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Opinio 3pp3w

Desafiando o islamismo radical s355j

O mundo est sendo sujeitado a imagens horrorosas de violncia religiosa. O Estado Islmico (EI) no Iraque e na Sria registra suas decapitaes. O Boko Haram na Nigria desfila centenas de estudantes sequestradas. O Al-Shabaab na Somlia ataca um shopping em Nairbi. Esses atos brbaros podem nos fazer sentir impotentes, amedrontados, irados e at culpados, porque nos parece muito pouco o que podemos fazer para cont-los. Enquanto isso, comentaristas correm de um canal de televiso para outro, apresentando suas anlises. Alguns condenam o EI e o Boko Haram, mas garantem aos telespectadores que os atos deles no tm nenhuma relao com o verdadeiro islamismo. Outros so da opinio de que o EI e o Boko Haram representam, sim, a verdadeira face do islamismo. Nenhuma das duas perspectivas ajuda. Ambas distorcem a natureza do islamismo e sua relao com o terrorismo e a violncia.

compreensvel que a opinio dos evanglicos em relao ao islamismo tenha recrudescido depois de 11 de setembro de 2001. Ted Haggard, ex-presidente da Associao Evanglica Nacional dos Estados Unidos, disse: O Deus cristo incentiva a liberdade, o amor, o perdo, a prosperidade e a sade. O deus muulmano parece valorizar o contrrio. A personalidade de cada Deus evidencia-se nas culturas, civilizaes e atitudes dos povos que os servem. Um destacado ativista evanglico britnico, Patrick Sookhdeo, expressa opinio semelhante: A violncia perpetrada por grupos [jihadistas] tem razes tanto na ideologia dos grandes movimentos islamistas contemporneos como na verso tradicional, ortodoxa e clssica do islamismo, especialmente suas doutrinas do jihad, dawa e dhimmitude, bem como a lei da apostasia, apresentada nas escrituras e nos comentrios islmicos autorizados.

Em outras palavras, para a maior parte dos evanglicos, o islamismo o problema porque justifica a violncia dos grupos jihadistas. A afirmao no infundada. Contrariando as repetidas negaes dos muulmanos, aspectos chaves da ideologia de grupos muulmanos radicais esto, de fato, fundamentados na histria e nos textos islmicos. A Al-Qaeda, o EI e o Boko Haram originam-se principalmente dos pensamentos wahhabi e salafi, que so tradies de interpretao fundamentalista islmica de ampla influncia no mundo muulmano. Lderes fundadores de grupos jihadistas foram ou discpulos de importantes mestres wahhabi-salafi ou se inspiraram em suas obras.

O islamismo semelhante ao judasmo na importncia que atribui interpretao da lei. Conforme afirmou um estudioso muulmano, a sharia instrui o homem quanto maneira de se alimentar, receber visitas, comprar e vender, matar animais, lavar-se, dormir, ir ao banheiro, governar, praticar a justia, orar e realizar outros atos [de culto]. Diferente do cristianismo ocidental, onde debates divisionistas muitas vezes giram em torno a doutrinas teolgicas, no islamismo as escolas de pensamento mais importantes refletem diferenas em jurisprudncia. H quatro escolas legais principais para os sunitas (escolas Hanafi, Maliki, Shafii e Hanbali) e uma para os xiitas (Jafari). As principais distines entre essas escolas esto nas opinies divergentes acerca de fontes autorizadas ou razes da lei. Todas aceitam o Coro e a suna (exemplos de Maom) como fundamentos, mas diferem quanto importncia do consenso na discusso acadmica coletiva (ijma) e na discusso analgica individual (qiyas). A escola mais conservadora, Hanbali, tende a enfatizar o Coro e a suna, suspeitando da ijma e da qiyas, enquanto a mais liberal, Hanafi, tende a enfatizar a qiyas e a opinio individual.

