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Catarina Zell (1497-1562): Deus recordar seu trabalho, mesmo que o mundo no o note ou o esquea. 5gc2j

Perfis da Reforma Protestante
Por Rute Salviano Almeida

Essa era a convico de Catarina Zell, quando perseguida por seus escritos em defesa de seu casamento, sua f e dos dissidentes. Ela respondeu que Deus sabia se ela ajudara a divulgar o evangelho, realizara um bom trabalho, acolhera os exilados, confortara os desalojados e promovera a igreja. Deus, sim, sabia, recordaria e a julgaria.

Catarina Schutz nasceu em 1497, em Estrasburgo, em uma proeminente famlia de artesos e recebeu de seus pais uma excelente educao, a qual utilizou em favor de sua f reformada.

Ela foi a esposa do pastor reformado Mateus Zell de Estrasburgo (cidade entre Frana e Alemanha) e lhe coube, por vocao e ousadia, fazer a defesa do casamento dos clrigos protestantes.

Quando seu casamento foi atacado e o esposo excomungado, ela retrucou que vivia em uma unio harmoniosa com o marido, sendo Cristo o foco de suas vidas. E escreveu uma carta fumegante ao bispo da cidade contra a suposta vida celibatria dos religiosos.

Verdadeiramente, por que essas coisas no so deixadas como Deus as criou, cada um tendo sua esposa para evitar a licenciosidade? Deus no sabe melhor do que o diabo o que bom? Pois, a proibio do casamento vem somente do diabo, mas o casamento vem de Deus, como diz o Esprito Santo na carta Timteo. Mas, se fosse assim, os leigos no tolerariam esses padres prostitutos em seu meio. Os padres casados, por outro lado, seriam obrigados a punir o adultrio com grande severidade. [...] No lhe convm ter sete mulheres em trabalho de parto ao mesmo tempo, isto , viver na prostituio, e, no entanto, ajudar a governar a terra e as pessoas.1

A Cmara Municipal no se agradou que uma mulher chamasse a ateno do pblico daquela forma, e a proibiu de publicar tais escritos. A proibio foi encaminhada a Mateus, seu guardio perante a lei e ela obedeceu at a morte dele, porm, posteriormente continuou a publicar textos religiosos.

Catarina foi perseguida pelos prprios lderes luteranos, os quais afirmavam que ela queria usurpar o cargo do marido. Ludwig Rabus, um antigo residente em sua casa, a intitulou de perturbadora da paz da Igreja por apoiar dissidentes.

Ao que ela retrucou:

Eu sou uma perturbadora da paz? Sim, na verdade da minha prpria paz. Vocs chamam isso de perturbar a paz? Ao invs de gastar meu tempo em divertimentos frvolos visitei os infestados pela praga e cuidei dos mortos. Eu tenho visitado os presos e aqueles que esto sob sentena de morte. Algumas vezes, por trs dias e trs noites eu no comi nem dormi. Nunca usurpei o plpito, mas fiz mais do que qualquer ministro visitando aqueles que estavam na misria. Isso est perturbando a paz da igreja?2

Alm do cuidado com os refugiados e outros necessitados, Catarina apoiava os dissidentes como um ato de fraternidade, pois, para ela, o importante era manter o amor cristo. Ela enfatizou essa necessidade de tolerncia expressamente em seu sermo pblico no sepultamento do esposo que desejava o mesmo.

Seu final de vida no foi apenas marcado pela doena, mas ainda mais ofuscado por discusses com a nova gerao de pregadores que, estritamente luteranos, perseguiram todos os dissidentes com sermes de dio e os apelidava de hereges.


Em sua mensagem de Natal, em 1556, Rabus atacou diversos deles. Catarina exigiu que ele parasse de condenar os outros para que no fosse condenado. Em resposta, ele acusou a dra. Catarina de ter uma boca insolente e de iniciar uma grande agitao na igreja de Estrasburgo, recomendando-lhe que deixasse de atuar nos assuntos teolgicos, se ocue com sua roca e fuso e com o cuidado dos doentes.

A resposta dela foi incisiva, defendendo os dissidentes e afirmando que eles aceitavam a Cristo e davam testemunho da f na priso, no fogo e na gua, como faziam os anabatistas. Argumentou que ele se comportava como um caador perseguindo javalis, e que no podia punir todos os que discordavam dele, porque a f no devia ser forada.
Infelizmente, era pregada uma liberdade de conscincia, mas no de prtica. A intrpida Catarina, porm, caminhava na contramo e, em suas palavras e atos, dava testemunho de tolerncia para com pessoas de diferentes credos.

