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A radicalizao islmica e a influncia saudita na Indonsia 4m6w5i

Anlise publicada originalmente por Lausanne Movement

Por Paul Marshall


As eleies deste ano para governador de Jacarta, capital da Indonsia, chamaram a ateno do mundo todo e resultaram na pior diviso do pas desde os anos aps a queda do ltimo ditador, Soeharto, em 1998. A campanha envolveu as famlias de quatro ex-presidentes e gerou protestos de at meio milho de pessoas, difamao difundida sobre religio, etnia e mltiplas investigaes policiais de polticos e lderes religiosos bem estabelecidos.

O processo culminou em maio com a priso do governador em exerccio por acusaes de blasfmia. Isso pode sinalizar que a terceira maior democracia do mundo est ando para o domnio autoritrio ou islamista.

A controvrsia de Ahok


O governador preso o Basuki Tjahaja Purnama, conhecido como Ahok. Ele etnicamente chins em uma sociedade onde os sentimentos anti-China ainda so fortes, e Ahok um cristo em um pas onde 88% da populao muulmana. No entanto, ele foi disposto e eficiente, o que gerou 70% de aprovao bem cedo, que o tornou favorito para vencer as eleies.

Durante a campanha poltica em setembro do ano ado, Ahok comentou que o verso do Coro al-Maidah 51, que aconselha os muulmanos sobre no fazer aliados judeus ou cristos. O ocorrido est sendo usado indevidamente por alguns clrigos para argumentar que muulmanos no devem votar por um cristo. Aps alguns dias, um vdeo enganoso editado de seus comentrios viralizou na internet. O semioficial Conselho de Ulema publicou uma ftua acusando o Ahok de blasfmia e a Frente Defensora do Islamismo (FPI), que atacou minorias muulmanas, igrejas e boates, convocou protestos que exigissem o julgamento e priso de Ahok.

Depois disso, Ahok foi preso e julgado por blasfmia. Ele continuou sua campanha, mas em 19 de abril ele perdeu com 42% dos votos (contra 58%). O ministrio pblico recomendou uma sentena muito leve de liberdade condicional e um ano de priso em pena suspensa. No entanto, no dia 9 de maio, os cinco juzes ignoraram esta recomendao e sentenciaram Ahok a 2 anos de priso. No dia seguinte, trs dos juzes que determinaram a sentena foram promovidos ao Supremo Tribunal indonsio.

O veredito dividiu o pas de uma forma no vista h dcadas. Houve vrios protestos em favor de Ahok, no entanto, diversos dos seus simpatizantes tm medo de pronunciar-se. A polcia est em discordncia dos militares.

Em famlias divididas pela poltica, muitos se recusam a estar no mesmo cmodo que seus parentes ou at participar de casamentos dos familiares.

Radicalizao

A eleio e julgamento expam a radicalizao crescente na Indonsia, especialmente entre os mais jovens. H diversas fontes desta radicalizao, inclusive domsticas, mas o maior fator tem sido a rede bem financiada saudita de escolas, bolsas de estudo, imames e mesquitas que tentam substituir a interpretao local do islamismo, que geralmente encoraja a democracia e relacionamento pacfico entre as religies, com o wahabismo saudita. Tamanha influncia saudita tem reaparecido em diversos momentos decisivos na histria da Indonsia.

Reaes histrias influncia saudita

No sculo 18, Muhammad ibn Abd al-Wahhab, cujo o nome foi emprestado interpretao extrema do islamismo Wahhabi, em aliana com a tribo Al-Saud, capturou as regies centrais da Pennsula Arbica, incluindo as cidades santas de Meca e Medina. Isto provocou reaes e discusses no mundo muulmano, inclusive na Indonsia.

No entanto, os primeiros grandes conflitos surgiram no comeo do sculo 19 nos planaltos de Minangkabau na Sumatra Ocidental.[1] Em 1803, os Wahhabis tinham, novamente, assumido o controle dos lugares santos na Arbia. Em seguida, influenciaram muitos estudantes e acadmicos indonsios que, ao retornar Indonsia aps um perodo de estudo ou hajj, denunciaram que o islamismo predominante em seu pas de origem era sincrtico, at pago ou apstata.

Muitos locais, que tinham costumes como sucesso matrilinear, rejeitaram fortemente tais noes pretensiosas. Este conflito levou uma guerra propriamente dita. Em 1815, os que retornavam da Arbia e seus seguidores, conhecidos como Padris, mataram a maioria da famlia real de Minangkabau. Seus oponentes buscaram ajuda das autoridades coloniais locais, os holandeses, que viram tanto uma ameaa quanto uma oportunidade. Em 1821, os holandeses tomaram o controle da rea, contudo enfrentaram uma longa luta que durou at a derrota dos Padris, e o fim da guerra em 1838.

