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27 de maro de 2025
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A velhice e a Bblia 591t3r
Ao voltar-se para a Bblia, o leitor se surpreender com a abrangncia na abordagem do envelhecimento humano
Por Wilson Nunes
O famoso escritor C.S. Lewis menciona sua convico no cristianismo declarando que acreditava no cristianismo como acreditava no sol que se levantava, no apenas porque via o sol, mas porque podia ver todas as outras coisas atravs da luz irradiada por ele. Para C. S. Lewis o cristianismo proporcionava essa forma abrangente ou transcendente de ver o mundo.
Semelhantemente, penso que o gerontlogo ao voltar-se para a Bblia expondo-se sua luz se surpreender com a abrangncia e a atualidade da literatura bblica na abordagem do tema do envelhecimento humano. Neste sentido, apresentando o tema da velhice na perspectiva do Antigo e do Novo Testamento formulamos expectativas de oferecer uma contribuio mpar para os estudos cientficos alm de um incentivo ao compromisso de garantir s pessoas idosas condio de vida mais humana em uma sociedade de contnua e rpida transformao. Nossa reflexo acerca da velhice a partir da literatura bblica nos permitiram pontuar trs ordens de contedos cujas especificidades discorremos a seguir.
Concepes bblicas acerca das pessoas idosas
Para o povo de Israel, a vida longa era vista mais como beno do que como carga. Chegar velhice era considerado como recompensa pela piedade, um sinal do favor divino. "[...] e nunca se desvie do caminho que ele lhe mostra. Assim tudo correr bem para todos vocs, e vivero muitos anos na terra que vo possuir" (Dt 5.33)."Mais uma vez os velhinhos e as velhinhas, com as suas bengalas na mo, vo se sentar nas praas de Jerusalm" (Zc 8.4). A velhice era considerada parte geral do propsito de Deus para uma vida normal. Longe de ser vista como uma situao atpica ou como um simples acidente, ela enfatizada como algo a se esperar da parte de Deus, como se Deus mesmo conspirasse por uma vida longa para todos os indivduos. O patriarca Abrao um modelo e sua longevidade foi considerada como sinal de beno divina. "Abrao viveu cento e setenta e cinco anos. Ele morreu bem velho e foi reunir-se com os seus anteados no mundo dos mortos" (Gn 29.26, 28). A velhice tambm tinha a sua prpria glria e dignidade. As Escrituras enfatizam a beleza da velhice ao valorizar o idoso cuja experincia acumulada e sabedoria so fonte de riqueza humana para todas as pessoas. "A beleza dos jovens est na sua fora, e o enfeite dos velhos so os seus cabelos brancos" (Pv 20.29). "Uma vida longa a recompensa das pessoas piedosas; os seus cabelos brancos so uma coroa de glria" (Pv 16.31). A velhice, em vez de descartvel, vista como tempo de frutificar e produzir. Provavelmente a lio mais til, derivada deste estudo, seja o fato de a Bblia considerar a velhice como uma fase altamente produtiva. Mais uma vez as palavras das Escrituras nos instruem, mostrando que o poder de Deus pode ser revelado na velhice, mesmo ao indivduo vivendo em meio s limitaes e dificuldades. Quando a vida se torna mais difcil e sente mais fraco, os idosos tm razo para sentir que eles so instrumentos teis nas mos do Seu Criador e que podem, mesmo na velhice, tornarem-se produtivos e frutferos em suas vidas. "Na velhice essas pessoas ainda produziro frutos; estaro sempre fortes e cheias de vida, dispostas a anunciar que o Eterno justo" (Sl.92 15). Moiss guiou o povo de Israel pelo deserto dos 80 aos 120 anos. Bate-Seba, em sua velhice, participou do reinado junto com o seu filho Salomo (IRe.2 19) e, Ana, [...] avanada em dias, falava ao povo sobre as consolaes de Israel (Lc.2 36-38).
