Apoie com um cafezinho
Ol&aacute visitante!
Entrar Cadastre-se

Esqueci minha senha 14113k

  • sacola de compras

    sacola de compras 142f1e

    Sua sacola de compras est vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras 142f1e

    Sua sacola de compras est vazia.

Opinio 3pp3w

A Catolicidade da Igreja hoje f4p1o

PorThiago Machado Silva

Introduo


O termo igreja catlica usado em quase todos os documentos da Igreja crist atravs da histria. Porm, a catolicidade da igreja foi se perdendo no decorrer da histria, e principalmente no Brasil, o termo fcil e rapidamente ligado Roma. Muitos cristos, em diferentes lugares, se confundem ao ouvirem o termo igreja catlica pois logo associam o termo com a Igreja Catlica Romana, porm, no bem esse o sentido de catolicidade que os antigos credos e confisses crists se referem. O termo original catlico ou catolicidade, em termos gerais, traz o significado de universalidade ou totalidade; de acordo com o todo portanto, quando lemos sobre a catolicidade da igreja crist nos credos e confisses, eles esto se referindo Igreja universal, e no uma Igreja restrita um pas ou nacionalidade, como a Igreja Catlica Apostlica Romana, por exemplo.

O termo Igreja catlica foi extensivamente empregado pela igreja medieval, e mesmo a Reforma Protestante no destruiu sua legitimidade. Filipe Melanchton, o principal sucessor de Lutero, descreveu a confisso de Augsburgo como um documento catlico, e afirmava que os luteranos seriam parte da igreja catlica, no sentido da igreja universal.

A catolicidade da igreja, de acordo com Todd Billings, bblica e centrada em Cristo. Sendo assim, faz-se necessrio resgatar a catolicidade da igreja e da f crist nos dias de hoje, se quisermos uma melhor compreenso do evangelho e da misso da igreja neste mundo. Mas o que significa dizer que a igreja crist catlica? Ser que os credos e confisses da igreja podem nos ajudar a compreender melhor o que significa dizer que a igreja de Cristo catlica? Neste breve texto, meu objetivo simplesmente reunir o que os documentos antigos do cristianismo falam respeito da catolicidade da igreja, e por fim, trazer algumas implicaes prticas do que significa sermos considerados catlicos, no sentido bblico e reformado do termo.

I. A Catolicidade nos Documentos Antigos da Igreja Crist

O Credo Apostlico, originado nos primrdios do cristianismo, afirma: Creio... Na Santa Igreja Catlica, na comunho dos Santos. Em Portugus, talvez pelo temor de ser confundido com a Igreja de Roma, o texto foi modificado para: Creio... na Santa Igreja Universal... O sentido, porm, o mesmo: O Credo dos Apstolos afirma a comunho de todos os santos eleitos por Deus, em todos os lugares e pocas. Ou seja, a eleio divina gera a comunho dos santos, e esta comunho dos santos forma a catolicidade da igreja, a igreja universal e no uma igreja nacional ou limitada por tempos ou pocas.

O Catecismo de Heidelberg
de 1563 tambm compreendia a igreja de Jesus Cristo como a Igreja universal ou catlica. Na pergunta 54 l-se:

54. O que voc cr sobre a santa igreja universal de Cristo?
R. Creio que o Filho de Deus rene, protege e conserva, dentre todo o gnero humano, sua comunidade eleita para a vida eterna. Isto Ele fez por seu Esprito e sua Palavra, na unidade da verdadeira f, desde o princpio do mundo at o fim. Creio que sou membro vivo dessa igreja, agora e para sempre.

De acordo com Heidelberg, o Filho de Deus, Jesus Cristo, se fez carne e veio habitar entre ns para reunir, proteger e conservar, dentre toda a humanidade, um povo eleito. Esse povo eleito a igreja, formada por gente de toda tribo, lngua e nao, por isso chamada de igreja universal ou catlica. Tal igreja catlica a igreja onde todo cristo eleito por Deus far parte como membro, agora e por todo o sempre. No h um fim para a igreja catlica. A catolicidade da igreja fala de uma comunho dos santos que no tem fim.