Certamente houve diversos outros fatores importantes alm das interpretaes rivais do islamismo.[2] Em uma economia em evoluo, os comerciantes locais acreditaram que teriam mais oportunidades sob a lei sharia dos Padri do que sob as regulamentaes das famlias que estavam no poder. Aps a interveno holandesa, houve tambm oposio dos anticolonialistas. No entanto, o conflito foi desencadeado pelo lado que queria impor uma forma mais austera do islamismo aos muulmanos que estavam confortveis em sua integrao com a cultura local.

Reaes do sculo 20 influncia wahhabista

Um sculo mais tarde, em 1924, o presidente turco Kemal Ataturk, aboliu o califado e os Al-Sauds, em aliana com os Wahhabis, mais uma vez capturaram Meca e Medina. Muulmanos no mundo todo pensavam em como reagir a estas mudanas e ao novo bloco de poder espiritual que surgia. Diversas conferncias foram feitas em Meca e no Cairo sobre o futuro do islamismo, atraindo lderes muulmanos de todo o mundo e, sob presso dos Wahhabis, muitos acadmicos tradicionais, incluindo indonsios, deixaram o que se tornou a Arbia Saudita.

As principais organizaes muulmanas da Indonsia, Muhammadiyah e Nahdlatul Ulama (NU), com cerca de 40 milhes e 50 milhes de seguidores, respectivamente, responderam de forma diferente, mas com pontos em comum:

Muhammadiyah, fundado em 1912, uma organizao reformadora que quer um islamismo mais puro, livre de acrscimos culturais. No entanto, seus membros geralmente querem um islamismo reformado e moderno ao mesmo tempo, diferente do Wahhabismo. Em vez disso, olham para Mohammad Abduh e outros reformadores muulmanos em busca de alternativas.

A organizao tradicionalista NU foi fundada em 1926, em parte como resposta destruio pelos sauditas de tmulos e outros locais sagrados em Meca e Medina, e aos rumores de que os sauditas pretendiam destruir o tmulo do Profeta. Os fundadores da NU viram isso como ameaa ao verdadeiro islamismo incorporado nas crenas e prticas mais tolerantes, especialmente na Java Oriental[3]. Quando participei do Congresso quinquenal da NU em 2015, fui impactado pela venda de reimpresses da obra Menolak Wahhabi (Wahhabismo rejeitado) de 1922, de Muhammad Faqih Maskumambang, um dos fundadores da NU.

Financiamento e organizaes sauditas

Especialmente desde 1975, quando os radicais tomaram a Grande Mesquita em Meca e os aiatols xiitas subiram ao poder no Ir, a Arbia Saudita tem investido bilhes de dlares exportando seu islamismo no mundo muulmano. Na Indonsia, estabeleceu mais de 150 mesquitas, forneceu livros para escolas, estabeleceu professores e pregadores prprios, alm de distribuir milhares de bolsas de estudo de nvel superior para estudos na Arbia Saudita.[4]

No centro deste programa est o Instituto de estudo do islamismo e rabe (LIPIA), uma universidade totalmente financiada pelos sauditas no sul de Jacarta. O LIPIA foi inaugurado em 1980, com o propsito ostensivo de espalhar o conhecimento da lngua rabe indonsio no permitido no campus. O LIPIA gratuito, e msica, televiso e dar risada alta so proibidos. Homens e mulheres so segregados. O ministrio de questes religiosas reconheceu o LIPIA em 2015, mas expressou suas preocupaes sobre se o Instituto deveria manter os padres moderados do islamismo e a filosofia estatal da Indonsia de Pancasila, que consagra a tolerncia religiosa. Aps a visita do rei saudita Salman a Indonsia em maro de 2017, os sauditas expressaram sua vontade de abrir dois ou trs outros institutos similares.

Ex-alunos das universidades sauditas tm influncia nos crculos extremistas. Incluindo o Habib Rizieq, fundador da Frente Defensora Islmica, e Jafar Umar Thalib, que fundou a milcia anticrist Laskar Jihad. Em 1972, o dinheiro saudita ajudou a fundar a escola Al-Mukmin em Ngruki, na Java Central, que se tornou ninho de radicais, incluindo alguns que foram parte dos bombardeios em Bali, em 2002. No comeo dos anos 2000, o grupo terrorista Jemaaj Islamiyah tambm recebeu financiamento de caridades sauditas. Agora, muitos destes grupos radicais so autossustentveis.

Reagindo

Um efeito positivo surgindo do julgamento e encarceramento de Ahok que muitos indonsios agora percebem que eles tm sido muito complacentes com a disseminao do extremismo, e isso levou uma campanha mais agressiva para confrontar o radicalismo islmico. Parte desta reao tem sido a nvel de segurana e policiamento.