V-se, portanto, que o envelhecimento no precisa ser reputado de modo to negativo ou como um castigo que aguarda o homem no futuro. Essa era a opinio dos intelectuais gregos e de muitos nos dias atuais, mas a opinio da Bblia que a velhice beno de Deus, e uma fase que pode ser construtiva e repleta de realizaes. Todavia, a literatura bblica no ignora as perdas e as dores que podem acompanhar o envelhecimento. A Bblia revela que no devemos ter iluses sobre esta fase da vida, ela lembra que a vida a como uma brisa, mas nem sempre uma brisa suave ou uma brisa que indolor. "[...]nossa vida termina como um sopro. S vivemos uns setenta anos, e os mais fortes chegam aos oitenta; mas esses anos s trazem canseira e aflies. A vida a logo, e ns desaparecemos" (Sl. 90 10). Como acontece nos dias de hoje, tambm naquele tempo, a velhice operava um desgaste no organismo do homem. Era comum aos idosos daquela poca sofrerem muitas perdas e declnios em suas vidas. A velhice ao promover perdas, podia ser percebida como "dias maus. "Lembre-se do seu Criador antes que venham os dias maus, e cheguem os anos em que voc dir: No tenho mais prazer na vida" (Ec.12 1). Este texto de Eclesiastes uma advertncia aos jovens para comear a se preparem para a velhice. Isto um toque bblico muito atual, pois, nos nossos dias a preveno mdica vista como uma proteo para muitos problemas da velhice. O texto ainda descreve com muito realismo algumas perdas fsicas que acompanham a velhice: Perda da viso "Lembre-se dele antes que chegue o tempo em que voc achar que a luz do sol, da lua e das estrelas perdeu o seu brilho e que as nuvens nunca vo embora" (Ec 12.2), "A sua viso ficar to fraca, que voc no poder mais ver as coisas claramente" (Ec 12.3c); tremor nas mos e pernas fracas "Ento os seus braos, que sempre o defenderam, comearo a tremer, e as suas pernas, que agora so fortes, ficaro fracas" (Ec 12.3a); perda dos dentes "Os seus dentes cairo, e sobraro to poucos, que voc no conseguir mastigar a sua comida" (Ec 12.3b); perda de audio "Voc ficar surdo e no poder ouvir o barulho da rua. Voc quase no conseguir ouvir o moinho moendo ou a msica tocando."(Ec 12.4a); dormir menos "E levantar cedo, quando os arinhos comeam a cantar" (Ec 12.4b); ter mais fobias "Ento voc ter medo de lugares altos, e at caminhar ser perigoso" (Ec 12.5a); perda do paladar "Os seus cabelos ficaro brancos, e voc perder o gosto pelas coisas" (Ec 12.5b).
Leis que garantiam o respeito s pessoas idosas
Nos tempos bblicos os ancios gozavam de grande importncia. Era comum atribuir a eles a autoridade para orientar, ou liderar tanto grupos polticos, religiosos como tambm famlias. A lei judaica sempre exigiu grande respeito pelos idosos e impunha famlia e sociedade a responsabilidade moral de cuidar de seus membros idosos e de trat-los com mxima dignidade e valor. Aos idosos garantida a honra e o respeito: "Respeite o seu pai e a sua me para que voc viva muito tempo na terra que estou lhe dando" (Ex 20.12); "Fiquem de p na presena das pessoas idosas e as tratem com todo o respeito; e honrem a mim, o Deus de vocs. Eu sou o Deus Eterno" (Lv. 9.32); "Escute o seu pai, pois voc lhe deve a vida; e no despreze a sua me quando ela envelhecer" (Pv 23.22); "No repreenda um homem mais velho, mas o aconselhe como se ele fosse o seu pai" (1Tm 5.1).
A dimenso crist vai propor Igreja uma ao contnua em prol da pessoa idosa (At 6.1-3). Amar e respeitar o ancio na histria do Novo Testamento era questo de princpio e honra (Tg 1.27; 2.1,8,9). Tambm no se pode deixar de notar a preocupao de Deus para com os idosos registrada nas seguintes referncias (Is 46.4; Ex 22.22; Is 1.17; Zc 7.10).