Os pensamentos Wahhabi e Salafi em sua expresso moderna derivam dos juristas-telogos islmicos Ibn Taymiyyah (m. 1328) e Muhammad Abd al-Wahhab (m. 1792). Ambos foram estudiosos e mestres renomados da escola Hanbali de jurisprudncia. O ensino Salafi defende as trs primeiras geraes da histria muulmana (salaf), considerando-as sacrossantas, juntamente com o exemplo proftico. Nem todos os salafis so wahhabis. Estes consideram inovao satnica (bida) qualquer prtica ou ensino posterior ao terceiro sculo do islamismo (salaf). O wahhabismo o ramo mais literalista e iconoclasta do hanbalismo que, por sua vez, a mais conservadora das quatro escolas principais. Por exemplo, enquanto outros muulmanos podem requerer a absteno do lcool, os wahhabis tambm probem estimulantes, inclusive o tabaco. No s se recomenda uma vestimenta modesta, como tambm o tipo de roupa que se deve usar, especialmente para mulheres (um abaya preto que cubra tudo, exceto olhos e mos). A educao religiosa inclui treinamento no uso de armas. O wahhabismo enfatiza a importncia de evitar prticas culturais no islmicas e amizades no muulmanas, tendo por base a ideia de que a suna (que outorga importncia central ao exemplo de vida deixado por Maom) probe imitar no muulmanos. Estudiosos wahhabi tm alertado contra a ideia de muulmanos terem no muulmanos como amigos ou mesmo de sorrir e lhes desejar felicidades em suas datas religiosas.

Desde a alta do petrleo nas dcadas de 70 e 80, a Arbia Saudita, cujo credo oficial o islamismo wahhabi, vem exportando o wahhabismo para partes da frica, sia e Ocidente por meio de bolsas de estudo e a fundao de mosteiros, pregadores e grupos radicais. A Al-Qaeda um desdobramento direto do islamismo wahhabi e o EI, uma consequncia da Al-Qaeda, enquanto as origens do Boko Haram esto numa rede de grupos wahhabi-salafi na Nigria. Esse contexto religioso prov a estrutura para justificar a violncia. Os jihadistas citam escrituras islmicas, tradies profticas e opinies legais para justificar suas afirmaes e atividades. A jihad contra no muulmanos e o ultimato para que se convertam ao islamismo, paguem um imposto especial ou sejam mortos so, de fato, baseados na lei islmica. Pode-se dizer o mesmo da ttica de capturar mulheres e crianas como despojos de guerra e mant-las ou vend-las como escravas. O islamismo tambm promete recompensas e prazeres aos mrtires. Portanto, simplista, seno enganoso, alegar que grupos como o EI e o Boko Haram no tm relao alguma com o islamismo.

Entretanto, igualmente enganoso alegar que os grupos jihadistas representam a verdadeira face do islamismo. Ainda que os editos legais e doutrinrios citados pelos jihadistas faam parte da lei islmica, no h dvida de que os jihadistas violam a lei ao imp-la com as prprias mos. As falhas na avaliao das condies necessrias para declarar uma jihad, bem como na adoo de condutas apropriadas, fornecem exemplos bvios disso. Questes sobre os grupos que podem ser visados e sobre a maneira de atac-los e os fins que justificam esses ataques so complicadssimas e minuciosamente especificadas nos textos legais autorizados. Por exemplo, todas as quatro escolas legais, inclusive a escola Hanbali, concordam que a declarao de jihad pode ser justificada para preservar ou estender o governo de um estado islmico. Assim, como no caso da teoria da guerra justa dos cristos, em que o poder de declarar guerra cuidadosamente limitado a governos, na lei islmica, s governos islmicos legtimos podem declarar um jihad, no indivduos ou atores no oficiais. Faz-se uma exceo quando uma terra muulmana atacada ou ocupada por uma fora inimiga, o que faz com que a jihad ou resistncia tornem-se responsabilidade individual. Entretanto, mesmo ento, a jihad precisa ter sido declarado previamente pela autoridade legtima que represente de maneira adequada o povo da nao ocupada. Ao declarar e conduzir uma jihad por conta prpria, a al-Qaeda, EI, Boko Haram e outros grupos desse tipo agem como usurpadores herticos.

No que diz respeito conduo do jihad, os grupos terroristas islmicos tambm esto contra todas as principais tradies do islamismo. Todas as quatro escolas ortodoxas de jurisprudncia, inclusive a escola Hanbali, conservadora, declaram que mulheres, crianas, idosos, deficientes, sacerdotes, comerciantes, lavradores e todos os civis no combatentes no devem ser alvejados e mortos pelo jihad. Lugares de valor econmico como fazendas, mercados e lugares de culto mesquitas, claro, mas tambm igrejas, mosteiros e conventos no devem ser alvos de ataque. A lei islmica permite que os lugares de culto sejam tomados como esplio de guerra, mas no devem ser destrudos. A Santa Sofia, por exemplo, era uma igreja e foi convertida para uso como mesquita (agora museu) depois que Constantinopla, agora Istambul, caiu diante dos turcos otomanos em 1453. Os assaltos deliberados contra civis, a matana de religiosos, os atentados a bomba indiscriminados em mercados e prdios, os sequestros e lanamento de avies cheios de civis contra edifcios ocupados por civis, os ataques a igrejas e mesquitas e a destruio delas tudo perpetrado pelo al-Qaeda, o EI e o Boko Haram violam os limites claros que a lei islmica estabelece para a conduo da jihad.

