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03 de fevereiro de 2009
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Relativismo, certeza e agnosticismo em teologia 1f5v4l
Augustus Nicodemus
Tenho sempre me deparado com pastores e telogos que acreditam que teologia boa s aquela que est sendo feita agora. Recentemente encontrei mais um desses. Chamou-me de fundamentalista porque acredito que existe teologia certa e teologia errada, e porque incluo na primeira categoria os antigos credos cristos e as confisses reformadas. Ensinou-me, com aquela pachorra tpica de quem iluminado e se depara com um pobre fundamentalista obscurantista e tapado, que a teologia apenas um construto humano, limitado, provisrio, subjetivo, que tem que ser feito por cada gerao, pois no atende mais as necessidades da prxima.
Era bvio que mais uma vez eu estava diante daquela cena hilria em que o relativista declara com toda autoridade e convico que no existe verdade absoluta, tudo relativo.
Vamos supor, ainda que por um momento, que esses telogos -- nem sei em que categoria enquadr-los, pois nem liberais eles so (os liberais de verdade acreditavam em certo e errado) -- estejam certos. Que cada gerao entende Deus, a Bblia e as grandes verdades do cristianismo de uma maneira totalmente diferente de outra gerao e de pessoas de outra cultura, a ponto de no podermos adotar suas reflexes teolgicas como verdadeiras e vlidas para nossa gerao. Se levada s ltimas consequncias, essa perspectiva sobre a teologia criaria uma srie de problemas, inclusive para os que a defendem.
1) Vamos comear pelo fato que cada nova gerao teria de definir, de novo, o que o cristianismo. Explico. O cristianismo, enquanto religio, foi definido e os seus limites estabelecidos durante os primeiros sculos depois de Cristo, quando os primeiros cristos foram confrontados com explicaes diferentes, contraditrias e alternativas da mensagem de Jesus e dos apstolos, como o montanismo, as ideias de Marcio, os gnsticos, os docetistas e os ebionitas, para mencionar alguns.
Os grandes credos ecumnicos da cristandade estabelecidos nas geraes posteriores nos deram de forma sintetizada a doutrina de Cristo, da Trindade, entre outras, adotadas pelo cristianismo histrico at hoje. A seguir o que esse pastor estava me dizendo, teramos de jogar tudo isso fora e recomear, refazer, redefinir o cristianismo a partir da nossa prpria situao.
2) A segunda dificuldade que essa perspectiva acaba pegando mal para seus prprios defensores. Pergunto: o que eles tm descoberto e oferecido mais recentemente que seja novo acerca do ser e das obras de Deus, da pessoa de Cristo e de sua morte e ressurreio? Quando no caem nas antigas heresias, simplesmente repetem o que j foi dito por outros em tempos ados. A nova perspectiva sobre Paulo no deixa de ser uma antiga perspectiva sobre o judasmo. A nova busca do Jesus histrico no tem conseguido oferecer nenhuma reconstruo do Jesus da histria que esteja em harmonia com o quadro dele que temos nos evangelhos. A teologia relacional no consegue ir adiante do Deus sociniano, que tambm desconhecia o futuro.
3) A terceira dificuldade que essa perspectiva realmente acaba com a distino entre teologia certa e teologia errada e anistia todas as heresias j surgidas na histria da Igreja. Vamos tomar, por exemplo, a rea de soteriologia, que trata da questo da salvao do homem. A doutrina de que o homem justificado pela f somente, sem as obras ou mritos humanos, foi estabelecida cedo na igreja crist e reafirmada na Reforma Protestante. Depois de tantos sculos, nossos telogos progressistas (ainda no gosto desse rtulo, vou acabar achando outro) tm algo de novo para nos dizer sobre esse ponto? Os que tentaram, caram nas antigas heresias soteriolgicas j discutidas e refutadas ad nauseam pelos pais da igreja e pelos reformadores.

Era bvio que mais uma vez eu estava diante daquela cena hilria em que o relativista declara com toda autoridade e convico que no existe verdade absoluta, tudo relativo.
Vamos supor, ainda que por um momento, que esses telogos -- nem sei em que categoria enquadr-los, pois nem liberais eles so (os liberais de verdade acreditavam em certo e errado) -- estejam certos. Que cada gerao entende Deus, a Bblia e as grandes verdades do cristianismo de uma maneira totalmente diferente de outra gerao e de pessoas de outra cultura, a ponto de no podermos adotar suas reflexes teolgicas como verdadeiras e vlidas para nossa gerao. Se levada s ltimas consequncias, essa perspectiva sobre a teologia criaria uma srie de problemas, inclusive para os que a defendem.
1) Vamos comear pelo fato que cada nova gerao teria de definir, de novo, o que o cristianismo. Explico. O cristianismo, enquanto religio, foi definido e os seus limites estabelecidos durante os primeiros sculos depois de Cristo, quando os primeiros cristos foram confrontados com explicaes diferentes, contraditrias e alternativas da mensagem de Jesus e dos apstolos, como o montanismo, as ideias de Marcio, os gnsticos, os docetistas e os ebionitas, para mencionar alguns.
Os grandes credos ecumnicos da cristandade estabelecidos nas geraes posteriores nos deram de forma sintetizada a doutrina de Cristo, da Trindade, entre outras, adotadas pelo cristianismo histrico at hoje. A seguir o que esse pastor estava me dizendo, teramos de jogar tudo isso fora e recomear, refazer, redefinir o cristianismo a partir da nossa prpria situao.
2) A segunda dificuldade que essa perspectiva acaba pegando mal para seus prprios defensores. Pergunto: o que eles tm descoberto e oferecido mais recentemente que seja novo acerca do ser e das obras de Deus, da pessoa de Cristo e de sua morte e ressurreio? Quando no caem nas antigas heresias, simplesmente repetem o que j foi dito por outros em tempos ados. A nova perspectiva sobre Paulo no deixa de ser uma antiga perspectiva sobre o judasmo. A nova busca do Jesus histrico no tem conseguido oferecer nenhuma reconstruo do Jesus da histria que esteja em harmonia com o quadro dele que temos nos evangelhos. A teologia relacional no consegue ir adiante do Deus sociniano, que tambm desconhecia o futuro.
3) A terceira dificuldade que essa perspectiva realmente acaba com a distino entre teologia certa e teologia errada e anistia todas as heresias j surgidas na histria da Igreja. Vamos tomar, por exemplo, a rea de soteriologia, que trata da questo da salvao do homem. A doutrina de que o homem justificado pela f somente, sem as obras ou mritos humanos, foi estabelecida cedo na igreja crist e reafirmada na Reforma Protestante. Depois de tantos sculos, nossos telogos progressistas (ainda no gosto desse rtulo, vou acabar achando outro) tm algo de novo para nos dizer sobre esse ponto? Os que tentaram, caram nas antigas heresias soteriolgicas j discutidas e refutadas ad nauseam pelos pais da igreja e pelos reformadores.
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