Os deveres das pessoas idosas
Os ancios eram considerados os mais sbios e consequentemente os mais capacitados a assumir funes de liderana nas instituies. No h dvida de que se preservou esse respeito pelos idosos, mas isso no queria dizer que se devotasse uma obedincia cega aos mais velhos. A nfase bblica recaa mais na qualidade de carter, o fator importante era a moral, e no a idade. "Diga aos mais velhos que sejam moderados, srios, prudentes e firmes na f, no amor e na perseverana. Diga tambm s mulheres mais idosas que vivam como pessoas que tm vida santa. Que elas no sejam caluniadoras nem escravas do vinho. Que ensinem o que bom, para que a mulheres mais jovens aprendam a amar os seus maridos e filhos" (Tt 2.2-4). As pessoas idosas eram consideradas responsveis para servirem de elo com as geraes futuras reando as lies aprendidas. "Tu tens me ensinado desde a minha mocidade, e eu continuo a falar das coisas maravilhosas que fazes. Deus, no me abandones agora que estou velho e de cabelos brancos. Fica comigo enquanto anuncio o teu poder e a tua fora a este povo e aos seus descendentes" (Sl 71.17-18).
Para a literatura bblica a velhice , portanto, o perodo em que homens e mulheres devem fazer a colheita da experincia de toda a sua vida, fazer um balano entre o que essencial e o que suprfluo e alcanar o nvel de grande sabedoria e serenidade. tambm o perodo em que podem realizar um relevante papel na sociedade: deixar um legado. Todas as pessoas idosas esto ando um legado gerao seguinte. Legado espiritual, emocional e social am de pai para filho, bom ou mal. Se verdade que o homem vive sob a herana dos que o precederam e que seu futuro depende definitivamente dos valores dos mais velhos, ento a sabedoria e a experincia dos idosos podem iluminar os os das geraes mais jovens no caminho do progresso em direo a uma forma cada vez mais completa de civilizao. Entender o valor de um legado deixado a outros, olhar para frente e saber que se pode influenciar o futuro o grande papel dado a todas as pessoas idosas. H em ns um sentimento de que h mais para esta vida do que viver e morrer, ansiamos por algo mais, queremos saber de onde viemos, para onde vamos e onde nos encontramos nesse grande projeto da existncia. Ora, no seria uma grande riqueza quando colocado em nossas vidas uma pessoa idosa que pode aliviar o peso destas questes oferecendo sbias respostas? Sem dvida, este o forte legado e a grande herana que que as pessoas idosas devem estender e a todos abenoar. A Bblia escreve este plano: Ele estabeleceu um testemunho em Jac, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova gerao os conhecesse, filhos que ainda ho de nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiana e no se esquecessem dos feitos de Deus mas lhe observassem os mandamentos [...] (Sl 78.5-7).
Concluindo, ao examinarmos o tema da velhice no contexto bblico, do ponto de vista do Antigo e Novo Testamento, podemos inferir diversas referncias importantes e esclarecedoras em relao ao envelhecimento humano. A luz irradiada pelas Escrituras sobre os diversos temas relativos velhice poder contribuir para uma visualizao mais clara do quadro completo dessa realidade. Acreditamos que palestras, debates, eventos e todo e qualquer tema gerontolgicos jamais seria o mesmo depois de serem abordados pelo vis bblico com a devida aplicao da cosmoviso crist. Dessa perspectiva, o resgate da literatura bblica e dos seus ensinamentos relativos ao envelhecimento se tornam cruciais para o avano da cincia gerontolgica em seu intuito de oferecer uma viso mais humana e, por conseguinte, uma viso acerca do tipo de ambiente social mais propcio que desejamos viver.
Artigo publicado na edio 006 da Revista Virtual Mdicos de Cristo. Reproduzido com permisso.
Imagem: Unsplash.
REVISTA ULTIMATO COMO VIVEM OS QUE TM ESPERANA
Com a matria Como vivem os que tm esperana, Ultimato quer colocar Cristo no centro e enfatizar que a vida dos que tm esperana atrai outros para a Esperana. Quer lembrar que a comunidade dos que tm esperana deve ser uma ponte para aqueles que am por necessidades, cuja esperana para o futuro no sustentada pela experincia de bno no ado, que no conheceram cura, ou f, ou prosperidade e que no tm esperana.
disso que trata a matria de capa da edio 412 da revista Ultimato. Para , clique aqui.
