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03 de julho de 2017
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Cristos: verdadeiros revolucionrios? 193f3s
Por Ricardo Wesley
Corrupo, revoluo! Corrupo, revoluo!
Corrupo, revoluo! Corrupo, revoluo!. As palavras de ordem entoadas com fora por milhares de estudantes na Maidan, a praa da independncia, em Kiev, na Ucrnia, instantaneamente me emocionaram. Possivelmente voc encontre cenas mais fortes ou outras mais inspiradoras no excelente documentrio Winter on Fire Ukraines Fight for Freedom, de 2015, que nos apresenta de maneira eletrizante os 93 dias de protesto, ocupao e resistncia, que levaram um presidente indesejado sua fuga para o exlio na Rssia de Putin.
Os olhos vidrados no documentrio, possivelmente, tambm se deram por ver que muitos dos nossos pases da Amrica Latina am por convulses polticas e sociais. A desigualdade, a pobreza, a violncia, o abuso dos direitos, em especial dos mais vulnerveis, a corrupo que tira os recursos dos menos favorecidos, os sistemas polticos, sociais e econmicos que marginalizam e oprimem, que parecem, pela sua repetio e magnitude, roubar a vida e a esperana de muita gente. Inclusive daqueles que no poderiam perd-la, por causa de Cristo, pelo Reino, pela conscincia da presena de Cristo e de seu Reino no mundo e na histria.
Quem deveriam ser os verdadeiros revolucionrios?
Nessas pocas conturbadas venho encontrando algum alento na leitura de um livro j bem antigo, de 1948. Seu autor foi um filsofo francs, socilogo, professor universitrio, telogo, pastor leigo, escritor prolfico e provocador: Jacques Ellul. A pequena obra primeiro me chamou ateno pelo seu ttulo em ingls, A presena do Reino, talvez pelo meu desejo de meditar em como esse Reino de Deus se faz presente em nosso meio. Minha surpresa posterior foi descobrir o ttulo da traduo em portugus: Cristianismo Revolucionrio1.
Ellul ali afirma que os cristos so uma inesgotvel fora revolucionria no mundo. Claro, para ele as coisas no so fceis nem simples, uma vez que ns pertencemos a duas cidades (uma clara referncia a Santo Agostinho), o mundo e a cidadania celestial. Em meio a essas duas cidadanias, Ellul reconhece que ns vivemos luz da certeza do retorno de Cristo para completar seus propsitos. Assim, no pertencemos de maneira plena a este mundo. Como ns temos outro Senhor e pertencemos a outra ordem, isso significa que aqueles que vivem pelo poder de Cristo aqui so ento verdadeiros revolucionrios que fazem mais real a vinda do Reino no cotidiano de nossas vidas.
Uma luta e resistncia radical, mas no violenta
Quanto pergunta sobre como isso se daria, Ellul diz que o caminho no seria imaginar de maneira ingnua trazer o Reino ou estabelecer o paraso aqui, mas sim trabalhando para tornar o mundo, em suas palavras, mais tolervel, reduzindo a oposio entre a desordem do mundo e o propsito de Deus para o mesmo. Acima de tudo, de acordo com Ellul, o fazemos ao proclamar as boas novas da salvao. Dessa maneira, o autor nos chama a um estilo de vida distinto, ao estar no mundo em nome de Cristo como sal, luz e como cordeiros no meio de lobos. Esta ltima talvez uma referncia sua preferncia de que a nossa luta e resistncia no sejam violentas, ao mesmo tempo em que radical na exortao para a fidelidade como profetas e agentes de mudana no meio da realidade que nos toca viver.
O que me leva a outro episdio que vivi h muitos anos, sobre transformaes e revolues. Era o ano de 1999, quando ramos parte da delegao da ABU na Assembleia Mundial da IFES2, na Coria do Sul. O ocorrido se deu no momento da discusso do plano quadrienal para o ministrio. Em um determinado momento a nossa delegao brasileira sugeriu um pargrafo para a seo acerca do que espervamos do trabalho entre profissionais. Sugerimos algo que apontava para nossa esperana de que os profissionais cristos formados pelos movimentos estudantis erguessem voz e aes profticas para a transformao de nossas sociedades. Talvez parea algo simples ou ingnuo hoje, mas a proposta gerou polmica. No sei se pela expresso proftica, ou transformao, ou por alguma leitura poltica no desejada. Lembro-me de algum perguntar se ramos da teologia da libertao (uma suposio que muitos amigos meus achariam no mnimo engraada) ou se pretendamos uma revoluo. Sobre essa ltima recordo quase haver devolvido: qual o problema com a palavra ou o conceito de revoluo">Freeimages.com.
