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04 de janeiro de 2018
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A reconciliao - em Cristo - das geraes 461v6s
Por Ricardo Borges
Em sete anos vivendo no Uruguai, no foi s o fator Pepe Mujica que me chamou a ateno no cenrio poltico e cultural do pas. Tambm me surpreendia que todos os lderes com espao e influncia estavam na casa dos 70 ou 80 anos de idade. Em minhas visitas frica, nunca deixei de notar que os lderes mais velhos sempre eram os mais ouvidos e respeitados. Quando em uma visita sia nos anos 90, era difcil explicar que eu era o lder nacional de uma organizao quando sabiam que eu ainda tinha menos de 30 anos de idade. Sim, em diferentes culturas e lugares, comum encontrar um abismo entre as geraes.
Por um lado, no condeno o valor do apreo e respeito pelas geraes mais velhas. E antes que ms lnguas me acusem de que apenas o digo porque j estaria do outro lado da curva, me defendo dizendo que sempre busquei ser assim, respeitando e aprendendo da sabedoria calejada dos mais vividos. Aprendi com meu av, com meu pai, com meus muitos mestres mais velhos e mais experientes com quem tive o privilgio de conviver ao longo da vida.
>>Fui Moo, Agora Sou Velho... E Da? <<
Por outro lado, h uma tentao e um perigo entre os mais velhos. Se entre os mais novos uma tentao comum a de imaginarem-se mais sbios e eficazes na resoluo dos problemas da vida (agora sim chegou a nossa vez, ou no sei por que nunca resolveram isso antes), entre os mais vividos est sempre presente a tentao do apego ao poder, de manter em suas mos a capacidade de definir os rumos, seja de sua vida, de um projeto ou de uma organizao. Com isso, vem o perigo de perder a oportunidade do frescor e da relevncia que podem vir dos mais jovens.
As crescentes tentaes
Parece que as tentaes tendem a crescer ao longo da vida, e no a diminuir. Agora que vou chegando a certa idade, soa mais real o alerta que li certa vez sobre as tentaes que surgem mais fortes em cada poca da vida, salvo engano, creio ter lido isso nos escritos do mdico psiquiatra John White, que deixou um legado importante no ministrio estudantil em terras latino-americanas. Se o que recordo agora no fidedigno, peo-lhes a compreenso para essa reconstruo da memria, incluindo um hipottico perdo pstumo a White. Alis, dizem que muitas vezes preferimos as construes da memria aos fatos da histria. Ou que esse seria um vcio dos mais velhos. Vejam como j quase me perco nessas divagaes.
Voltando ao ponto, e de acordo com esse relato, a principal tentao na adolescncia seria o chocolate. Dos vinte aos trinta anos seria o sexo. Dos trinta aos quarenta, o dinheiro. Dos quarenta aos cinquenta, o poder. E depois dos cinquenta, o que nos tentaria? Todas as anteriores, juntas. Alm do aspecto tristemente cmico, suspeito que haja algo de sabedoria nessas simplificaes reducionistas. Tambm creio ser possvel afirmar que quanto mais a idade avana, menor costuma ser a pacincia e a abertura para a novidade, ou para o novo que o jovem prope. Quando uns poucos o fazem, pode ser porque ainda felizmente mantenham um frescor jovem em sua mente e corao.
>> Preciso Saber Envelhecer <<
os de reconciliao
Se por meio de Cristo todas as coisas so reconciliadas e atravs dele se estabelece a paz (Col. 1.20), fica a pergunta: poderamos esperar que em Cristo tambm haja uma reconciliao das geraes, novos e velhos caminhando juntos, em aprendizado e respeito mtuos, construindo a paz nesse caminho? Eu, que me sinto um jovem-velho, ou um velho-jovem, arrisco-me a dar uns pitacos nessa fronteira onde a obra de Cristo pode fazer diferena em nosso meio. Creio que jovens e velhos podem, em Cristo, dar os de reconciliao:
Velhos abrindo espaos de liderana para os mais novos, deixando de controlar e aprendendo a ser conduzidos, o que com frequncia um excelente sinal de maturidade;
Jovens aprendendo a ouvir e a explorar a riqueza das histrias dos mais velhos, seja para aprender, seja para ganhar perspectiva, porque sem histria no se vive bem o presente nem se projeta um bom futuro;
Velhos liberando perdo, deixando-se invadir pela paz que vem quando o rancor e a amargura se vo; claro que sem abrir mo das necessrias reparaes que so parte essencial de uma justia que permanece, mas aprendendo a encontrar a serenidade que vem da reconciliao verdadeira em Cristo;
Jovens aprendendo que a humildade, o trabalho com afinco e o servio, feitos como que para o Senhor, por meio de Cristo, consertam e reorientam as ambies desequilibradas; possibilitam encontrar o seu prprio e verdadeiro valor no que so (criao de Deus) e no nas falsas iluses de xito inventadas pelo mundo.
H valor imenso nos velhos. Sim, ao concluir prefiro referir-me a velhos, sem os eufemismos que buscam esconder a velhice como se ela fosse algo de que deveramos nos envergonhar. Ela no o . Tambm h enorme valor nos jovens. s vezes ainda no descoberto nem reconhecido, inclusive por eles mesmos. O bom que Cristo nos descobre, nos valoriza, a jovens e velhos, e nos reconcilia. Tambm nos envia como agentes dessa reconciliao entre as geraes.