Saiba mais:
Aprender a Envelhecer, Paul Tournier
Fui Moo, Agora Sou Velho. E Da?, Klos Magalhes Lenz Csar
Envelhecemos - A arte de continuar, edio 404 de Ultimato
Por Wilson Nunes

Semelhantemente, penso que o gerontlogo ao voltar-se para a Bblia expondo-se sua luz se surpreender com a abrangncia e a atualidade da literatura bblica na abordagem do tema do envelhecimento humano. Neste sentido, apresentando o tema da velhice na perspectiva do Antigo e do Novo Testamento formulamos expectativas de oferecer uma contribuio mpar para os estudos cientficos alm de um incentivo ao compromisso de garantir s pessoas idosas condio de vida mais humana em uma sociedade de contnua e rpida transformao. Nossa reflexo acerca da velhice a partir da literatura bblica nos permitiram pontuar trs ordens de contedos cujas especificidades discorremos a seguir.
Concepes bblicas acerca das pessoas idosas
Para o povo de Israel, a vida longa era vista mais como beno do que como carga. Chegar velhice era considerado como recompensa pela piedade, um sinal do favor divino. "[...] e nunca se desvie do caminho que ele lhe mostra. Assim tudo correr bem para todos vocs, e vivero muitos anos na terra que vo possuir" (Dt 5.33)."Mais uma vez os velhinhos e as velhinhas, com as suas bengalas na mo, vo se sentar nas praas de Jerusalm" (Zc 8.4). A velhice era considerada parte geral do propsito de Deus para uma vida normal. Longe de ser vista como uma situao atpica ou como um simples acidente, ela enfatizada como algo a se esperar da parte de Deus, como se Deus mesmo conspirasse por uma vida longa para todos os indivduos. O patriarca Abrao um modelo e sua longevidade foi considerada como sinal de beno divina. "Abrao viveu cento e setenta e cinco anos. Ele morreu bem velho e foi reunir-se com os seus anteados no mundo dos mortos" (Gn 29.26, 28). A velhice tambm tinha a sua prpria glria e dignidade. As Escrituras enfatizam a beleza da velhice ao valorizar o idoso cuja experincia acumulada e sabedoria so fonte de riqueza humana para todas as pessoas. "A beleza dos jovens est na sua fora, e o enfeite dos velhos so os seus cabelos brancos" (Pv 20.29). "Uma vida longa a recompensa das pessoas piedosas; os seus cabelos brancos so uma coroa de glria" (Pv 16.31). A velhice, em vez de descartvel, vista como tempo de frutificar e produzir. Provavelmente a lio mais til, derivada deste estudo, seja o fato de a Bblia considerar a velhice como uma fase altamente produtiva. Mais uma vez as palavras das Escrituras nos instruem, mostrando que o poder de Deus pode ser revelado na velhice, mesmo ao indivduo vivendo em meio s limitaes e dificuldades. Quando a vida se torna mais difcil e sente mais fraco, os idosos tm razo para sentir que eles so instrumentos teis nas mos do Seu Criador e que podem, mesmo na velhice, tornarem-se produtivos e frutferos em suas vidas. "Na velhice essas pessoas ainda produziro frutos; estaro sempre fortes e cheias de vida, dispostas a anunciar que o Eterno justo" (Sl.92 15). Moiss guiou o povo de Israel pelo deserto dos 80 aos 120 anos. Bate-Seba, em sua velhice, participou do reinado junto com o seu filho Salomo (IRe.2 19) e, Ana, [...] avanada em dias, falava ao povo sobre as consolaes de Israel (Lc.2 36-38).
