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Opinio 3pp3w

Armrio de dor c3310

Eugenio Petraconi

Poderamos pensar o longa Guerra ao Terror (The Hurt Locker, Estados Unidos, 2008/9), da diretora Kathrin Bigelow, partindo de vrios pressupostos.

Um crtico voltado para uma anlise mais psicolgica possivelmente trataria o filme como uma metfora. Ou seja, veria no sargento William James (interpretado pelo o ator de TV Jeremy Renner) um prottipo da mentalidade da sociedade norte-americana, e seu vcio como smbolo de um vcio maior que abarcaria a todos os seus compatriotas.Tanto James, batizado com o nome de um importante expoente do pragmatismo essa filosofia to americana , quanto os prprios estadunidenses, teriam na complacncia (frente abundncia consumista) e no tdio da vida politicamente correta as fontes de sua prpria fascinao pela violncia; uma verdadeira neurose pela adrenalina. A frase que inicia o filme, do jornalista Chris Hedges, traria a chave para esta compreenso: A agitao da guerra um vcio potente e geralmente letal, pois a guerra uma droga. E os americanos estariam, portanto, voltados para o combate como uma forma de calar dentro de si mesmos sua prpria mediocridade, seu prprio vazio, digamos, existencial.

J um crtico de orientao marxista possivelmente veria Guerra ao Terror por um vis mais ideolgico. Os sargentos James e J. T. Sanborn e o especialista Owen Eldridge navegam por um Iraque dantesco como soldados da liberdade; no como uma equipe de lanadores de bombas, mas aquela que as desarma. A violncia no filme parte dos outros, daqueles nativos com suas barbas crespas e sua lngua enrolada. So os iraquianos os perpetradores da violncia que o exrcito americano tenta apenas conter.No mnimo, expectadores imunes ao sofrimento de seus prprios conterrneos, os iraquianos so no mais do que lagartos traioeiros espreita, capazes das piores atrocidades, at mesmo de mutilar crianas presumivelmente inocentes. Diria o crtico esquerdista: Guerra ao Terror nada mais do que um pedao de propaganda norte-americana, dedicado memria de inocentes lutadores da justia, vitimados por monstros barbudos incapazes de viver em sociedade com o mundo e com sua prpria gente. E os americanos se veriam obrigados a lutar contra tamanha vilania em sua justa jornada pela pacificao e harmonizao de todo o mundo, conquistando povos dissidentes sob a gide de preceitos pseudocristos arregimentados pelo fraternal imprio da bandeira estrelada.

Um crtico mais tcnico, entretanto, possivelmente veria em Guerra ao Terror a vitria do cinema independente, libertrio, em oposio manipulao dos grandes estdios de Hollywood, que tentam nos entorpecer a capacidade de reflexo, drogando-nos com fbulas medocres, recheadas de efeitos especiais, mas sem consistncia alguma. Sim, Guerra ao Terror seria o golpe de resistncia de uma parcela da humanidade que se nega a permanecer refm dos grandes monoplios miditicos, que manipulam as mentes na tentativa de tornar a todos meros consumidores letrgicos, incapazes de raciocinar e impelidos a aplaudir qualquer bobagem do naipe de Avatar. Com sua esttica de documentrio e sua busca por revelar o real, Guerra ao Terror seria o libelo frente doutrinao do cinema de entretenimento, personificado em James Cameron e sua farsa 3D. E as pessoas deveriam, portanto, se alegrar com a vitria do mirrado Davi contra o to espalhafatoso Golias, o que aponta para um futuro de mentes livres da dominao da cultura de massa e prontas para abraar a diversidade. Que o Oscar contemple em breve tambm um primeiro diretor negro, um primeiro diretor do Terceiro-Mundo e um primeiro diretor com qualquer outra caracterstica etc.

No entanto, convido os leitores a uma reflexo.

