Opinio 3pp3w
14 de maio de 2024
- Visualizaes: 2535
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
A cincia da gratido 5g1w31
Por Ester Utrilla de Figueiredo
Caracterizando a gratido
No prefcio da obra The Psychology of Gratitude, o filsofo Robert C. Solomon destaca que a gratido uma das virtudes mais subestimadas. Mesmo que no seja considerada uma das virtudes por excelncia (conforme Aristteles), Mark McMinn, em The Science of Virtue, ressalta que Ccero a descreveria como pai de todas as virtudes.
Como qualquer afeto, a gratido pode ser considerada como um trao de carter, um humor ou uma emoo. Quando considerada um trao de carter, entendida como uma tendncia a reconhecer e responder com a emoo de gratido benevolncia dos outros nas experincias positivas e nos resultados que obtemos. diferena do otimismo, que espera por resultados futuros positivos, a gratido est orientada a reconhecer os resultados.⁴ A gratido tambm pode ser entendida como nossa atitude de resposta a um presente, seja este do tipo que for; podendo responder com gratido (e celebrao!) ou com queixas e sugestes.⁵
Os instrumentos utilizados nas pesquisas para medir a gratido nos orientam para entender melhor sua conceitualizao. Estas medidas⁶ focam na apreciao pelas coisas; quantidade de coisas pelas quais sou grato (tenho muitas coisas pelas quais ser grato), a frequncia das vezes que sinto gratido (demoro at sentir gratido por algo) ou a viso geral da gratido ao longo do tempo (conforme envelheo, consigo apreciar melhor as pessoas que formaram parte de minha vida). Outras questes que refletem a apreciao teriam a ver com o encantamento (pela natureza e pela arte) ou o desfrute das coisas simples da vida. J os itens contrrios so aqueles relacionados com ressentimento (comigo acontecem mais coisas ruins do que com os outros).
Coletando dados
No comeo dos anos 2000, os pesquisadores cristos Emmons e McCullough publicaram os achados de vrios estudos sobre gratido, associando-a com uma melhor sade fsica e mental; contar as bnos aumentava o otimismo e a satisfao com a vida, melhorava o sono e diminua as visitas ao mdico. A interpretao dos autores foi que a gratido nos fazia ser mais pr-sociais: gentis, perdoadores e confiantes nos outros.⁷ Posteriormente tambm apareceram nos estudos sobre felicidade.⁸
Os estudos desta rea se encaixam, na teoria broaden-and-build, dentro da psicologia positiva, que pode ser entendida como uma forma de ampliar nossa percepo sobre as circunstncias e construir uma soluo a partir desta nova viso.⁹ Entretanto, as pesquisas sobre gratido costumam apresentar limitaes metodolgicas e os efeitos das intervenes so pequenos. Ainda assim, sua relao com uma boa sade (demonstrada por pesquisas quantitativas) incompleta quando no conseguimos entender como funciona essa relao, sendo necessrios mais estudos qualitativos.⁰
Mas se exercitar voluntariamente a gratido no comprovadamente benfico, por que trabalhar no seu exerccio constante? Em 1 Tessalonicenses 5:18 est escrito: Em tudo/em todas as circunstncias dai graas. Este versculo (alm de muitos outros que falam sobre aes de graas no Novo Testamento) parece indicar no um momento episdico, mas uma disposio do corao. Como cristos, somos chamados a isso, independentemente dos achados cientficos. Para Paulo, quem confia em Deus tem razes suficientes para agradecer em qualquer situao, mesmo nas dificuldades.
Porm, hoje em dia nos encontramos numa poca diferenciada: a das redes sociais. Como ser grato em um universo onde aparece na minha frente tudo o que os outros tm (e fazem) e que eu no posso ter (nem fazer)? Na comparao social voc usa os outros para avaliar a si mesmo, dando lugar a uma tendncia entendida como orientao de comparao social. Curiosamente, aqueles com uma alta orientao de comparao social so os que mais usam as redes sociais. J uma menor orientao de comparao social estaria associada com uma tendncia disposicional de ser grato ao longo do tempo e em diversas situaes. Parece que as pessoas mais gratas aceitam a si mesmos no pela negao das coisas ruins, mas pela escolha de aproveitar o que se tem.

Exercitando o corao
As razes da gratido podem ser vistas em muitas tradies religiosas ao redor do mundo. Nas grandes religies monotestas, a gratido permeia textos, ensinamentos e oraes; a doutrina tradicional de Deus retrata este como o doador supremo. Depois de reconhecer os favores de Deus, os seres humanos respondem apropriadamente com um afeto grato, e por isso as pessoas religiosas buscam evocar e manter essa emoo de gratido.
Hoje em dia, a imediatez e a autoafirmao parecem nos impedir de ter esse tipo de disposio. Voc no precisa agradecer por nada porque os outros no fazem mais do que sua obrigao; transferimos essa viso, inclusive, para Deus: claro que tenho cobertor e comida! No o mnimo que um Deus bom ofereceria">Eleio e Livre-Arbtrio, Confisses de um Peregrino, Frans Leonard Schalkwijk

