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A Festa – o filme 223d6w

Por Carlos Caldas

A festa (The Party) uma produo britnica de 2017 que recentemente estreou no circuito brasileiro, dirigido pela inglesa Sally Potter. O filme diferente, em muitos sentidos, dos filmes que se costumam ver por a, por alguns motivos. Um deles tem a ver com seu gnero, que no definido, variando do drama comdia, mas no uma comdia tradicional, pois seu humor no leve, antes, totalmente cido.O filme rodado em preto e branco e no tem efeitos especiais. muito curto, pouco mais de uma hora (70 minutos, para ser mais preciso). Seu oramento deve ter sido baixssimo, considerando ser todo filmado em um nico ambiente, uma casa, e so apenas sete personagens. Seriam nove, pois dois nunca aparecem: uma mulher, conhecida de todos, e citada apenas por, e outro, presume-se, um homem, do qual no se menciona nem o nome.

A festa faz lembrar uma pea de teatro. De fato, quase um teatro filmado. uma espcie de verso flmica do teatro do absurdo, evocando peas que tm como temas a falta de sentido e as situaes grotescas da vida, como as de Eugene Ionesco,ou at mesmo as famosas Esperando Godot, de Samuel Beckett, e Entre quatro paredes, de Jean-Paul Sartre. De fato, A Festa vai ilustrar a tese sartreana que o inferno so os outros.

A narrativa conta a histria de Janet (Kristin Scott Thomas), uma poltica idealista de um partido de esquerda que nomeada para o Ministrio da Sade da Inglaterra. Para comemorar, ela e seu marido Bill (Timothy Spall) resolvem dar uma festa em sua casa, convidando apenas um grupo de seus amigos mais ntimos: sua amiga April (Patricia Clarkson), extremamente cnica e corrosiva, que no tem o menor constrangimento em, o tempo todo, disparar seus comentrios, nem sempre convenientes, em relao a tudo e a todos, e Gottfried, seu marido alemo, interpretado pelo sempre excelente ator suo-alemo Bruno Ganz (que j foi Staupitz, o mentor espiritual de Lutero no filme deste mesmo nome de 2003 e Hitler, no famoso A Queda: As ltimas Horas de Hitler, de 2004). Gottfried repete frases de efeito e de autoajuda o tempo todo, como se fossem mantras, e, como se fosse uma Pollyana (aquela do romance de Eleanor Porter), consegue encontrar algo positivo e bom em tudo (ou quase tudo) que acontece. Tambm esto na festa Tom (o gal irlands Cillian Murphy), um especulador financeiro, que espera a chegada de sua esposa Marianne, conhecida de todos, mas que no aparece em cena, e as lsbicas Martha (Cherry Jones) e Jinny (Emily Mortimer). Martha tem idade para ser me de Jinny, que, por meio de inseminao artificial, est grvida de trigmeos.

So pessoas de classe mdia alta, de tendncia esquerdista, cultas, sofisticadas, elegantes, idealistas, com uma viso clara do que entendem ser a vida perfeita, ou como a vida deve ser. A partir da, uma sequncia de revelaes trar luz segredos ocultos, esqueletos escondidos nos armrios da vida daquelas pessoas, e o que deveria ser uma confraternizao agradvel entre amigos transforma-se em um show de horrores. A narrativa, com longos closes nos rostos dos atores e atrizes, fica cada vez mais tensa e angustiante. No tanto quanto oopressivo e depressivo Me, de Darren Aronofsky. A festa menos atordoante. Mas no deixa de ser um filme perturbador. Aquelas pessoas, aparentemente certinhas, que acreditam ter a receita para a vida, so exemplos eloquentes que Caetano estava coberto de razo quando disse que de perto ningum normal. De fato, A festa traz memria a primeira quadra de um soneto de Gregrio de Matos Guerra, que no sculo XVII criticou aqueles que pensam ter a receita certa para a vida de todos, mas no sabem cuidar da prpria vida:

A cada canto um grande conselheiro
Que nos quer governar cabana e vinha
No sabem governar sua cozinha
E podem governar o mundo inteiro.


Em poucos minutos a estabilidade aparente deles desconstruda. As aparncias enganam. As contradies e incoerncias dos integrantes do grupo se tornam evidentes, e a situao levada a um clmax que faz o que deveria ser uma festa se transformar em uma a de presso, prestes a explodir. O filme circular, pois a primeira e a ltima cenas so as mesmas, muito embora o final seja aberto, pois no d para saber como a histria termina.

O filme de Sally Potter mostra o que os leitores da Bblia h muito sabem: todos pecaram (Rm 3.23). Engana-se quem ousar negar este fato (1 Jo 1.8, 10). Humanos que somos, nascemos na iniquidade (Sl 51.5). G. K. Chesterton, ingls como Potter, em um de seus aforismos brilhantes antes de prosseguir, uma observao necessria:dizer que um aforismo de Chesterton brilhante ser pleonstico disse que o ensino da queda do homem a nica doutrina crist que pode ser verificada empiricamente.

Afirmou-se acima que no d para saber como o filme termina. uma pena que A Festa no apresente algo que aponte para a noo crist de redeno. Sem redeno, o que sobra o desespero e o absurdo. A Festa demonstra com clareza esta verdade.

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professor do Programa de Ps-Graduao em Cincias da Religio da PUC Minas, onde coordena o GPRA Grupo de Pesquisa Religio e Arte.
  • Textos publicados: 86 [ver]

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