Sossegai! 336f6v

Parceria Ultimato e Igreja Crist Maranata
Histria dos hinos

Contando e Cantando -Volume 2
Por Henriqueta Rosa F. Braga

Horcio Richmond Palmer, doutor em Msica pela Universidade de Chicago, pertencia a uma famlia de msicos. Nascido em Sherburne, Estado de Nova York, em 26 de abril de 1834, cantou no coral do seu pai desde os 9 anos de idade, e comeou a compor aos 18 anos. Cursou a Academia de Msica Rushford, em Nova York, da qual se tornou diretor com apenas 20 anos de idade. Mais tarde, estudou msica em Berlim e em Florena, antes de estabelecer-se em Chicago, onde morou de 1861 a 1874. A fundou a revista musical Concrdia (1866) e publicou com grande xito duas obras: The Song Queen (Canes da Rainha) e The Song King (Canes do Rei). A partir de 1874, j na cidade de Nova York, tornou-se regente do coro Nova York City Choral Union, com quatro mil vozes. Editou mais de cinquenta publicaes incluindo cnticos, colees corais e obras tericas. Colaborou com o bispo Vincent, deo da Escola de Msica de Lake Chautauqua. Morreu em Nova York em 15 de novembro de 1907.

Interessado na obra realizada pelas Escolas Dominicais e entendendo a msica como um veculo eficiente de conhecimentos bblicos, o doutor Palmer pediu a Mary Ann Baker que escrevesse uma srie de hinos (que falasse sobre os) relacionados aos temas estudados nas classes dominicais. Um dos temas era: Cristo acalmando a tempestade (Mt 14.22-33).

Mary Ann havia acabado de sofrer profundo desgosto. O hino Sossegai! resultou da sua experincia nessa grande provao.

Nascida em 16 de setembro de 1831, ficou rf em tenra idade, restando-lhe apenas uma irm e um irmo ternamente amados. Moravam em Chicago. Ainda jovem, e j revelando excepcionais qualidades de carter, o rapaz foi atingido pela tuberculose, a mesma doena que havia matado seus pais. Como os trs irmos no dispunham de maiores recursos financeiros, as duas irms fizeram o possvel para conseguir o necessrio para enviar o doente Flrida, onde o clima, mais ameno, talvez pudesse prolongar-lhe a vida. Porm, isso foi em vo. Em poucas semanas o mal se agravou e o rapaz morreu, longe de casa e sem o consolo da famlia. A falta de recursos no permitiu a Mary Ann e sua irm viajarem Flrida para o sepultamento, nem, tampouco, trazer o corpo para Chicago. A dor das duas foi inenarrvel. Ela prpria assim se expressou: Embora no nos lamentssemos como os que no tm esperana, e embora eu tivesse aceitado a Cristo na minha infncia e sempre tivesse desejado viver uma vida obediente e consagrada ao Senhor, tornei-me rebelde em no querer aceitar esse desgnio da divina providncia. Dizia comigo mesma que Deus no havia cuidado de mim nem dos meus. Mas a prpria voz de Deus veio acalmar a tempestade no meu corao e devolv-lo calma de uma profunda f e mais perfeita confiana.

Essa experincia, ainda recente, inspirou-a na composio do hino Sossegai! (1874). No apenas permitiu-lhe narrar com felicidade a agem bblica; mais que isso, capacitou-a a expressar a profunda f na atuao do Senhor, quando estamos prestes a submergir nas dificuldades, tristezas e imes nos quais a vida nos enreda.

Imediatamente o prprio doutor Palmer escreveu a msica para o hino, que tem beneficiado a muitos com a sua mensagem de f.

Depois disso, Mary Ann Baker ou a dedicar-se de corpo e alma Unio de Mulheres Crists pela Temperana, da qual foi membro ativo at o fim dos seus dias; explicava que a experincia pela qual havia ado tornara-a sensvel ao sofrimento de irms, esposas e mes de alcolatras, cedo tirados da vida normal pelo naufrgio no degradante vcio da bebida.

A traduo para o portugus foi feita em 1903. Ns a devemos ao missionrio batista William Edwin Entzminger (1859-1930), primeiro redator de O Jornal Batista e primeiro diretor da antiga Casa Publicadora Batista.

Eis o hino, que pode ser encontrado com a respectiva msica na atual edio de Salmos e Hinos com Msicas Sacras, sob o n 102, e no Cantor Cristo sob o n 328.

Mestre! O mar se revolta
E as ondas nos do pavor!
O cu se reveste de trevas;
No temos um salvador!
No se te d que morramos?
Podes assim dormir
Quando a cada momento nos vemos
J prestes a submergir?

As ondas atendem ao meu mandar. Sossegai!
E, seja o encapelado mar,
A ira dos homens, ou gnio do mal,
Tais guas no podem a nau tragar
Que leva o Senhor, Rei do cu e mar,
Pois todos ouvem o meu mandar.
Sossegai! Sossegai!
Convosco estou para vos salvar.
Paz! Paz gozai!

Mestre! To grande tristeza
Me quer hoje consumir!
A dor que perturba minha alma
Te implora: Vem me acudir!
De ondas do mal que me encobrem
Quem me vir valer?
Oh! No tardes, no tardes, Mestre!
Estou quase a perecer!

Mestre! Chegou a bonana!
Em paz vejo o cu e o mar.
O meu corao goza calma
Que no poder findar.
Fica ao meu lado, bom Mestre,
Dono da terra e cu,
E contigo eu irei bem seguro
Ao porto, destino meu.