Por um lado, no condeno o valor do apreo e respeito pelas geraes mais velhas. E antes que ms lnguas me acusem de que apenas o digo porque j estaria do outro lado da curva, me defendo dizendo que sempre busquei ser assim, respeitando e aprendendo da sabedoria calejada dos mais vividos. Aprendi com meu av, com meu pai, com meus muitos mestres mais velhos e mais experientes com quem tive o privilgio de conviver ao longo da vida.
>>Fui Moo, Agora Sou Velho... E Da? <<
Por outro lado, h uma tentao e um perigo entre os mais velhos. Se entre os mais novos uma tentao comum a de imaginarem-se mais sbios e eficazes na resoluo dos problemas da vida (agora sim chegou a nossa vez, ou no sei por que nunca resolveram isso antes), entre os mais vividos est sempre presente a tentao do apego ao poder, de manter em suas mos a capacidade de definir os rumos, seja de sua vida, de um projeto ou de uma organizao. Com isso, vem o perigo de perder a oportunidade do frescor e da relevncia que podem vir dos mais jovens.
As crescentes tentaes
Parece que as tentaes tendem a crescer ao longo da vida, e no a diminuir. Agora que vou chegando a certa idade, soa mais real o alerta que li certa vez sobre as tentaes que surgem mais fortes em cada poca da vida, salvo engano, creio ter lido isso nos escritos do mdico psiquiatra John White, que deixou um legado importante no ministrio estudantil em terras latino-americanas. Se o que recordo agora no fidedigno, peo-lhes a compreenso para essa reconstruo da memria, incluindo um hipottico perdo pstumo a White. Alis, dizem que muitas vezes preferimos as construes da memria aos fatos da histria. Ou que esse seria um vcio dos mais velhos. Vejam como j quase me perco nessas divagaes.
Voltando ao ponto, e de acordo com esse relato, a principal tentao na adolescncia seria o chocolate. Dos vinte aos trinta anos seria o sexo. Dos trinta aos quarenta, o dinheiro. Dos quarenta aos cinquenta, o poder. E depois dos cinquenta, o que nos tentaria? Todas as anteriores, juntas. Alm do aspecto tristemente cmico, suspeito que haja algo de sabedoria nessas simplificaes reducionistas. Tambm creio ser possvel afirmar que quanto mais a idade avana, menor costuma ser a pacincia e a abertura para a novidade, ou para o novo que o jovem prope. Quando uns poucos o fazem, pode ser porque ainda felizmente mantenham um frescor jovem em sua mente e corao.
>> Preciso Saber Envelhecer <<
os de reconciliao
Se por meio de Cristo todas as coisas so reconciliadas e atravs dele se estabelece a paz (Col. 1.20), fica a pergunta: poderamos esperar que em Cristo tambm haja uma reconciliao das geraes, novos e velhos caminhando juntos, em aprendizado e respeito mtuos, construindo a paz nesse caminho? Eu, que me sinto um jovem-velho, ou um velho-jovem, arrisco-me a dar uns pitacos nessa fronteira onde a obra de Cristo pode fazer diferena em nosso meio. Creio que jovens e velhos podem, em Cristo, dar os de reconciliao:
Velhos abrindo espaos de liderana para os mais novos, deixando de controlar e aprendendo a ser conduzidos, o que com frequncia um excelente sinal de maturidade;
Jovens aprendendo a ouvir e a explorar a riqueza das histrias dos mais velhos, seja para aprender, seja para ganhar perspectiva, porque sem histria no se vive bem o presente nem se projeta um bom futuro;
Velhos liberando perdo, deixando-se invadir pela paz que vem quando o rancor e a amargura se vo; claro que sem abrir mo das necessrias reparaes que so parte essencial de uma justia que permanece, mas aprendendo a encontrar a serenidade que vem da reconciliao verdadeira em Cristo;
Jovens aprendendo que a humildade, o trabalho com afinco e o servio, feitos como que para o Senhor, por meio de Cristo, consertam e reorientam as ambies desequilibradas; possibilitam encontrar o seu prprio e verdadeiro valor no que so (criao de Deus) e no nas falsas iluses de xito inventadas pelo mundo.
H valor imenso nos velhos. Sim, ao concluir prefiro referir-me a velhos, sem os eufemismos que buscam esconder a velhice como se ela fosse algo de que deveramos nos envergonhar. Ela no o . Tambm h enorme valor nos jovens. s vezes ainda no descoberto nem reconhecido, inclusive por eles mesmos. O bom que Cristo nos descobre, nos valoriza, a jovens e velhos, e nos reconcilia. Tambm nos envia como agentes dessa reconciliao entre as geraes.
casado com Ruth e pai de Ana Jlia e Carolina. Integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Sade, em So Paulo (SP), serve globalmente como secretrio adjunto para o engajamento com as Escrituras na IFES (International Fellowship of Evangelical Students) e tambm apoia a equipe da IFES Amrica Latina.
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