Essa grande reformadora foi o refgio de perseguidos de todas as denominaes e foi chamada de me dos reformadores, acolhendo-os em sua grande casa pastoral da catedral de Estrasburgo, a qual transformou em um asilo espiritual para os refugiados.
Enquanto l esteve, a reitoria estava sempre aberta visitao. Personalidades importantes do movimento da Reforma encontraram l aceitao e apoio. Quando 150 refugiados de Kenzingen chegaram cidade, Catarina alimentou cerca de sessenta deles por quatro semanas.

Ela recolhia ofertas e os ajudava a obter abrigo em outros lugares. Entre os reformadores, acolheu: Bucer, foragido de Weissenburgo e Calvino, fugitivo da Frana, que ainda teve todo seu dinheiro roubado no caminho.

Catarina desfrutou da companhia de reformadores ilustres e, como Marta e Maria reunidas em uma s pessoa, dialogou com eles e os recepcionou quando foram para Estrasburgo para participao na conferncia entre Lutero e Zwinglio, em Marburgo. Ela disse: Eu tenho sido, por quatorze dias, serva e cozinheira, enquanto homens extraordinrios como Ecolampadius e Zwinglio estavam aqui.3

No muito depois desse evento, a guerra dos camponeses estourou. Grupos de agricultores furiosos se reuniram em torno de Estrasburgo. Acompanhada pelo pastor Wolfgang Capito e seu marido, Catarina foi aos acampamentos rebeldes e tentou promover aes no violentas.

Mas nada pode ser feito. Nas imediaes da cidade, a revolta foi brutalmente reprimida pelos soldados dos prncipes. As mulheres e crianas dos mortos e os sobreviventes dos massacres fluram para Estrasburgo. s vezes, havia at 3 mil refugiados e Catarina liderou a organizao da ajuda a eles, recolhendo doaes e encontrando acomodaes. O socorro na crise durou seis meses.


Um de seus importantes legados Reforma Protestante foi a republicao do hinrio bomio, que fora traduzida do tcheco para o alemo. Como Lutero, quando traduziu a Bblia na linguagem do povo, Catarina queria que aqueles hinos fossem cantados por todos: homens, mulheres e crianas. Ela afirmava que Deus se alegrava quando o arteso em seu banco, a empregada na pia, o lavrador no arado, o aparador nas vinhas, a me no bero, desabafavam em oraes, louvor e instruo.

Sua excelente correspondncia foi volumosa, ela se correspondeu com os reformadores Lutero, Zwnglio e Bullinger. A Lutero pediu que tratasse os suos com um pouco mais de delicadeza na controvrsia da Ceia do Senhor.

Seu ponto forte foi seu grande amor ao prximo, traduzido em sua rejeio intolerncia e s crticas. Atualmente, quando convivemos, com tristeza, com tanta intolerncia entre irmos na f em Cristo, voltemos nosso olhar para a atitude de Catarina, uma esposa de pastor na poca da Reforma, modelo de uma discpula que viveu os valores cristos de amor, compaixo e servio.

Notas
1. Catarina Schtz Zell apud ALMEIDA, Rute Salviano; PINHEIRO, Jaqueline Sousa. Reformadoras. Mulheres que influenciaram a Reforma e ajudaram a mudar a igreja e o mundo. Rio de Janeiro: Godbooks; Thomas Nelson Brasil, 2021, p. 20206.207.
2. Katherine Zell apud BAINTON, Roland H. Women ln the Reformation. In and Italy. Minneapolis: Forttress Press, 2007, p. 72.
3. GOOD, James I. Grandes mulheres da Reforma, p. 46 apud ALMEIDA, Rute Salviano; PINHEIRO, Jaqueline Sousa, op. cit., p. 115.

>> Conhea o livro A Reforma, de John Stott e Michael Reeves


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Vozes femininas na Reforma
Mestre em teologia e ps-graduada em histria do cristianismo, autora de Vozes Femininas nos Avivamentos (Ultimato), alm de Vozes Femininas no Incio do Cristianismo, Uma Voz Feminina Calada pela Inquisio, Uma Voz Feminina na Reforma e Vozes Femininas no Incio do Protestantismo Brasileiro (Prmio Aret 2015).
  • Textos publicados: 24 [ver]

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