V-se, portanto, que o envelhecimento no precisa ser reputado de modo to negativo ou como um castigo que aguarda o homem no futuro. Essa era a opinio dos intelectuais gregos e de muitos nos dias atuais, mas a opinio da Bblia que a velhice beno de Deus, e uma fase que pode ser construtiva e repleta de realizaes. Todavia, a literatura bblica no ignora as perdas e as dores que podem acompanhar o envelhecimento. A Bblia revela que no devemos ter iluses sobre esta fase da vida, ela lembra que a vida a como uma brisa, mas nem sempre uma brisa suave ou uma brisa que indolor. "[...]nossa vida termina como um sopro. S vivemos uns setenta anos, e os mais fortes chegam aos oitenta; mas esses anos s trazem canseira e aflies. A vida a logo, e ns desaparecemos" (Sl. 90 10). Como acontece nos dias de hoje, tambm naquele tempo, a velhice operava um desgaste no organismo do homem. Era comum aos idosos daquela poca sofrerem muitas perdas e declnios em suas vidas. A velhice ao promover perdas, podia ser percebida como "dias maus. "Lembre-se do seu Criador antes que venham os dias maus, e cheguem os anos em que voc dir: No tenho mais prazer na vida" (Ec.12 1). Este texto de Eclesiastes uma advertncia aos jovens para comear a se preparem para a velhice. Isto um toque bblico muito atual, pois, nos nossos dias a preveno mdica vista como uma proteo para muitos problemas da velhice. O texto ainda descreve com muito realismo algumas perdas fsicas que acompanham a velhice: Perda da viso "Lembre-se dele antes que chegue o tempo em que voc achar que a luz do sol, da lua e das estrelas perdeu o seu brilho e que as nuvens nunca vo embora" (Ec 12.2), "A sua viso ficar to fraca, que voc no poder mais ver as coisas claramente" (Ec 12.3c); tremor nas mos e pernas fracas "Ento os seus braos, que sempre o defenderam, comearo a tremer, e as suas pernas, que agora so fortes, ficaro fracas" (Ec 12.3a); perda dos dentes "Os seus dentes cairo, e sobraro to poucos, que voc no conseguir mastigar a sua comida" (Ec 12.3b); perda de audio "Voc ficar surdo e no poder ouvir o barulho da rua. Voc quase no conseguir ouvir o moinho moendo ou a msica tocando."(Ec 12.4a); dormir menos "E levantar cedo, quando os arinhos comeam a cantar" (Ec 12.4b); ter mais fobias "Ento voc ter medo de lugares altos, e at caminhar ser perigoso" (Ec 12.5a); perda do paladar "Os seus cabelos ficaro brancos, e voc perder o gosto pelas coisas" (Ec 12.5b).
Leis que garantiam o respeito s pessoas idosas
Nos tempos bblicos os ancios gozavam de grande importncia. Era comum atribuir a eles a autoridade para orientar, ou liderar tanto grupos polticos, religiosos como tambm famlias. A lei judaica sempre exigiu grande respeito pelos idosos e impunha famlia e sociedade a responsabilidade moral de cuidar de seus membros idosos e de trat-los com mxima dignidade e valor. Aos idosos garantida a honra e o respeito: "Respeite o seu pai e a sua me para que voc viva muito tempo na terra que estou lhe dando" (Ex 20.12); "Fiquem de p na presena das pessoas idosas e as tratem com todo o respeito; e honrem a mim, o Deus de vocs. Eu sou o Deus Eterno" (Lv. 9.32); "Escute o seu pai, pois voc lhe deve a vida; e no despreze a sua me quando ela envelhecer" (Pv 23.22); "No repreenda um homem mais velho, mas o aconselhe como se ele fosse o seu pai" (1Tm 5.1).
A dimenso crist vai propor Igreja uma ao contnua em prol da pessoa idosa (At 6.1-3). Amar e respeitar o ancio na histria do Novo Testamento era questo de princpio e honra (Tg 1.27; 2.1,8,9). Tambm no se pode deixar de notar a preocupao de Deus para com os idosos registrada nas seguintes referncias (Is 46.4; Ex 22.22; Is 1.17; Zc 7.10).
