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A tica do amor em tempos de clera poltica 6e3jf

Por Paul Freston e Raphael Freston

Vocs sabem muito bem de que pas estamos falando. Um pas marcado por um nvel espantoso de corrupo (que vem de vrias dcadas e que envolve grandes empresas nacionais), pelo impeachment da presidente e por frequentes manifestaes multitudinrias de rua. E que, alm de tudo isso, tem uma porcentagem alta de evanglicos e algumas das maiores igrejas do mundo.

Claro, o pas de que falamos ... a Coreia do Sul. Pas que guarda todas essas semelhanas com o Brasil, mas tambm que guarda diferenas significativas que nos ajudam a colocar o caso brasileiro em perspectiva. A presidente que sofreu o impeachment era de direita. E, apesar de a corrupo ser antiga e enraizada no pas, a Coreia do Sul no deixou de progredir economicamente; mesmo tendo comeado em grande desvantagem h sessenta anos, j deixou o Brasil muito para trs em termos de renda per capita.

O caso da Coreia nos mostra, em primeiro lugar, que a corrupo, por si s, no mantm um pas no atraso, e que a sua superao (ou melhor, diminuio, pois a superao total impossvel) no garante o avano. A corrupo brasileira grave e deve ser combatida; mas sem a iluso de que seja a maior responsvel pelas mazelas nacionais.

Em segundo lugar, o caso coreano nos lembra que a corrupo no atributo exclusivo ou mesmo preferencial de determinado ponto do espectro poltico; um atributo humano, que tende a florescer sempre que houver condies propcias, mas que pode ser controlado por sbios arranjos institucionais, fortalecidos por um longo e persistente trabalho cultural de formao de mentalidades. Para quem duvidava (ou seja, para quem no havia assimilado bem a viso crist do ser humano, possivelmente porque foi influenciado pela canalizao miditica dos sentimentos de revolta), os acontecimentos de 2017 no Brasil esto demonstrando claramente que o problema sistmico, e no partidarizado ou ideologizado.

O que est acontecendo no Brasil anuncia uma profunda mudana no pas? Ou apenas um episdio a mais numa histria cclica de movimentos peridicos de limpeza catrtica do corpo poltico, os quais precisam ser sempre repetidos aps algum tempo porque, na linguagem de Jesus, a casa varrida, mas vazia j ou a ser reocupada?

A resposta vai depender em boa parte das lies que tiramos, ou deixamos de tirar, dos acontecimentos de 20162017. Por exemplo, a lio de como o processo de limpeza se tornou possvel (ou seja, quais as medidas, e prticas istrativas, que aumentaram a capacidade de fiscalizao e a independncia dos rgos ora responsveis pela abrangncia das investigaes). A lio de como estamos colhendo em 2017 a tempestade que semeamos em 2016 (o que vale tambm para os Estados Unidos, e que deve valer para nos alertar contra os Trumps tupiniquins que certamente aparecero em 2018!). A lio de como os processos devem ser observados corretamente, punindo o que deve ser punido, mas no desvalorizando a moeda da medida constitucional sria do impeachment (que no para transgresses menores, nem para remover mandatrios impopulares). A lio de como a corrupo claramente favorecida por determinadas caractersticas do sistema poltico, com poucas chances de o prprio sistema aprovar, sem grande presso externa, as mudanas necessrias.

Enquanto isso, importante que os cristos no se deixem consumir pelo dio poltico, mas que deem exemplo de uma comunidade, no unida politicamente (o que, alm de impossvel, seria indesejvel porque decorreria somente de uma unidade manipulada), mas unida no tratamento cristo das diferenas polticas.

Aqui, precisamos da sabedoria bblica na relao entre o universal e o particular. primeira vista, pode parecer que as exortaes bblicas de amar a todos, mas especialmente os irmos na f transgridam o esprito humanitrio universal. Os cristos no deveriam amar a todos indistintamente? A parbola do bom samaritano, que responde indagao quem o meu prximo, no aponta justamente para a universalizao do amor, sem discriminaes? Diante disso, as exortaes mais aparentemente particularistas de amar e fazer o bem principalmente aos outros cristos (como Joo 13.34-35, em que a capacidade dos cristos de se amarem mutuamente o fator mais importante na sua reputao diante do mundo; e Glatas 6.10, em que fazer o bem recomendado sobretudo aos que compartem da mesma f) no seriam retrocessos, uma volta a um tribalismo s custas do amor generoso espcie humana em geral?

Cada vez mais, os acontecimentos recentes nos convencem da sabedoria neotestamentria nesse ponto. As exortaes mais particularistas, longe de contradizerem as universalistas, existem para proteger estas. Pois especialmente tentador nutrir uma antipatia para com aqueles que nos so mais prximos, mas que discordam de ns! E, portanto, especialmente necessrio nos lembrar da necessidade de am-los. E, consequentemente, no difam-los, ou menosprez-los, ou distorcer as suas palavras e motivaes.

Esse amor particular dentro do universal imprescindvel. Se os cristos no forem capazes de viver essa tica do amor, dentro da comunidade crist e justamente no meio da tormenta poltica que nos divide, como ao pas inteiro, no teremos nada a contribuir sociedade, pois ningum nos reconhecer como discpulos de Cristo. E, individualmente, perderemos de vista o sentido cristo da existncia. Recordemos as palavras de um personagem cristo num livro de Dostoivski: uma vez, no infinito do espao e no tempo, nos dada a possibilidade de dizer eu sou e eu amo. Uma vez somente nos concedido um momento de amor ativo e vivo, para isso nos foi dada a vida terrestre, limitada no tempo. No repilamos esse dom inestimvel. O inferno o sofrimento por no poder mais amar, porque a vida que se podia sacrificar ao amor j decorreu.

Nota: Texto publicado originalmente na seo tica da revista Ultimato, edio 366 (julho/agosto).

Paul Freston, ingls naturalizado brasileiro, professor colaborador do programa de ps-graduao em sociologia na Universidade Federal de So Carlos e professor catedrtico de religio e poltica em contexto global na Balsillie School of International Affairs e na Wilfrid Laurier University, em Waterloo, Ontrio, Canad.

Raphael Freston mestrando em sociologia na Universidade de So Paulo.

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Foto ilustrativa: Agncia Brasil.

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