Certamente Guerra ao Terror traz vislumbres da psique americana e de sua fascinao pela violncia. Mas, no mpeto de escancarar tamanho fascnio, no incorreramos no j rotineiro erro de banalizar a prpria violncia? Convenhamos, o sargento William James nada mais do que um novo Capito Amrica, e o Iraque de Bigelow no deixa nada a desejar demonaca Alemanha nazista. Neste sentido, Guerra ao Terror no a de uma historinha de super-heri.

Certamente este filme tenta ar uma mensagem ideolgica. E realmente glorifica o esforo dos soldados americanos, mostrando os iraquianos como vtimas de si mesmos chegando at a censurar sutilmente a tentativa de amizade entre povos to dspares. Porm, no mpeto de rechaar a glorificao aos G. I. Joes, no incorreramos no j rotineiro erro de glorificar as aes de seus opositores? A questo permanece: a quem daramos razo neste sangrento conflito?

Certamente Guerra ao Terror demonstra que h outras possibilidadescinematogrficas, e que o cinema no refm de produes de meio bilho de dlares e/ou avanos tecnolgicos invejveis. Mas, no seriam ambos to somente fbulas cinematogrficas? Guerra ao Terror no seria um produto de fico, apenas a opinio de algum sobre um determinado tema, uma farsa do mesmo calibre de Avatar?

Questionamentos deste porte so realmente complexos e exigem uma reflexo bem mais apurada o que este escritor no se prope a fazer. Ademais, deve haver um grande nmero (centenas, seno milhares) de crticas que tratam os temas expostos com bastante propriedade. Existe, no entanto, uma lacuna a ser suprida: o que diria um crtico cristo a respeito de Guerra ao Terror? Como seria sua leitura do filme?

Mesmo impossibilitado de delinear uma abrangente crtica teolgica, este calejado crtico, que cristo, atreve-se a uma pequena opinio, a apontar algo que lhe cativou olhos e ouvidos.

Incapaz de salvar um angustiado pai de famlia iraquiano, cujo corpo havia sido envolto em explosivos, o sargento Sanborn (o geralmente coadjuvante Anthony Mackie) chora e fala de seu desejo de abandonar a guerra e finalmente ter um filho; em suas prprias palavras, ter algum que se lembrasse dele, algum que realmente fosse se importar. O mpeto de Sanborn bem poderia ser traduzido como o desejo de buscar algo que fizesse dele uma pessoa, que conferisse a ele humanidade, que trouxesse sentido sua vida.Vivendo na desolao do deserto iraquiano, o sargento percebe a necessidade de se importar com algum, de cuidar de algum, de deixar um legado. E qual certeza teria ele em relao a seu filhos? Quem poderia garantir a segurana, a preservao da vida e a felicidade deles? Mais do que isto, quem pode nos garantir que seremos amados e no, to somente, esquecidos? No seria ter o filho um risco maior do que desarmar morteiros no deserto?

Interessante perceber que the hurt locker nada mais do que uma gria que traz a ideia de um lugar de uma dor invel uma expresso surgida no Vietn como o lugar para onde vai algum ferido por uma exploso.

E se no h guerra ao terror em The Hurt Locker, qual seria o sentido de tudo? Qual seria este lugar de dor invel no filme?

Para uns, talvez seja no ter ningum com quem contar; ningum que se importe. J para outros, talvez seja ter este algum, mas por medo de correr o risco de se doar por ele preferir se gastar em algo que lhe entorpea a mente, em uma fuga que lhe oferea uma pretensa sensao de prazer.

E seria demasiado pensar neste risco como algo bem mais invel para o sargento William James do que apenas outros 365 dias caando explosivos nas runas iraquianas?

Lembrei-me da cano do pianista Keith Green: No h amor maior do que entregar a sua prpria vida por algum.

O resto, na opinio deste simples crtico, to somente... outra iluso.

Leia tambm
A teologia de Avatar, Christian Gillis


Eugenio Petraconi jornalista e membro da Igreja Batista da Redeno, em Belo Horizonte, MG. www.petraconi.com

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