Os deveres das pessoas idosas
Os ancios eram considerados os mais sbios e consequentemente os mais capacitados a assumir funes de liderana nas instituies. No h dvida de que se preservou esse respeito pelos idosos, mas isso no queria dizer que se devotasse uma obedincia cega aos mais velhos. A nfase bblica recaa mais na qualidade de carter, o fator importante era a moral, e no a idade. "Diga aos mais velhos que sejam moderados, srios, prudentes e firmes na f, no amor e na perseverana. Diga tambm s mulheres mais idosas que vivam como pessoas que tm vida santa. Que elas no sejam caluniadoras nem escravas do vinho. Que ensinem o que bom, para que a mulheres mais jovens aprendam a amar os seus maridos e filhos" (Tt 2.2-4). As pessoas idosas eram consideradas responsveis para servirem de elo com as geraes futuras reando as lies aprendidas. "Tu tens me ensinado desde a minha mocidade, e eu continuo a falar das coisas maravilhosas que fazes. Deus, no me abandones agora que estou velho e de cabelos brancos. Fica comigo enquanto anuncio o teu poder e a tua fora a este povo e aos seus descendentes" (Sl 71.17-18).
Para a literatura bblica a velhice , portanto, o perodo em que homens e mulheres devem fazer a colheita da experincia de toda a sua vida, fazer um balano entre o que essencial e o que suprfluo e alcanar o nvel de grande sabedoria e serenidade. tambm o perodo em que podem realizar um relevante papel na sociedade: deixar um legado. Todas as pessoas idosas esto ando um legado gerao seguinte. Legado espiritual, emocional e social am de pai para filho, bom ou mal. Se verdade que o homem vive sob a herana dos que o precederam e que seu futuro depende definitivamente dos valores dos mais velhos, ento a sabedoria e a experincia dos idosos podem iluminar os os das geraes mais jovens no caminho do progresso em direo a uma forma cada vez mais completa de civilizao. Entender o valor de um legado deixado a outros, olhar para frente e saber que se pode influenciar o futuro o grande papel dado a todas as pessoas idosas. H em ns um sentimento de que h mais para esta vida do que viver e morrer, ansiamos por algo mais, queremos saber de onde viemos, para onde vamos e onde nos encontramos nesse grande projeto da existncia. Ora, no seria uma grande riqueza quando colocado em nossas vidas uma pessoa idosa que pode aliviar o peso destas questes oferecendo sbias respostas? Sem dvida, este o forte legado e a grande herana que que as pessoas idosas devem estender e a todos abenoar. A Bblia escreve este plano: Ele estabeleceu um testemunho em Jac, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova gerao os conhecesse, filhos que ainda ho de nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiana e no se esquecessem dos feitos de Deus mas lhe observassem os mandamentos [...] (Sl 78.5-7).
Concluindo, ao examinarmos o tema da velhice no contexto bblico, do ponto de vista do Antigo e Novo Testamento, podemos inferir diversas referncias importantes e esclarecedoras em relao ao envelhecimento humano. A luz irradiada pelas Escrituras sobre os diversos temas relativos velhice poder contribuir para uma visualizao mais clara do quadro completo dessa realidade. Acreditamos que palestras, debates, eventos e todo e qualquer tema gerontolgicos jamais seria o mesmo depois de serem abordados pelo vis bblico com a devida aplicao da cosmoviso crist. Dessa perspectiva, o resgate da literatura bblica e dos seus ensinamentos relativos ao envelhecimento se tornam cruciais para o avano da cincia gerontolgica em seu intuito de oferecer uma viso mais humana e, por conseguinte, uma viso acerca do tipo de ambiente social mais propcio que desejamos viver.
- Wilson Nunes, mestre em gerontologia pela Universidade Catlica de Braslia e professor do curso de medicina da UNIEVANGLICA Anpolis, GO. Ministro em jbilo da Igreja Crist Evanglica do Brasil.
Artigo publicado na edio 006 da Revista Virtual Mdicos de Cristo. Reproduzido com permisso.
Imagem: Unsplash.

Com a matria Como vivem os que tm esperana, Ultimato quer colocar Cristo no centro e enfatizar que a vida dos que tm esperana atrai outros para a Esperana. Quer lembrar que a comunidade dos que tm esperana deve ser uma ponte para aqueles que am por necessidades, cuja esperana para o futuro no sustentada pela experincia de bno no ado, que no conheceram cura, ou f, ou prosperidade e que no tm esperana.
disso que trata a matria de capa da edio 412 da revista Ultimato. Para , clique aqui.
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