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06 de julho de 2011
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Aprendendo a envelhecer m5930

Uma das manifestaes de sabedoria a compreenso do tempo prprio para cada coisa. A condio humana faz com que cada pessoa construa sua vida, em vrias etapas, da maneira que elege. E a agem de cada um por este mundo vai mostrar o que ele fez com as oportunidades, os recursos, e os "talentos" que Deus distribuiu a todos, por sua soberana determinao.
Paul Tournier, em sua obra "Apprende veillir" (Aprendendo a envelhecer), que eu leio em espanhol, examina o tema, com seu estilo cativante, agradvel e, ao mesmo tempo, erudito e comprometido com a Palavra de Deus, em narrativa recheada de exemplos de sua rica experincia profissional e pessoal.
A idade madura aquela em que florescem todas as capacidades; aquela em que as pessoas em geral se sentem poderosas, constroem pelo menos parte daquilo com que sonharam durante longos anos. o tempo da realizao profissional, com o reconhecimento natural, tanto internamente quanto do ambiente em que se vive lderes, liderados, colegas de trabalho, amigos todos concordam em identificar a importncia da pessoa, como homo faber, como pai/me, como marido/ esposa. O ego infla, e o tempo gasto, ou na contemplao do prprio umbigo (como belo!) ou na fruio dos prazeres da vida social, inclusive na Igreja, nas viagens, nas badalaes.
Toms de Kempis, em Imitao de Cristo, citado por Augusto Gotardelo em Ceifa tardia, escreveu: "Lembra-te sempre do fim, e que o tempo perdido no volta." difcil estabelecer exatamente o que significa usar o tempo com sabedoria, viver cada momento de maneira ponderada e sbia. Mas certo cuidado com a prxima etapa certamente ser til para prevenir sofrimentos inveis.
O afastamento do trabalho, quando o outono da vida chegar, pode ser brusco e difcil. Certo homem que, ao aposentar-se, ou a beber imoderadamente, veio consultar-me, trazido pela famlia. A expresso que ele usou foi dramtica: "tiraram o cho de debaixo dos meus ps". Contou que acordava cedo, no mesmo horrio de sempre, mas no se levantava. Ouvia o tropel e as conversas dos ex-colegas, que avam em direo ao trabalho. Ele no estava no meio dos amigos de ontem, e medida que o tempo ava, ia perdendo o ambiente, a cultura do grupo a que pertenceu durante tanto tempo; j no falava a mesma lngua nem conseguia manter dilogo. No tinha histrias do trabalho para contar, e durante os dias de atividade jamais se preocupara em preparar-se para o cio. E agora, Jos?
Ao viver a atividade plena, a ideia que temos que o dia hoje. Hedonistas, vivemos o presente como se ele fosse eterno.
A verdade que a vida toda feita de momentos, cada qual com seu encanto, sorrisos e lgrimas se alternando, a experincia de cada instante formando todo um complexo que, arquivado, em seguida ser objeto de reflexo, anlise, aperfeioamento. Israel vive no deserto, do Egito a Cana, tanto o perigo dos exrcitos do Fara e a inclemncia do sol escaldante quanto as delcias da providncia de Deus, nem sempre consciente de que a travessia, mesmo que dure quarenta anos, efmera. H que vivenciar o man no deserto de Sim, a gua que brota da rocha em Merib, sem esquecer que o melhor vir depois, alm do Jordo, na terra que "mana leite e mel".
Ao contrrio do que acontece no Oriente, nossa sociedade, em geral, despreza os velhos. Talvez pelo aumento do nmero de ancios, por meio dos progressos da medicina, porm mais provavelmente pela cultura materialista, que valoriza a produo, a mais-valia verberada desde Marx, em que o capital subordina o trabalho e o produto vale mais do que a pessoa que produz. Uma vez diminuda a capacidade de produzir e at mesmo de consumir, o indivduo a a ser considerado um peso que a sociedade tem de ar. Uma sociedade que despreza os velhos desumana e tambm imprevidente: o velho j foi jovem, e este ser velho amanh, se tiver a felicidade de no morrer antes.
Outra caracterstica cultural ainda mais patente em nossos dias o culto da tcnica. A tecnologia se multiplica e aperfeioa a uma velocidade cada vez mais difcil de se acompanhar. As aquisies incontveis sem dvida facilitam, aumentam o conforto, encurtam distncias, incrementam a expectativa de vida. Mas quem no acompanha a tecnologia perde espao, no compete no mercado. A publicidade cobra, o deus Mamom estabelece seu preo em ansiedade agora e em melancolia no futuro, quando vier o afastamento da atividade. "Tiraram o cho de debaixo de meus ps".
H que restabelecer o primado do ser sobre o ter. A prioridade das pessoas, nunca das coisas. O Senhor Jesus, no Sermo da Montanha, ensinou que as pessoas valem mais do que as aves do cu, mais do que os lrios do campo. "Se Deus veste a erva do campo, quanto mais a vs...">297 (novembro-dezembro/2005)
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Joel Tibrcio de Sousa, mdico psiquiatra, faz parte da diretoria do Corpo de Psiclogos e Psiquiatras Cristos (PC)
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