No prefcio da obra The Psychology of Gratitude, o filsofo Robert C. Solomon destaca que a gratido uma das virtudes mais subestimadas. Mesmo que no seja considerada uma das virtudes por excelncia (conforme Aristteles), Mark McMinn, em The Science of Virtue, ressalta que Ccero a descreveria como pai de todas as virtudes.
Como qualquer afeto, a gratido pode ser considerada como um trao de carter, um humor ou uma emoo. Quando considerada um trao de carter, entendida como uma tendncia a reconhecer e responder com a emoo de gratido benevolncia dos outros nas experincias positivas e nos resultados que obtemos. diferena do otimismo, que espera por resultados futuros positivos, a gratido est orientada a reconhecer os resultados.⁴ A gratido tambm pode ser entendida como nossa atitude de resposta a um presente, seja este do tipo que for; podendo responder com gratido (e celebrao!) ou com queixas e sugestes.⁵
Os instrumentos utilizados nas pesquisas para medir a gratido nos orientam para entender melhor sua conceitualizao. Estas medidas⁶ focam na apreciao pelas coisas; quantidade de coisas pelas quais sou grato (tenho muitas coisas pelas quais ser grato), a frequncia das vezes que sinto gratido (demoro at sentir gratido por algo) ou a viso geral da gratido ao longo do tempo (conforme envelheo, consigo apreciar melhor as pessoas que formaram parte de minha vida). Outras questes que refletem a apreciao teriam a ver com o encantamento (pela natureza e pela arte) ou o desfrute das coisas simples da vida. J os itens contrrios so aqueles relacionados com ressentimento (comigo acontecem mais coisas ruins do que com os outros).
Coletando dados
No comeo dos anos 2000, os pesquisadores cristos Emmons e McCullough publicaram os achados de vrios estudos sobre gratido, associando-a com uma melhor sade fsica e mental; contar as bnos aumentava o otimismo e a satisfao com a vida, melhorava o sono e diminua as visitas ao mdico. A interpretao dos autores foi que a gratido nos fazia ser mais pr-sociais: gentis, perdoadores e confiantes nos outros.⁷ Posteriormente tambm apareceram nos estudos sobre felicidade.⁸
Os estudos desta rea se encaixam, na teoria broaden-and-build, dentro da psicologia positiva, que pode ser entendida como uma forma de ampliar nossa percepo sobre as circunstncias e construir uma soluo a partir desta nova viso.⁹ Entretanto, as pesquisas sobre gratido costumam apresentar limitaes metodolgicas e os efeitos das intervenes so pequenos. Ainda assim, sua relao com uma boa sade (demonstrada por pesquisas quantitativas) incompleta quando no conseguimos entender como funciona essa relao, sendo necessrios mais estudos qualitativos.⁰
Mas se exercitar voluntariamente a gratido no comprovadamente benfico, por que trabalhar no seu exerccio constante? Em 1 Tessalonicenses 5:18 est escrito: Em tudo/em todas as circunstncias dai graas. Este versculo (alm de muitos outros que falam sobre aes de graas no Novo Testamento) parece indicar no um momento episdico, mas uma disposio do corao. Como cristos, somos chamados a isso, independentemente dos achados cientficos. Para Paulo, quem confia em Deus tem razes suficientes para agradecer em qualquer situao, mesmo nas dificuldades.
Porm, hoje em dia nos encontramos numa poca diferenciada: a das redes sociais. Como ser grato em um universo onde aparece na minha frente tudo o que os outros tm (e fazem) e que eu no posso ter (nem fazer)? Na comparao social voc usa os outros para avaliar a si mesmo, dando lugar a uma tendncia entendida como orientao de comparao social. Curiosamente, aqueles com uma alta orientao de comparao social so os que mais usam as redes sociais. J uma menor orientao de comparao social estaria associada com uma tendncia disposicional de ser grato ao longo do tempo e em diversas situaes. Parece que as pessoas mais gratas aceitam a si mesmos no pela negao das coisas ruins, mas pela escolha de aproveitar o que se tem.

Exercitando o corao
As razes da gratido podem ser vistas em muitas tradies religiosas ao redor do mundo. Nas grandes religies monotestas, a gratido permeia textos, ensinamentos e oraes; a doutrina tradicional de Deus retrata este como o doador supremo. Depois de reconhecer os favores de Deus, os seres humanos respondem apropriadamente com um afeto grato, e por isso as pessoas religiosas buscam evocar e manter essa emoo de gratido.
Hoje em dia, a imediatez e a autoafirmao parecem nos impedir de ter esse tipo de disposio. Voc no precisa agradecer por nada porque os outros no fazem mais do que sua obrigao; transferimos essa viso, inclusive, para Deus: claro que tenho cobertor e comida! No o mnimo que um Deus bom ofereceria">Eleio e Livre-Arbtrio, Confisses de um Peregrino, Frans Leonard Schalkwijk
14 de maio de 2024
- Visualizaes: 2535
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 223i1k
Ultimato quer falar com voc.
A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.

Leia mais em Opinio 2l1v6s

Opinio do leitor 1t5dh
Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Ainda no h comentrios sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta necessrio estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o ou seu cadastro.
Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em ltimas 6ik57
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu h...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e Histria
- Casamento e Famlia
- Cincia
- Devocionrio
- Espiritualidade
- Estudo Bblico
- Evangelizao e Misses
- tica e Comportamento
- Igreja e Liderana
- Igreja em ao
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Poltica e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Srie Cincia e F Crist
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Crist
Revista Ultimato 5z423b
+ lidos 1s1q68
- A bno de ter avs e de ser avs
- Francisco, Samuel Escobar memria e honra
- Adolescncia: No preciso uma segunda temporada
- Os Jardins do den e a Sombra de Abel: uma jornada pela aposentadoria
- F, transformao social e incluso vida e obra de Jos de Souza Marques
- Abel e Zacarias: encontrando misso na aposentadoria avanada
- Paul Tournier e a Bblia
- Ser ou no ser me: eis a questo
- Filme Jesus traduzido para a 2.200 lngua, o Bouna
- 29 Mutiro Mundial de Orao por crianas e adolescentes socialmente vulnerveis chegou!