Aps sua campanha para encarcerar outros por blasfmia, o lder do FPI Rizieq Shihab est sendo investigado por blasfmia aps denncias de que ele denegriu a Santa Trindade. Ele foi interrogado sobre alegaes de ter insultado o Pancasila, o Sukarno (o primeiro presidente reverenciado da Indonsia), e a moeda da Indonsia (ao dizer que as novas notas tinham smbolos comunistas). No dia 30 de maio ele foi acusado sob a lei contra pornografia de ter alegadamente enviado contedo sexual explcito Firza Husein, que foi presa por traio, sob a suspeita de que ela estava tentando orquestrar um golpe. No entanto, a polcia ainda no pode interrogar o Shihab j que ele fugiu para a Arbia Saudita. O governo tambm anunciou que ir banir o grupo radical Hizb ut-Tahrir uma vez que ele defende a restaurao do califado, violando o Pancasila. Alm disso, o governo est introduzindo novos regulamentos para evitar a disseminao de pontos de vista radicais em suas universidades.[5]

Implicaes globais

A recente revelao da extenso de radicalizao na Indonsia importante no somente para os indonsios, mas para o resto do mundo tambm. vinte vezes menos provvel que muulmanos da Indonsia tentem se juntar ao EI do que muulmanos dos EUA, e 50 vezes menos provvel do que muulmanos do Reino Unido ou de outras partes da Europa. importante para a igreja por causa da ameaa mundial de muulmanos radicalizados, alm disso, metade dos cristos do mundo todo que vivem em um pas com maioria muulmana vivem na Indonsia.

O futuro do pas incerto. As esferas religiosas, sociais e polticas esto na tenso mxima, prestes a romper, especialmente se as tticas usadas nas eleies para governador forem repetidas em escala nacional durante a prxima eleio presidencial em 2019. A Indonsia a terceira maior democracia do mundo e o nico pas com maioria muulmana entre as dez maiores economias no mundo. Se o pas sucumbir ao radicalismo islmico ou a governana autoritria, ento o futuro do mundo muulmano, e do restante dele tambm, parece turbulento.

Como podemos reagir?

Frequentemente, quando no-muulmanos pensam sobre o islamismo pensam em imagens do Oriente Mdio e de rabes, apesar deles formarem somente um quinto dos muulmanos no mundo todo. Precisamos prestar mais ateno ao grande nmero de pases com maioria muulmana na sia e frica, e suas dificuldades com ideais extremistas que surgem especialmente no Oriente Mdio. Os sauditas recentemente comearam a argumentar fortemente que querem combater o radicalismo, mas poucas aes acompanham suas palavras. Precisamos pressionar nossos governos para que eles estimulem os sauditas a encerrarem sua propagao mundial do extremismo.

Durante a primavera tive sorte de viajar extensivamente com ancios indonsios. Um deles, Alwi Shihab, ex-ministro de relaes exteriores, e agora representante do presidente indonsio no Oriente Mdio e da Organizao para Cooperao Islmica, disse:

H quinze anos, vocs estavam lutando contra o Al-Qaeda. Agora vocs, e ns, estamos lutando contra o EI. Daqui a 15 anos vocs estaro lutando contra outra organizao. Mas sempre a mesma guerra, sempre a mesma ideologia. Vocs precisam de ns, e ns de vocs. Podemos ser amigos lutando contra um inimigo em comum.

Precisamos de amizades mais profundas com muulmanos assim.

Notas:
1 For a succinct overview, see M. C. Ricklefs, A History of Modern Indonesia Since C. 1200 (Stanford: Stanford University Press, 2008), 172-175.
2 For caution as to how much Wahhabism was a factor, see Carool Kersten, A History of Islam in Indonesia: Unity in Diversity (Edinburgh: Edinburgh University Press, 2017) 56-57.
3 For an overview, see Jeremy Menchik, Islam and Democracy in Indonesia: Tolerance Without Liberalism (New York: Cambridge University Press, 2016) 48-51.
4 See Krithika Varagur, Saudi Arabia Is Redefining Islam for the Worlds Largest Muslim Nation, Atlantic, March 2, 2017, https://www.theatlantic.com/international/archive/2017/03/saudi-arabia-salman-visit-indonesia/518310/
5 Suherdjoko, New regulation to prevent spread of radicalism on campus, Jakarta Post, May 6, 2017, http://www.thejakartapost.com/news/2017/05/06/new-regulation-to-prevent-spread-of-radicalism-on-campus.html


Paul Marshall professor emrito de liberdade religiosa na Baylor University, e membro snior no Instituto Leimena em Jacarta e do Instituto Hudson. Ele autor e editor de vinte livros sobre religio e poltica, especialmente sobre liberdade religiosa. Suas obras foram traduzidas para albans, rabe, chins, tcheco, dinamarqus, persa, francs, alemo, grego, indonsio, italiano, japons, coreano, malaio, noruegus, polons, portugus, russo, espanhol, sueco e ucraniano.

Leia mais
Desafiando o islamismo radical
De Quem a Terra Santa? O contnuo conflito entre Israel e a Palestina [Colin Chapman]
Os Cristos e os Desafios Contemporneos [John Stott]

Imagem: From free ahok free ahok by izzy (CC BY-NC 2.0).
Equipe Editorial Web
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