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Em questo: Freud e C. S. Lewis 2x3w4y

O livro Deus em Questo, de Armand Nicholi, tem por objetivo apresentar os argumentos de um ateu e de um cristo sobre os mesmos assuntos: Deus, amor e sexo. O que a maioria dos leitores no sabia que apesar da considervel diferena de idade (42 anos), eles tinham muito em comum:
As experincias de infncia de Freud e Lewis revelam um paralelismo considervel. Tanto Freud quanto Lewis, quando meninos, tinham dons intelectuais que permitiam antever o profundo impacto que eles provocariam como adultos. Ambos sofreram perdas significativas nos primeiros anos de vida. Ambos tinham um relacionamento difcil, cheio de conflitos com os seus pais. Ambos foram instrudos desde cedo na f da sua famlia e registraram uma aceitao nominal daquela f. Ambos rejeitaram o sistema de f anterior e se tornaram ateus na adolescncia. Ambos leram autores que os persuadiram a rejeitar as crenas nominais da infncia. Freud foi fortemente influenciado por Feuerbach e os muitos cientistas que ele estudou quando estudante de medicina e Lewis, pelos seus professores, que lhe davam a impresso de que as ideias religiosas no avam de iluso... uma espcie de absurdo endmico. Lewis, entretanto, acabou rejeitando o atesmo e abraou a mesma viso que um dia havia considerado absurda. Como ele explicaria essa mudana drstica? O que levou Freud a continuar rejeitando a rica herana espiritual da sua famlia e permanecer ateu? (NICHOLI, 2005, p. 42-43)
Na primeira parte do livro, Nicholi analisa o percurso dos dois protagonistas, chamando a ateno sobre as suas experincias com a religio na infncia, ambas negativas, mas com resultados contrastantes: uma adeso ao atesmo materialista e uma converso ao cristianismo aps os 30 anos de idade. Lewis tendo sido influenciado fortemente na sua posio de ateu por Freud utiliza em parte os argumentos dele como base para apresentar as respostas alternativas do cristianismo. Os dois posicionamentos contrastam na prtica principalmente face morte de entes queridos e da prpria morte. Enquanto Freud demonstra um medo e at pavor diante dela, Lewis demonstra uma serenidade sobrepujante ao perodo de lamentaes da perda (conferir Anatomia de uma Dor).
Descobrimos ainda o celibato que Freud decidiu adotar nas ltimas dcadas de sua vida com sua esposa, que torna difcil entender como foi que ele se tornou o fetiche da liberalizao sexual nas sociedades ocidentais; alm de seu pedido ao seu mdico, de que praticasse a eutansia, quando ele ficou sabendo que seu cncer era terminal.
O primeiro ponto em que Lewis e Freud discordam teoricamente a questo da criao do universo: se h ou no uma inteligncia para alm da natureza. Freud tinha uma viso naturalista, enquanto Lewis redefine o prprio conceito de natureza, inscrevendo-o no contexto maior da criao, viso essa que herda da leitura e estudo dos grandes clssicos cristos da Idade Mdia. Nessa perspectiva criacionista, a natureza ite a possibilidade do sobrenatural, sem, com isso, necessariamente negar a cincia.
Outra questo muito importante a moral: o que define as nossas atitudes, uma conveno social ou uma lei moral? Freud acreditava que as sociedades, para o bom convvio, tinham que se submeter a uma ditadura da razo (2005, p. 73), e confessou ao seu amigo, pastor Pfister, que no se preocupava muito com o certo e errado (FREUD, apud NICHOLI, 2005, p. 73). J Lewis, depois de sua converso, ou a crer que a moral segue leis parecidas com as leis da matemtica: todos ns sabemos em linhas gerais o que certo e errado, porque elas esto inscritas na nossa natureza. Um dos grandes dilemas da humanidade, que um dos motivos para a nossa angstia, que sabemos o que certo fazer, mas no conseguimos praticar o certo o tempo todo.
