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14 de dezembro de 2022
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Natal A histria do Evangelho de Cristo 1b1740
Por Ern Walter Seibert

Um dos aspectos que chama a ateno no texto de Lucas a sua preocupao em apresentar dados que contextualizam a histria do nascimento de Jesus na histria e na geografia. Em Lucas, captulo 1, o evangelista menciona que quando Herodes era o rei da terra de Israel, foi anunciada a vinda de Joo Batista. No captulo 2, mencionado que, quando Jesus nasceu, o imperador romano era Csar Augusto e o governador da Sria era Quirino. O texto tambm fala de um decreto que imps um recenseamento. Por conta disso, Jos e Maria foram para Belm, e l nasceu Jesus. O texto faz mais uma aluso a autoridades, informando que Jos era descendente do rei Davi.
Tanta informao geogrfica e histrica pode dar a impresso de que o centro da histria estava nas autoridades polticas. Imagine algum contar uma histria que ocorreu no Brasil e mencionar as autoridades do pas que estavam no governo, tudo para contar o nascimento de algum. A surpresa do Evangelho que nem a boa notcia (sentido de evangelho em grego), nem o enredo tm a ver diretamente com essas autoridades. A histria do nascimento de Jesus se d nesse contexto, mas tem a ver com a soberania de Deus e o seu amor pela humanidade.
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Jesus Cristo nasceu nesse preciso tempo e lugar porque Deus considerou que esse era o tempo certo para ele nascer, a plenitude do tempo. Na Carta aos Glatas, o apstolo Paulo diz: Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebssemos a adoo de filhos (Gl 4.4-5, NAA). A Nova Traduo na Linguagem de Hoje traduz a expresso plenitude do tempo por o tempo certo. A plenitude do tempo o tempo certo, o tempo escolhido por Deus para isso acontecer.
O Natal um acontecimento memorvel, ocorrido no tempo e lugar certo, quando estavam no poder pessoas importantes, em lugares importantes. Mas, apesar de tudo isso, o Natal no primordialmente um acontecimento poltico. Embora em todos os acontecimentos da histria da humanidade possa haver consequncias polticas, no a poltica que determina e d sentido a tudo. A histria sempre est sob o domnio de Deus, sob o seu senhorio.
Este um dos aspectos muito relevantes do Natal. Com o cenrio que os evangelistas pintaram ao colocarem em evidncia o tempo, os lugares e os personagens que o compem, eles no deixam de mostrar que o centro de tudo o nascimento de Jesus Cristo, o Filho de Deus que assumiu a forma humana e que veio para salvar a humanidade de seus pecados. O Salvador Jesus, e no o imperador, o governador ou o rei. Em todos os momentos, a confiana dos cristos pode e deve estar em Deus, porque no so as pessoas que salvam, por mais importantes que elas sejam. Nesse tempo de polarizaes que o mundo est vivendo, nesse tempo em que as pessoas se enchem de esperana ou de desespero porque um ou outro lado assume o poder poltico, olhar a histria do Natal altamente consolador. Se a esperana dos cristos dependesse dos imperadores romanos que estavam no poder, certamente todos estariam perdidos. E nem mesmo a ocupao do trono romano, sculos depois, por Constantino, considerado cristo, foi capaz de trazer tempos de paz para o mundo e para os cristos. Jesus Cristo continuou sendo o nico e suficiente Salvador.
O evangelista Lucas, ao contar a histria do nascimento de Jesus, acrescenta uma mensagem que os anjos deram aos pastores: No tenham medo! Estou aqui a fim de trazer uma boa notcia para vocs (Lc 2.10, NTLH). A mensagem no tem a ver com palcios, nem com autoridades importantes e famosas. Pelo contrrio, ela despojada de todo luxo. Numa manjedoura est o Salvador. A mensagem dos anjos certamente continua enchendo de alegria todos aqueles que encontram no menino Jesus o Salvador da humanidade.
- Ern Walter Seibert diretor-executivo da Sociedade Bblica do Brasil, doutor em cincias da religio e diretor do Museu da Bblia.


Jesus tal como revelado nas Escrituras est sendo deixado de lado em muitas igrejas. necessrio um esforo para chamar ateno sobre isso. A f e a vida crist autnticas tm como base a centralidade de Jesus Cristo. No existe cristianismo sem Cristo. Na inteno louvvel de ser relevante, podemos cair na tentao de fazer concesses desfigurando o evangelho, por exemplo. Somos tambm tentados a diminuir as exigncias ticas e morais do evangelho, desobrigando-nos das decorrncias naturais da mensagem e da obra de Cristo.
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