Seguindo a mesma linha de raciocnio, o artigo 27 da Confisso Belga tambm afirma que existe apenas uma nica e santa igreja catlica, onde apenas os crentes verdadeiros, regenerados pelo Esprito Santo e lavado pelo sangue de Cristo, fazem parte. Este igreja catlica difere das igrejas locais, visveis e imperfeitas:
Cremos e confessamos uma s igreja catlica ou universal. Ela uma santa congregao e assembleia dos verdadeiros crentes em Cristo, que esperam toda a sua salvao de Jesus Cristo, lavados pelo sangue dEle, santificados e selados pelo Esprito Santo.

Esta igreja existe desde o princpio do mundo e existir at o fim. Pois, Cristo um Rei eterno, que no pode estar sem sditos. Esta santa igreja mantida por Deus contra o furor do mundo inteiro, mesmo que ela, s vezes, por algum tempo, seja muito pequena e na opinio dos homens, quase desaparecida. Assim, Deus guardou para si, na perigosa poca de Acabe, sete mil homens, que no tinham dobrado os joelhos a Baal.

Esta santa igreja tambm no est situada, fixada ou limitada em certo lugar, ou ligada a certas pessoas, mas ela est espalhada e dispersa pelo mundo inteiro. Contudo, est integrada e unida, de corao e vontade, no mesmo Esprito, pelo poder da f.

A Segunda Confisso Helvtica, publicada em 1566, tambm afirma, no captulo 17, a catolicidade da igreja de Cristo e condena toda tentativa de confinar ou restringir a igreja crist em um lugar ou outro, como fizeram os Donatistas ou a Igreja de Roma:

E, visto que há sempre um s Deus e um s Mediador entre Deus e os homens, Jesus o Messias, e um s Pastor de todo o rebanho, uma s Cabea deste corpo, enfim, um s Espirito, uma s salvao, uma s f, um s testamento ou aliana, segue-se, necessariamente, que existe uma s Igreja. A Igreja Catlica. Por isso chamamos catlica e essa Igreja, porque é universal, e se espalha por todas as partes do mundo, estende-se por todos os tempos e no é limitada pelo tempo ou pelo espao. Condenamos, portanto, os donatistas, que confinavam a Igreja a no sei que cantos da frica, e no aprovamos o clero romano, que vive a propalar que s a Igreja de Roma é Catlica.

Por ltimo, a Confisso de F de Westminster, concluda em 1646, tambm afirma e declara a catolicidade da igreja como algo conceito fundamental da f crist, e esta Confisso tambm afirma que tanto a igreja invisvel como a igreja visvel, ambas so catlicas, pois o Evangelho catlico e no est um lugar, tempo ou nao. No captulo 25 l-se:

I. A Igreja Catlica ou Universal, que invisvel, consta do nmero total dos eleitos que j foram, dos que agora so e dos que ainda sero reunidos em um s corpo sob Cristo, seu cabea; ela a esposa, o corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todas as coisas.

II. A Igreja Visvel, que tambm catlica ou universal sob o Evangelho (no sendo restrita a uma nao, como antes sob a Lei) consta de todos aqueles que pelo mundo inteiro professam a verdadeira religio, juntamente com seus filhos; o Reino do Senhor Jesus, a casa e famlia de Deus, fora da qual no h possibilidade ordinria de salvao.

notvel, portanto que, os principais documentos antigos da Igreja crist (Credo Apostlico, Catecismo de Heidelberg, Confisso Belga, Segunda Confisso Helvtica e a Confisso de F de Westminster) acreditavam, afirmavam e declaravam a catolicidade da igreja e da f crist, ou seja, a igreja crist uma comunho de todos os verdadeiros cristos em todos os lugares e pocas, no decorrer da histria. Uma igreja que no est restrita um determinado tempo, local ou denominao, mas que gerada e preservada pelo evangelho, e sustentada pela graa de Deus por toda a eternidade.