O tema da realidade outro assunto importante do livro. Quando em O Futuro de uma Iluso Freud fala com orgulho do filho que rejeita os contos de fada, Lewis diria que o filho estava adotando uma postura demasiadamente adulta para a sua idade e que muitos adultos podem aprender com o tipo de realismo que se encontra subjacente ao mundo das fadas. E nisso ele completamente chestertoniano. Em uma de suas obras-primas, Ortodoxia, no captulo dedicado aos contos de fada, Chesterton afirma: O pas das fadas nada mais do que o pas ensolarado do bom-senso. (CHESTERTON, 2007, p. 82).1
Nicholi deixa clara a importncia que Chesterton teve no processo de converso de Lewis para o cristianismo, que Freud veria como fenmeno patolgico e como cada vez mais profissionais da rea reconhecem experincias espirituais como fenmenos no ligados a neuroses. Lewis tambm acreditava, ao contrrio de Freud, que, se temos desejos reprimidos, isso aponta para a alguma realidade concreta. No podemos simplesmente inventar anseios do nada, nem mesmo a partir de algum mito presente no inconsciente coletivo. Se temos desejo por coisas espirituais e por um Deus, ele deve existir concretamente. Toda a concepo de Lewis em relao iluso, fico e ao imaginrio diferente da de Freud em seus pressupostos e suas implicaes. O pressuposto para Lewis um mundo criado por um Ser Infinito que imprimiu a sua imagem no homem e essa impresso, essa imagem, faz com que ele sinta saudade ou um longing, um anseio, por seu Criador. Para Freud, no h essa figura do criador, o mundo veio do nada e o desejo pelo infinito e por coisas espirituais residem em um enorme ludibrio coletivo. Enquanto para um as coisas espirituais e de imaginao apontam para Deus, para outro elas apontam para uma doena crnica e coletiva. Em Lewis a imaginao, que assume uma dimenso to positiva, quanto prpria iluso e a culpa, que longe de ser uma neurose, como em Freud, apontam para a verdade da queda e limitao do homem.
Lewis afirma que cr em Deus, no como uma fantasia ou pura e simples imaginao, mas como cr no sol, que no pode encarar diretamente, mas por meio do qual ele consegue ver e reconhecer todas as demais coisas.
Ele tambm acreditava que fazer de conta, expresso usada por Freud para se referir hipocrisia que muitas vezes envolve a religio, faz parte da natureza humana e que imitar um dos comportamentos mais naturais do homem, precisamente porque ele foi criado como uma imitao de Deus. Acontece que no cristianismo o faz-de-conta acaba se tornando em realidade. Isso se mostra na histria, citada em Cristianismo Puro e Simples, do rei que, por ser feio, ou a usar uma mscara para no assustar os seus sditos, e quando ele resolve retir-la a assumir o seu rosto, qual no foi sua surpresa, quando viu que o rosto havia assumido a forma da mscara.

Nota:
1. Como foi bem observado por Nicholi, Lewis tambm deve a outro clssico de Chesterton, O Homem Eterno, suas convices crists.
Referncias:
CHESTERTON, G.K. Ortodoxia. So Paulo: Mundo Cristo, 2007.
FREUD, Sigmund. O Futuro de Uma Iluso, O Mal-Estar na Civilizao e Outros Trabalhos (1927-1931) Rio de Janeiro: Imago, 1974. (Edio Standard Brasileira de Obras Psicolgicas Completas de Sigmund Freud, v XXI). Disponvel aqui. o 16 Ago. 2012.
NICHOLA, Armand. Deus em Questo: C.S. Lewis e Sigmund Freud debatem Deus, amor, sexo e o sentido da vida. Trad. Gabriele Greggersen. Viosa: Ultimato, 2005.
ɠmestre e doutora em educao (USP) e doutora em estudos da traduo (UFSC). autora de O Senhor dos Anis: da fantasia tica e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questo. Costuma se identificar como missionria no mundo acadmico. criadora e editora do site www.cslewis.com.br
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