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Opinio 3pp3w

Vox populi, vox Dei 4z5945

Neste ano de 2017 estamos celebrando 500 anos de reforma. Estamos celebrando um movimento de reforma que j dura 500 anos. Estamos h 500 anos protestando.

Os fatos recentes envolvendo questes religiosas no espao chamado secular e o momento cultural, social, econmico e poltico de nosso pas tornam a celebrao da Reforma Protestante no apenas importante, dada a sua relevncia na histria do Ocidente, como tambm imprescindvel e urgente, considerando a atualidade dos princpios que os reformadores deixaram como legado.

Embora resulte de um processo histrico desde os sculos 14 e 15, com personagens notveis, chamados pr-reformadores, como Joo Wycliffe (13251384), Joo Huss (13721415) e Jernimo Savonarola (14521498), comum considerar a data de 31 de outubro de 1517 o marco zero da Reforma Protestante do sculo 16. Naquele dia, o monge agostiniano Martinho Lutero (14831546) afixou suas 95 teses na porta da igreja da cidade de Wittenberg, convidando a comunidade acadmica para debater suas crticas Igreja Romana. Lutero desafiou a autoridade da igreja, chegando inclusive a afirmar, em 1519, que o papa, considerado infalvel, podia errar.

>> A Reforma - O que voc precisa saber e por qu <<


Em 1520, Lutero recebeu a Bula Papal, que o instava retratao, sob pena de excomunho. Em resposta, Lutero e seus simpatizantes de Wittenberg queimaram a Bula em praa pblica. Em 1521, na Dieta de Worms convocada pelo imperador Carlos V, mais uma vez constrangido a se retratar, Lutero responde: No posso nem quero retratar-me, porque no bom nem sincero agir contra a prpria conscincia. Que Deus me ajude! Amm!.

Alm de Lutero e seu discpulo Filipe Melanchthon (14971560), a Reforma Protestante tem outros personagens e movimentos de igual importncia: Ulrico Zunglio (14841531), reformador da Sua, no movimento chamado Segunda Reforma; os reformadores radicais ou Anabatistas, que defenderam a separao completa entre igreja e Estado; e em especial Joo Calvino (15091564), radicado em Genebra, responsvel pelo calvinismo o mais completo sistema teolgico protestante.

O fenmeno religioso e o fenmeno social


Ainda mais evidente o fato de que a Reforma Protestante, como fenmeno religioso, no pode ser analisada s com as categorias religiosas. Quem procura fazer uma anlise apenas religiosa acaba no fazendo sequer uma anlise religiosa, comenta Leonardo Boff. O historiador Henrique Ha lembra que a Reforma do sculo 16 teve o duplo carter de revoluo social e revoluo religiosa. As classes populares no se levantaram apenas contra a corrupo do dogma e os abusos do clero, mas tambm contra a misria e a injustia. Na Bblia no buscaram apenas a doutrina da salvao pela graa, mas tambm a prova da igualdade original de todos os seres humanos. Boff insiste que Hegel, com razo, considera a Reforma Luterana uma Hauptrevolution (revoluo fundamental), porque com Lutero, comea a liberdade de esprito, liberdade que no apenas se reconhece, mas sumamente exigida.

>> Para entender a Bblia <<

Essa liberdade conquistada mediante o rompimento com o cativeiro babilnico a que fora submetida a cristandade sob a hegemonia da Roma dos papas, que se articulava ao redor de interesses econmicos, polticos, jurdicos e militares. Na viso medieval, o poder civil adquiria legitimidade somente em virtude da delegao que recebia do poder religioso. A nica autoridade reconhecida era a que provinha de Deus, exercida mediante o nico poder religioso reconhecido no Ocidente, a Igreja Romana. Esse era o conceito de poder poltico-religioso de direito divino. Viso definida pelo Papa Gregrio VII (10251085), foi muitas vezes reforada pelos papas posteriores, inclusive por Inocncio III, que chegou a afirmar que assim como a Lua toma emprestado do Sol a luminosidade, assim o poder real recebe da autoridade pontifcia o brilho de sua dignidade. Esse modelo sobrevive ainda hoje no Estado moderno do Vaticano, onde o supremo pontfice ao mesmo tempo chefe espiritual da igreja e chefe temporal do Estado.

As afirmaes fundamentais


Os fundamentos teolgicos da Reforma Protestante sabotam de forma absoluta o modelo hierrquico e autoritrio que funde os poderes religioso e poltico. O telogo suo Andr Bieler sugere que a Reforma exalta princpios que inauguram um tempo em que as democracias modernas se tornam a alternativa irreversvel de organizao social. A primeira afirmao dos reformadores foi que um chamamento individual endereado por Deus a cada indivduo, sem a necessria intermediao de uma hierarquia clerical, e isso faz de cada indivduo uma pessoa nica e responsvel por si prpria, diz Biler.

A segunda afirmao da Reforma que a vocao e a responsabilidade individuais levam ao exerccio do sacerdcio universal da igreja. Cada pessoa, sujeita apenas autoridade da Palavra de Deus, sacerdote de si mesma, responsvel por sua vida espiritual, o que implica o rompimento com a hierarquia da igreja como detentora exclusiva da prerrogativa de istrar o sagrado. A partir dessa afirmao, a autoridade exercida de cima para baixo, do clero para o fiel, subvertida. Agora, a autoridade repousa sobre o povo e pelo povo delegada, de baixo para cima, tanto para o clero quanto para o trono.

Outro princpio fundamental da Reforma diz que a Bblia, da qual cada pessoa o intrprete nico, responsvel perante Deus, substitui o clero como fonte de autoridade. O povo estimulado ao despertamento intelectual, e a sociedade, a prover educao cultural, fazendo com que os contextos influenciados pela Reforma se desenvolvam em termos de instruo e educao imprescindveis ao protagonismo individual e popular nos processos das democracias modernas.

Quando despertamos numa manh ensolarada diante de muros onde se pode ler a pichao Bblia sim, Constituio no!, imaginamos os reformadores se revirando no tmulo. O protestantismo que se fundamenta nos princpios da liberdade de conscincia e na responsabilidade do indivduo diante de Deus no compatvel com propostas de imposio de f ou desrespeito s conscincias individuais. O protestantismo por definio um movimento libertrio, quase anrquico, onde nenhum poder exercido de modo legtimo sobre uma pessoa sem o seu consentimento, o que vlido tambm para a sociedade. Ainda que anterior ao protestantismo, a afirmao o poder emana do povo e deve ser exercido em nome e em benefcio do povo tem parentesco com a Reforma Protestante, que rejeita qualquer autoridade imposta por uma hierarquia que se considere legitimada por Deus. A voz de Deus a voz de Deus. Portanto, se algum deve discernir e interpretar a voz de Deus, esse algum no a igreja, nem o clero, nem aristocracias, nem mesmo minorias ou maiorias. Quem deve discernir e interpretar a voz de Deus a conscincia individual. Considerando a impossibilidade de um pensamento homogneo, ainda que teologicamente no seja verdadeiro, como critrio para a construo da sociedade, vale a mxima: Vox populi, vox Dei.
  • Ed Ren Kivitz pastor da Igreja Batista de gua Branca, em So Paulo, SP. mestre em cincias da religio e autor de, entre outros, O Livro Mais Mal-Humorado da Bblia.

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