Opinio 3pp3w
01 de maro de 2007
- Visualizaes: 6430
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
Quem o joio? 6ha54
por Ariovaldo Ramos 
Estava conversando com um amigo sobre o sermo que ele havia pregado a partir da parbola do trigo e do joio. A parbola em que Jesus diz que Deus semeou as pessoas boas e o Diabo semeou as pessoas ms. Significando que h seres humanos que, na vida, se aliam a Deus para fazer o bem, enquanto outros se aliam ao Diabo para fazer o mal.
Os que so tidos como joio, so os que vivem de maldade em maldade sem nenhuma reserva moral. Segundo Cristo este grupo de pessoas continuar o seu caminho e s ser separado no final, no dia do grande juzo, isto porque no to fcil distingui-los, eles podem se parecer com o trigo por boa parte do tempo.
Comeamos a nos perguntar quem seria o joio? E, enquanto analisvamos as vrias possibilidades, o caso de barbrie cometida contra o menino Joo Hlio invadiu nossa conversa e se imps, afinal, estamos diante do mais profundo significado do que seria a maldade, a barbrie.
Quem seria o joio nesse caso to brutal?
Um grupo de jovens sai munido de revolveres de brinquedo para conseguir dinheiro para o consumo de drogas, e acabam por provocar uma tragdia que comove toda a nao.
Gente que sai munido de arma de brinquedo, por acaso sai premeditando um desastre, uma tragdia, uma barbrie? Parece-me difcil pensar que sim. Causa mais a impresso de que as coisas saram de controle e, ento, a barbrie.
No h desculpas, eles precisam ser responsabilizados. Mas quem o joio? Quem est provocando esse estado de coisas que cria a presso necessria para um ato dessa natureza?
Por que esses moos esto nas drogas? A quem devem? Por que tanto desespero? O que parece ter-lhes tirado toda a sensibilidade? O medo do linchamento? A concluso de que se fossem alcanados seriam mortos sem misericrdia? Teriam chegado concluso terrvel de que eram eles ou o menino? No que esses rapazes esto inseridos?
Quem o joio?
Como eles se tornaram viciados? Quem lhes levou droga? A quem estariam devendo ao ponto do desespero? E quem trouxe a droga ao seu fornecedor? Como esse comrcio se mantm inabalvel? Como conseguem trazer os produtos que vendem? Por que no adianta prend-los? Eles continuam a gerir os seus negcios de dentro das prises. Alis, as prises se tornaram quartis generais de grupos cada vez mais organizados? Como um estado paralelo consegue se desenvolver sem a conivncia do estado oficial?
Quem o joio?
sempre mais fcil apelar para as solues que parecem mais simples. Afinal, temos os responsveis, eles confessaram. Mas, isso assim to simples? Execut-los seja de que forma for resolver o problema? A violncia de que so responsveis reside neles mesmos, de modo que basta par-los? Ou sero eles apenas a ponta de uma complexa mquina de maldades fomentada pelo lucro fcil, por um estado conivente e por toda sorte de corrupo da mquina pblica?
Quem o joio?
Mais uma vez fala-se sobre a diminuio da idade para a responsabilizao criminal. Ento, a idia encher as cadeias de meninos e meninas menores de dezoito anos? Certamente no para diminuirmos os crimes. Nossas instituies prisionais esto abarrotadas, no h espao. H um considervel nmero de condenados que simplesmente no podem ser presos por falta de lugar. Celas para quatro pessoas abrigam mais de uma centena. Ouvi que o juiz, que est cuidando do caso, propor que os menores devem ser reclusos por cinco anos ao invs de trs anos, como reza a lei. A justificava dele que sero melhor recuperados pelas medidas scio-educativas de que sero alvo nesse tempo. De que medidas scio-educativas ele est falando? Do que acontece nos institutos de recluso de menores, como na antiga Febem, em So Paulo, agora chamada de Casa? Como se mudar o nome de uma anomalia a tornasse menos anmala.
Quem o joio?
Estamos todos de luto, sem dvida! Mas, j no deveramos ter vestido luto quando meros trabalhadores foram incinerados dentro dos veculos que so obrigados a utilizar para se deslocarem? Como esses pobres seres humanos se chamavam? Algum se lembra? J no deveramos ter feito eatas por eles? Os responsveis por esses crimes contra os trabalhadores pobres no saram com armas de brinquedo, eram to ou mais jovens dos que os responsveis pela barbrie que nos escandalizou. Eles estavam sob comando, haviam recebido uma ordem cruel, e encheram a cabea com toda sorte de alucingenos para poder cumpri-la. Quem deu a ordem? Por que no foram responsabilizados? Os criminosos devem ser plenamente responsabilizados, mas no to simples reunir todos os criminosos. mais fcil punir os mais prximos, e eles devem ser punidos, mas no importa quo rigorosa seja a punio que recebam, no ser esta punio que interromper a violncia.