Portanto, faz-se necessrio resgatar a catolicidade da igreja e da f crist nos dias de hoje, se quisermos uma melhor compreenso do evangelho e da misso da igreja neste mundo. Os principais documentos se referiam igreja catlica, e hoje, ns no precisamos ter medo de referir nossa f crist como sendo catlica, contanto que no faamos confuso com a errnea concepo de catolicismo da Igreja de Roma. Mas porque esta compreenso importante para nossa f e nossa misso neste mundo?

II. A Catolicidade na Prtica

Em 1888, o telogo holands Herman Bavinck, em um artigo sobre a catolicidade do cristianismo e da igreja , escreveu que catolicidade possui trs significados: (1) Se refere Igreja como um todo unificado, em contraste com as congregaes locais dispersas que compem o todo e so includas na mesma. A igreja local pode, no entanto, legitimamente chamar-se catlica porque ela se liga Igreja universal. (2) Catolicidade tambm se refere unidade da igreja como abrangendo todos os crentes de todas as naes, em todos os tempos e lugares. (3) E em terceiro lugar, a catolicidade se refere totalidade da experincia humana. Ele diz que o termo catolicidade perfeitamente possui todas as doutrinas relativas tanto as coisas visveis quanto invisveis que os seres humanos precisam saber; ela fornece cura para todos os tipos de pecado, seja do corpo ou da alma; ela produz todas as virtudes e boas obras, e partilha de todos os dons espirituais. Em outra palavras, Bavinck j falava do evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens. sobre isso que a catolicidade da igreja nos fala.

No entanto, vivemos em um mundo onde a nossa cultura contempornea se desenvolve sem qualquer referencia f e a igreja crist, e ao perdermos o conceito de catolicidade, amos a viver neste mundo como se estivssemos em uma batalha individualista onde todos lutam por conta prpria e sua prpria maneira, em vez de em uma campanha organizada O conflito caracterizado por uma luta contra os pecados individuais, enquanto a raiz de todos os pecados muitas vezes negligenciada. Em outras palavras, ao perdermos de vista a integralidade do evangelho e da comunho dos santos, amos a agir no mundo de maneira individual e egosta.

Qual o resultado disto? Bem, perdida a noo de catolicidade, e na tentativa de lidar com os problemas da igreja de maneira egosta, surgem os cismas, seitas e as diversas fragmentaes e divises das igrejas evanglicas. Quando cada pessoa, dentro de nossas igrejas, vive e luta com as prprias armas, de maneira individual e egosta, a unidade da doutrina e da igreja quebrada. E quando isso acontece, afirma Bavinck, os cristos violentam a comunho dos santos, privam-se dos dons do Esprito da graa, pelos quais os santos trabalharam para construir, se trancam em seu prprio crculo, promovem o orgulho espiritual, fortalecem Roma, e do ocasio ao desprezo e zombaria mundial.

Se o evangelho a verdade absoluta para todas as reas da vida, se ele prov cura para todos os tipos de pecados para o homem todo, em sua integralidade e totalidade, e se ele produz todas as virtudes e boas obras necessrias para a vida em sociedade, ento, urgente a necessidade de resgatar essa integralidade do evangelho, da igreja e da f crist.

Um dos legados que os reformadores nos deixaram ao enfatizar a catolicidade da igreja, que a verdadeira igreja crist no deve ser vista como uma instituio qualquer que pode ser banida da sociedade, mas sim, como uma organizao instituda pelo prprio Deus, edificada por Cristo, fundamentada no evangelho e que luta ativamente contra o pecado e o domnio do mal em todas as esferas da sociedade. A catolicidade da igreja nos fala de uma igreja em seu carter absoluto, possuindo a verdade absoluta, que precisa abandonar a ividade e se tornar ativa em seu engajamento no mundo criado por Deus. Afinal de contas, a f no evangelho de Jesus Cristo, que tambm catlico ou universal que traz cura para qualquer situao, em qualquer cultura e em qualquer tempo.