Outro aspecto importante da ideologia jihadista a rejeio e, muitas vezes, a rebeldia em relao aos governos estabelecidos de pases islmicos. A al-Qaeda, o EI e o Boko Haram tm rejeitado governos muulmanos em vrias partes do mundo, considerando-os no islmicos e ilegtimos, prometendo substitu-los por um califado islmico. Para atingir seu objetivo, os grupos alvejam e matam oponentes muulmanos e justificam seus atos invocando takfir, uma doutrina que remonta ao sculo VII, que especifica as condies sob as quais irmos muulmanos podem ser declarados incrdulos que podem ser mortos. Um grupo dissidente conhecido como os Kharijitas ensinava que era aceitvel excomungar e legitimar jihad contra outros muulmanos, inclusive governantes, se eles fossem julgados culpados de cometerem certos pecados. Essa ideia foi rejeitada pelo restante da comunidade muulmana na poca, e todas as quatro escolas ortodoxas, inclusive da escola Hambali, mantm essa rejeio. Alis, a tradio legal do islamismo inclui regras explcitas contra os Kharijitas, considerando-os incrdulos que devem ser combatidos e mortos.

A prpria tradio islmica, portanto, testifica contra o terrorismo islmico de hoje. As quatro escolas de jurisprudncia tm regras claras segundo as quais no h motivo algum que permita a um indivduo ou grupo de muulmanos tentar mudar o governo de um estado islmico valendo-se de armas e da violncia, porque essa possibilidade seria um convite a lutas civis, guerras internas e o abuso do islamismo por faces que usam a teologia para justificar suas rebelies e usurpaes por interesses prprios. As escolas tambm so unnimes em denunciar a matana de irmos muulmanos em nome da jihad. O princpio mestre sempre foi que a anarquia e a matana de irmos muulmanos so piores que viver sob um sistema injusto.

Dado o ntido consenso na tradio islmica, no surpreende que lderes muulmanos de todo o mundo venham denunciando de maneira pblica e reiterada a al-Qaeda, o EI e o Boko Haram. Entre eles esto a Organizao de Cooperao Islmica, o grande mufti da Arbia Saudita, o Conselho Ulema da Indonsia, o grande Aiatol Naser Makarem Shirazi do Ir, o grande im da Universidade de Al-Azhar no Cairo e muitos outros. Dois estudiosos muulmanos paquistaneses de destaque, Javed Ahmad Ghamidi e Muhammad Tahir ul-Qadri, ambos com considerveis seguidores e influncia, escreveram um livro e emitiram um regulamento legal abrangente (fatwa) sobre o significado e a conduo da jihad. Tanto o livro como a fatwa proscrevem o terrorismo e a rebelio violenta, citando amplamente o Coro, as tradies profticas e uma rede de luminares legais e teolgicos atravs dos sculos e vrias divises sectrias. Eles declaram que grupos jihadistas como os Khajiritas so terroristas, rebeldes e herticos. Recentemente, 126 lderes islmicos de destaque no mundo am e publicaram uma carta aberta questionando a base islmica da ideologia do EI.

Ainda que essas renncias pblicas e fatwas possam ter pouco impacto sobre os lderes de grupos jihadistas, tm funo importante na deslegitimao da ideologia jihadista, minando seu apelo aos jovens muulmanos. Precisamos levar isso a srio e fazer o possvel para ampliar sua influncia. Infelizmente, crticos ocidentais de grupos jihadistas desconsideram essas vozes e s vezes at difamam o islamismo como um todo. Com muita frequncia ouvimos: Islamismo reformado no islamismo! Isso no s uma opinio paternalista quanto ao que os muulmanos podem ou no podem fazer dentro da prpria tradio, uma posio sem sada. Como disse certo colega meu, Quando um muulmano diz a um cristo: O Coro me ensina a am-lo, por que o cristo deveria dizer-lhe: No, o Coro na realidade o ensina a matar-me">A Misso Invertida (Paul Bendor-Samuel)

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