Corrupo, revoluo! Corrupo, revoluo!

Os olhos vidrados no documentrio, possivelmente, tambm se deram por ver que muitos dos nossos pases da Amrica Latina am por convulses polticas e sociais. A desigualdade, a pobreza, a violncia, o abuso dos direitos, em especial dos mais vulnerveis, a corrupo que tira os recursos dos menos favorecidos, os sistemas polticos, sociais e econmicos que marginalizam e oprimem, que parecem, pela sua repetio e magnitude, roubar a vida e a esperana de muita gente. Inclusive daqueles que no poderiam perd-la, por causa de Cristo, pelo Reino, pela conscincia da presena de Cristo e de seu Reino no mundo e na histria.
Quem deveriam ser os verdadeiros revolucionrios?
Nessas pocas conturbadas venho encontrando algum alento na leitura de um livro j bem antigo, de 1948. Seu autor foi um filsofo francs, socilogo, professor universitrio, telogo, pastor leigo, escritor prolfico e provocador: Jacques Ellul. A pequena obra primeiro me chamou ateno pelo seu ttulo em ingls, A presena do Reino, talvez pelo meu desejo de meditar em como esse Reino de Deus se faz presente em nosso meio. Minha surpresa posterior foi descobrir o ttulo da traduo em portugus: Cristianismo Revolucionrio1.
Ellul ali afirma que os cristos so uma inesgotvel fora revolucionria no mundo. Claro, para ele as coisas no so fceis nem simples, uma vez que ns pertencemos a duas cidades (uma clara referncia a Santo Agostinho), o mundo e a cidadania celestial. Em meio a essas duas cidadanias, Ellul reconhece que ns vivemos luz da certeza do retorno de Cristo para completar seus propsitos. Assim, no pertencemos de maneira plena a este mundo. Como ns temos outro Senhor e pertencemos a outra ordem, isso significa que aqueles que vivem pelo poder de Cristo aqui so ento verdadeiros revolucionrios que fazem mais real a vinda do Reino no cotidiano de nossas vidas.
Uma luta e resistncia radical, mas no violenta
Quanto pergunta sobre como isso se daria, Ellul diz que o caminho no seria imaginar de maneira ingnua trazer o Reino ou estabelecer o paraso aqui, mas sim trabalhando para tornar o mundo, em suas palavras, mais tolervel, reduzindo a oposio entre a desordem do mundo e o propsito de Deus para o mesmo. Acima de tudo, de acordo com Ellul, o fazemos ao proclamar as boas novas da salvao. Dessa maneira, o autor nos chama a um estilo de vida distinto, ao estar no mundo em nome de Cristo como sal, luz e como cordeiros no meio de lobos. Esta ltima talvez uma referncia sua preferncia de que a nossa luta e resistncia no sejam violentas, ao mesmo tempo em que radical na exortao para a fidelidade como profetas e agentes de mudana no meio da realidade que nos toca viver.
O que me leva a outro episdio que vivi h muitos anos, sobre transformaes e revolues. Era o ano de 1999, quando ramos parte da delegao da ABU na Assembleia Mundial da IFES2, na Coria do Sul. O ocorrido se deu no momento da discusso do plano quadrienal para o ministrio. Em um determinado momento a nossa delegao brasileira sugeriu um pargrafo para a seo acerca do que espervamos do trabalho entre profissionais. Sugerimos algo que apontava para nossa esperana de que os profissionais cristos formados pelos movimentos estudantis erguessem voz e aes profticas para a transformao de nossas sociedades. Talvez parea algo simples ou ingnuo hoje, mas a proposta gerou polmica. No sei se pela expresso proftica, ou transformao, ou por alguma leitura poltica no desejada. Lembro-me de algum perguntar se ramos da teologia da libertao (uma suposio que muitos amigos meus achariam no mnimo engraada) ou se pretendamos uma revoluo. Sobre essa ltima recordo quase haver devolvido: qual o problema com a palavra ou o conceito de revoluo">Freeimages.com.
casado com Ruth e pai de Ana Jlia e Carolina. Integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Sade, em So Paulo (SP), serve globalmente como secretrio adjunto para o engajamento com as Escrituras na IFES (International Fellowship of Evangelical Students) e tambm apoia a equipe da IFES Amrica Latina.
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