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Opinio 3pp3w

O homem e a terra: quem precisa de quem? 5m3310

Por Joo Leonel
A crise ambiental, com facetas concretas, mundial e est presente na pauta de organismos internacionais e de grandes economias globais.

A busca por legislaes vigorosas quanto proteo, e dinmicas quanto a aes preventivas, tornou-se uma pauta constante.

O Brasil, por questes geogrficas e territoriais, por sua diversidade ambiental e por conter a maior parte da floresta amaznica, ocupa posio de destaque no quadro geopoltico.

Em meio a uma legislao mutante, enfrentamento de revoltas ambientalistas, presses do agronegcio e de pecuaristas, o governo assume posturas pouco eficazes, para no dizer contrrias, frente s preocupaes mundiais com o planeta.

Inseridos nesse caldeiro fumegante, ns, cristos, corremos o risco de no discernirmos os tempos e as sendas divinas, caso continuemos insensveis voz das Escrituras e daqueles que nos cercam.

A relao do ser humano com a natureza manifesta nas artes em suas vrias facetas. A produo artstica revela os sentimentos humanos mais internos, bem como as relaes da humanidade com o mundo que a cerca. Considerar a produo artstica, em suas variadas vertentes, significa ser sensvel nossa prpria voz, posta em outros lbios, por vezes expressando aquilo que no conseguimos articular.

Nesse contexto, refletindo sobre a relao do cristo com a criao, transcrevo abaixo um soneto do poeta rcade brasileiro Claudio Manuel da Costa (1729-1789).

Soneto LXXXI

Junto desta corrente contemplando
Na triste falta estou de um bem, que adoro;
Aqui entre estas lgrimas, que choro,
Vou a minha saudade alimentando.

Do fundo para ouvir-me vem chegando
Das claras hamadrades o coro;
E desta fonte ao murmurar sonoro,
Parece, que o meu mal esto chorando.

Mas que peito h de haver to desabrido,
Que fuja minha dor! que serra, ou monte
Deixar de abalar-se a meu gemido!

Igual caso no temo, que se conte;
Se at deste penhasco endurecido
O meu pranto brotar fez uma fonte.


Como todo bom rcade, Cludio Manuel da Costa tem como tema central o amor musa. No arcadismo, o amor comumente ambientado em cenrios pastoris, que fornecem o tom agradvel e propcio para a relao entre os amantes.

No soneto acima, os elementos campestres, alm de trazerem o amor ao ambiente ideal, exercem papel ativo, como o de um personagem.

Esto presentes serra, monte, penhasco, florestas (representadas pelas hamadrades) e, acima de todos, uma corrente (de guas), identificada tambm como fonte.

Os primeiros elementos destacam o deslocamento do cenrio ameno para outro, em convulso, onde serras e montes so abalados pelo gemido do amante. Da mesma forma, o coro das ninfas, vindo da floresta, chega silencioso. E ao ouvir as lamrias do eu lrico, canta lamentoso.

A corrente/fonte exerce papel central como lugar de guas para onde as lgrimas vertidas pelo amante choroso se dirigem. Mas tambm atua como nascente que surge a partir das lgrimas saudosas que se depositam no penhasco, fazendo surgir dele uma fonte.

A natureza testemunha do sofrimento pela ausncia da pessoa amada. necessrio que o eu lrico compartilhe sua dor, que a corrente esteja ao seu lado, que as florestas tragam consolo e canto de solidariedade, e que, dessa dor surja a gua que ir dessedentar futuros amantes.

H, no poema, uma parceria delicada, respeitosa, emptica entre aquele que sofre de amor e a natureza, sua cmplice.

Por meio dessa expresso artstica e sensvel dos sentimentos do corao humano somos remetidos ao texto fundante da f judaico-crist de Gnesis 2.

Deus forma (modela) o homem do p da terra (Gn 2.7). O ser humano, adam, criado a partir da Terra, adamah. Os termos hebraicos compartilham a mesma raiz, cujo sentido bsico vermelho.

A terra vermelha precisa ser trabalhada por Deus para que o homem seja criado. Primeiro, para estar em condies de model-la, Deus umedece a terra com uma neblina (2.6). Aps a feitura do homem, Deus cria o jardim do den para que seja cultivado e protegido por ele (2.8, 15).

O homem tambm necessitou ser trabalhado. Aps ser moldado, ele era um boneco de barro esttico, sem vida. Foi preciso que Deus soprasse nas suas narinas o flego da vida (2.7).

Ambos, homem e terra, so dependentes de Deus. Vm existncia pelas mos poderosas do criador e so mantidos por seu cuidado. Ao mesmo tempo, h uma dependncia mtua. A terra precisa que o homem a cultive e a proteja. Este, igualmente, necessita de seu espao, de suas plantas e frutos para sobreviver.

Na cena da criao vemos o princpio fundamental de interdependncia entre natureza e ser humano to necessrio para a conscincia de participao responsvel de cada um de ns na preservao e recuperao do planeta onde vivemos.

O tema no central apenas no Gnesis. Ele continua em toda a Bblia, constituindo uma tradio e uma linha teolgica fundamental que se estende at o ltimo livro do cnon o Apocalipse.

Aps os embates da Igreja e o Cordeiro contra o Drago, as bestas e a Babilnia, vemos a restaurao final. Ela descrita a partir do novo cu e nova terra (Ap 21.1) e da Nova Jerusalm que desce do cu (Ap. 21.2), tendo como ponto central uma praa e, no centro dela, a rvore da vida (Ap 22.2).

De forma explcita esta uma referncia rvore da vida do Gnesis (2.9), que remete relao de unidade e dependncia ente natureza e humanidade. Adam protege e defende adamah. Esta, por sua vez, d a ele o fruto que o mantm vivo.

Como o soneto prope, a natureza um sujeito no plano das aes planetrias. Ela nossa parceira, nossa testemunha, dependente de ns e, pelo que presenciamos atualmente, testemunha de acusao contra nossos pecados diante de Deus.

Ns somos filhos da adamah, e como filhos temos a responsabilidade de cuidar dela. Assim como Deus criou e zelou da natureza, ns, adam, o representamos em tal empreitada.

Explorao predatria, destruio de recursos naturais, produo indiscriminada de vrias formas de lixo, assim como outras aes, constituem matricdio, pelo qual a humanidade e ns, cristos, j pagamos um preo excessivamente alto.

Joo Leonel professor no Seminrio Presbiteriano do Sul, Campinas (SP), e na graduao e ps-graduao em Letras, Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP. autor dos e-booksPerguntas de Quem Sofre: uma leitura do Livro de J,Apocalipse para Hoje: aplicao e atualidade da Revelaoe, em parceria com Gladir Cabral,O Menino e o Reino: meditaes dirias para o Natal, todos pela Editora Ultimato.

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