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23 de novembro de 2007
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Um ano de sinfonia 1b311x
Jorge Camargo
No dia 21 de novembro, completou-se um ano da morte de minha me, Vanira. Quem me conhece h muito tempo ou quem conversou comigo apenas algumas vezes acho que deu pra perceber o quanto aquela mulher baixinha e cheinha representou e representa pra mim.
Fomos amigos. Somos amigos.
As memrias das conversas, dos abraos, das lgrimas e dos sorrisos, das coisas que fizemos juntos mesmo quando separados permanecem intactas.
Lembro-me, por exemplo, dias antes de sua morte, que fomos juntos a uma consulta mdica. Ela havia acabado de ler Ensaio Sobre a Cegueira, de Saramago. No caminho, comentou com entusiasmo que havia assistido pela televiso a indicao de Fernando Meireles para diretor da verso cinematogrfica do livro que ela tanto apreciara.
E minha mezinha estudou at a quinta srie. No entanto, sonhou por sessenta e seis anos. E me ensinou a sonhar. E continua a me ensinar.
Dessa vez, tem me ensinado a sentir saudade. Temo, no entanto, que essa lio eu demore aprender. Talvez leve a vida inteira.
A sinfonia do perdo
No dia 21 de novembro de 2006, minha me, Vanira, levantou-se mais cedo que de costume. Sentou na cadeira da sala de jantar e puxou uma conversa leve e descompromissada com meu pai.
Surpreso com sua presena inesperada, seu Jorge, o preto como era carinhosamente chamado por ela, esticou o bate-papo.
Minutos depois, ela reclamou de uma dor no peito e foi se deitar. Ele a acompanhou.
Ao lado da cama, a frase inesperada: Preto, me perdoe. Me perdoe pelas palavras speras e pelas dores que lhe causei nesses anos juntos (quarenta e seis, pra ser mais exato).
Eu que te peo perdo!, ele respondeu. Foram as ltimas palavras de minha me.
Naquele quarto apertado de uma casa pequena e simples perdida na periferia da grande cidade uma obra de rara beleza foi executada. O tema? A Sinfonia do Perdo.
Aqui nesse mundinho ftido, apenas dois seres que se amaram e que foram cmplices e parceiros de vida ouviram-na em toda a sua exuberncia. No cu, mriades de anjos e Seu Grande Compositor testemunharam-na.
Minhas lgrimas apenas captaram o eco de seus ltimos acordes e registraram-na em minha alma como a mais linda obra musical que ouvi em toda a minha vida.
Jorge Camargo, mestre em cincias da religio, intrprete, compositor, msico, poeta e tradutor. www.jorgecamargo.com.br

Fomos amigos. Somos amigos.
As memrias das conversas, dos abraos, das lgrimas e dos sorrisos, das coisas que fizemos juntos mesmo quando separados permanecem intactas.
Lembro-me, por exemplo, dias antes de sua morte, que fomos juntos a uma consulta mdica. Ela havia acabado de ler Ensaio Sobre a Cegueira, de Saramago. No caminho, comentou com entusiasmo que havia assistido pela televiso a indicao de Fernando Meireles para diretor da verso cinematogrfica do livro que ela tanto apreciara.
E minha mezinha estudou at a quinta srie. No entanto, sonhou por sessenta e seis anos. E me ensinou a sonhar. E continua a me ensinar.
Dessa vez, tem me ensinado a sentir saudade. Temo, no entanto, que essa lio eu demore aprender. Talvez leve a vida inteira.
A sinfonia do perdo
No dia 21 de novembro de 2006, minha me, Vanira, levantou-se mais cedo que de costume. Sentou na cadeira da sala de jantar e puxou uma conversa leve e descompromissada com meu pai.
Surpreso com sua presena inesperada, seu Jorge, o preto como era carinhosamente chamado por ela, esticou o bate-papo.
Minutos depois, ela reclamou de uma dor no peito e foi se deitar. Ele a acompanhou.
Ao lado da cama, a frase inesperada: Preto, me perdoe. Me perdoe pelas palavras speras e pelas dores que lhe causei nesses anos juntos (quarenta e seis, pra ser mais exato).
Eu que te peo perdo!, ele respondeu. Foram as ltimas palavras de minha me.
Naquele quarto apertado de uma casa pequena e simples perdida na periferia da grande cidade uma obra de rara beleza foi executada. O tema? A Sinfonia do Perdo.
Aqui nesse mundinho ftido, apenas dois seres que se amaram e que foram cmplices e parceiros de vida ouviram-na em toda a sua exuberncia. No cu, mriades de anjos e Seu Grande Compositor testemunharam-na.
Minhas lgrimas apenas captaram o eco de seus ltimos acordes e registraram-na em minha alma como a mais linda obra musical que ouvi em toda a minha vida.
Jorge Camargo, mestre em cincias da religio, intrprete, compositor, msico, poeta e tradutor. www.jorgecamargo.com.br
Mestre em cincias da religio, intrprete, compositor, msico, poeta e tradutor.
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