brasileiro, com todas as suas pomposas palavras. Uma imagem marcante com uma mensagem profunda. Em alguns momentos a gratido at atrapalhava. Na hora de reclamar de uma injustia ou de um servio mal feito, muitos no se sentiam dignos, devido a condio em que esto. Tambm havia um certo desencorajamento, diante de reaes como t ganhando e ainda t reclamando" />No d para desprezar o fator cultural.
Um dia tentamos fazer com as crianas uma brincadeira em crculo com cantigas de roda. Algumas tentaram nos acompanhar, mas no estava sendo to proveitoso quanto pensvamos. Ao perceber isso, uma jovem que estava por perto entrou na roda e puxou a conga - o atirei o pau no gato das crianas venezuelanas. Foi um sucesso. O ambiente mudou rapidamente e confirmarmos o que j sabamos: no d para desprezar o poder que uma cultura tem de trazer senso de pertencimento.

O caos no impede a beleza.
Boa Vista uma cidade que vive uma crise. Ainda assim, as praas so limpas, floridas e o Natal um dos mais iluminados que j vi. Nos abrigos h rvores de natal, pinturas nos muros e msica de fundo. Enfeites feitos pelos prprios refugiados e at flores. H caos? Obviamente. Mas tambm h beleza porque uma coisa definitivamente no anula a outra.

Paula Mazzini membro do Exrcito de Salvao.

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