Conselhos finais sobre as eleies: C.S. Lewis com a palavra 5q264y

Por Paulo F. Ribeiro

Nesses ltimos dias que antecedem as eleies, bom lembrar de alguns conselhos de um dos mais influentes cristos do sculo 20 C. S. Lewis , que facilmente nos esquecemos em meio as discusses e polarizao que se instalou no debate.

No seu famoso sermo O Peso da Gloria, Lewis nos ajuda a refletir sobre o nosso relacionamento com o prximo. E, neste caso, nosso adversrio poltico.

possvel que algum pense exageradamente sobre sua (potencial) glria futura; dificilmente ele pensar muito frequentemente ou profundamente sobre a glria de seu prximo. O fardo, ou o peso, ou o nus da glria de meu prximo deveria ser depositado sobre as minhas costas, um fardo to pesado que somente a humildade capaz de carregar, e o peso esmagar o orgulhoso.

E, o prximo no apenas um outro qualquer. Lewis continua:

coisa sria viver numa sociedade de possveis deuses e deusas, e lembrar que a pessoa mais chata e desinteressante com quem voc pode conversar poder um dia ser uma criatura que, se voc a visse agora, seria fortemente tentado a adorar; ou ento, um horror e uma corrupo tal qual voc encontra agora, se for o caso, apenas num pesadelo.

Saber disso tem implicaes prticas:

O dia todo, em certo sentido ajudamos uns aos outros a chegar a um desses dois destinos. luz dessas possibilidades irrefutveis, com reverncia e a circunspeco que as caracterizam que deveramos conduzir nossas interaes uns com os outros, todas as amizades, todos os amores, toda a diverso, toda a poltica.

Em seguida, Lewis vai mais longe e afirma:

No existem pessoas comuns. Voc nunca conversou com um mero mortal. Naes, culturas, artes, civilizaes essas coisas so mortais, e a vida dessas coisas para ns como a vida de um mosquito. No entanto, com os imortais que ns fazemos piadas, trabalhamos e casamos; so os imortais aqueles a quem esnobamos e exploramos horrorosos imortais ou eternos esplendorosos.

Bem, para o autor das Crnicas de Nrnia, isso no significa que devemos ser carrancudos e srios o tempo todo. Devemos tambm brincar e nos divertir.

Mas a nossa alegria deveria ser do tipo (e, de fato, a mais alegre possvel) que existe entre as pessoas que, desde o incio, levam-se mutuamente a srio sem leviandade, sem superioridade, sem presuno.

Finalmente, Lewis nos lembra que a nossa caridade deve ser:

Um amor real e custoso, com sentimento profundo pelos pecados, apesar dos quais amamos o pecador no simplesmente tolerncia, ou a indulgncia que faz do amor uma pardia, como a leviandade parodia a alegria.

Afinal,

Ao lado dos elementos do sacramento da Ceia do Senhor, seu prximo [do outro partido ou no] o elemento mais santo percebido pelos sentidos.

Enfim, parafraseando Lewis, quem sabe na eternidade possamos olhar para o ado (como soldados que se matavam simultaneamente numa guerra) e rir juntos sem ressentimento ou vergonha pois pensvamos que estvamos lutando pela causa certa e pelo bem comum.

Que o Senhor da Histria possa guardar nossos coraes s vsperas desta eleio (e de muitas outras que ho de vir), at que Justia e Paz nos abrace eternamente.

Nota
*Trechos retirados de O Peso da Glria, de C. S. Lewis (Thomas Nelson Brasil).

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