A correta compreenso da catolicidade da igreja e da f crist traz, portanto, implicaes prticas para a igreja. Ns, como cristos e membros da igreja de Cristo, temos o dever e a responsabilidade de nos engajarmos ativamente na sociedade, ao mesmo tempo em que lutamos contra o pecado e demonstramos como o evangelho possui a cura para o mal em qualquer esfera da sociedade. Diferente da Igreja de Roma, a Reforma Protestante nos encoraja a no nos posicionarmos contra a cultura, contra o estado, a sociedade, a arte e a cincia. Muito pelo contrrio, ao enfatizar a catolicidade da igreja e da f crist, a Reforma nos encoraja a nos envolver no mundo, seguindo nossas vocaes, a trabalhar e a agir no mundo em obedincia ao mandatos cultural, social e espiritual. A f crist reformada no est restrita ou limitada pelo tempo ou pelo espao, mas catlica e universal. E como bem disse Guilherme de Carvalho, essa catolicidade no est no romanismo mas sim no evangelho e na universalidade de Jesus Cristo.

Consideraes Finais

Diante de tudo isto, fundamental que resgatemos as vozes dos credos, dos reformadores e das confisses reformadas e busquemos uma compreenso mais abrangente e prtica da catolicidade da igreja e da f crist. Eu creio que a igreja crist, que catlica ou universal, a esperana para o mundo. a pura, santa e perfeita comunho dos santos preservada e sustentada por toda a eternidade. desta igreja que o mundo precisa. deste evangelho integral que o mundo precisa; este evangelho que tem uma mensagem no apenas para a igreja, mas para todas as esferas da sociedade; este evangelho que tem algo a dizer no apenas aos cristos, mas para toda a nossa cultura mergulhada no pecado.

Na catolicidade ns enxergamos a igreja como a a multiforme sabedoria de Deus (Cf.: Efsios 3:10), e quando compreendemos esta catolicidade to enfatizada pelos credos e confisses reformadas da igreja, nos envolvemos no mundo criado por Deus, em todas as suas esferas, e demonstramos com palavras e aes que a cura para todo o mal no mundo est no evangelho de Jesus Cristo e na verdadeira igreja crist, na comunho dos santos. Por fim, nas palavras de Cirilo de Jerusalm (313-386 d.C): A Igreja [...] chamada Catlica porque se espalhou por todo o mundo, de um extremo ao outro da terra, e porque ela nunca cessa de ensinar em toda a sua plenitude cada doutrina que os homens devem ser levados a conhecer: e isso com respeito a coisas visveis e invisveis, no cu e na terra. Ela chamada Catlica tambm porque traz obedincia todo tipo de homens, governantes e governados, eruditos e simples, e porque um tratamento e cura universal para cada tipo de pecado perpetrado, seja pela alma ou pelo corpo, e possui nela cada forma de virtude que se nomeia, seja isso expresso em atos ou obras ou em cada graa espiritual que se pode descrever.

Notas:
1. J. Todd Billings, Catholic and Reformed: Rediscovering a Tradition, Pro Ecclesia 23, no 2 (Maro, 2014), p. 132 (Traduo nossa).

2. Herman Bavinck, The Catholicity of Christianity and the Church, trad. John Bolt. Calvin Theological Journal 27, no. 2 (1992).

3. Bavinck, The Catholicity of Christianity and the Church, p. 221.

4. Bavinck, The Catholicity of Christianity and the Church, p. 247-248.

5. Bavinck, The Catholicity of Christianity and the Church, p. 249.

6. Guilherme de Carvalho, F em Busca de Catolicidade, ado em 18 de Maro de 2016. http://ultimato.com.br/sites/guilhermedecarvalho/2016/01/11/fe-em-busca-de-catolicidade.

7. Herman Bavinck, Reformed Dogmatics, org. John Bolt, vol. 3 (Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2008), p. 282.

8. Cirilo de Jerusalm, Epstolas Catequticas (XVIII, 23).

Thiago Machado Silva

QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 223i1k

Ultimato quer falar com voc.

A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Leia mais em Opinio 2l1v6s

Opinio do leitor 1t5dh

Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Ainda no h comentrios sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.