Tenho ouvido de muitos, sobre esse caso: os prprios presos daro um jeito neles, eles vo ver s. Como no h pena capital no pas, aceita-se a punio paralela, impetrada pelos prprios reclusos como execuo da justia, sancionando-se, assim, a existncia do estado paralelo. Estamos de luto! Mas j deveramos estar trajando o negro h muito tempo. Principalmente, pela sociedade que temos construdo nesse pas; pelo sistema econmico que temos implantado; pelo nvel de injustia social com que convivemos sem crise. Pelo comportamento de nossos governantes em todas as esferas do Estado. Pelo nvel de corrupo da mquina estatal.
Certamente, temos uma boa idia sobre quem ou o que seja o joio. Caar o joio, entretanto, no parece ser nada simples. E com que armas se caa o joio? Podemos comear por um projeto educacional srio. Um grande colgio em So Paulo colocou uma extenso de sua unidade na favela prxima s suas instalaes, de modo a, de alguma maneira, beneficiar aquela comunidade carente, as crianas desta teriam os mesmos professores e matrias que os membros da elite, que freqentam a grande escola. prtica dessa instituio promover uma maratona de matemtica entres os alunos de suas vrias unidades, e a extenso na comunidade carente foi includa. E, para espanto geral, foi um de seus alunos, um jovem da raa negra, quem mais se destacou obtendo o segundo lugar no certame, que reuniu as mentes mais privilegiadas. Quantos gnios esto escondidos nas comunidades carentes? Quantos teriam suas vidas mudadas se, simplesmente, fossem apresentados aventura do estudo, ao extraordinrio mundo dos livros.
Os alemes e os italianos acabaram com os grupos terroristas niilistas (termo que vem da palavra latina Nihil, que significa Nada). Esse novo terrorismo sem propsito poltico, que campeia nos tempos atuais, teve como precursores dois grupos: o alemo, Baader Meinhof e o italiano Brigada Vermelha. As respectivas polcias conseguiram sem desrespeito lei, erradic-los. Por que a nossa polcia no conseguiria erradicar esses grupos para-estatais em nosso territrio? Essa mquina deve e pode ser destruda. Os italianos conseguiram, tambm, enfraquecer de forma impressionante o crime organizado, que entre eles j fazia parte do folclore sobre o que significava ser italiano. Por que nosso aparato policial no o conseguiria. certo que na Itlia eles contaram com um judicirio incorruptvel, muitos juizes perderam a vida para curar a sociedade italiana desse cncer. Por que o nosso judicirio no o faria? verdade que a vitria, tanto dos italianos como dos alemes, foi conquistada por uma polcia marcada pela inteligncia, pela seriedade e pela incorruptibilidade. Por que nossa policia no o conseguiria? A represso inteligente e sria ao crime organizado forma eficaz de erradicar o joio.
A questo do combate violncia a pela reduo da maioridade legal ou pela represso eficaz s maiorias que aliciam os menores?
E que dizer de termos um projeto srio de redistribuio de renda? Como convencer adolescentes de que eles, sem oportunidades, devem se contentar em repetir a histria de seus pais, que trabalham como poucos trabalhadores das naes modernas, para ver, no final do ms, o seu parco salrio ser insuficiente para pagar suas irrisrias contas? Por que no lutamos por um programa srio de recuperao salarial? Por que no enfrentamos a realidade de um pas com um dos menores ndices demogrficos, isto , com um nmero pequeno de habitantes por quilometro quadrado, mas a maior concentrao urbana do planeta. Cerca de oitenta e cinco por cento dos habitantes do Brasil moram em cidades. Como se explica isso num pas com tanta extenso de terra? Basta lembrar que temos cerca de cento e oitenta milhes de habitantes num territrio maior que o territrio da ndia, que tem mais de um bilho de habitantes.
Por que no temos um programa srio de reforma agrria? E que dizer do enorme nmero de gente sem teto em nossas cidades, quando h prdios totalmente vazios em nossas cidades; e terrenos ociosos por conta da especulao imobiliria? Por que no temos um programa habitacional que se possa ao menos chamar de srio? H hoje no pas uma febre pelo crescimento econmico. Voc sabia que o Brasil foi o pas que mais cresceu no mundo no sculo ado? De que crescimento estamos falando? Qual o crescimento de que realmente precisamos?
Ser que a resposta possibilidade da barbrie reduzirmos a maioridade legal, ou termos o crescimento que fomente a justia, de modo que nossas crianas possam, de fato, crescer?
H um joio na sociedade brasileira, porm, um joio diferente do que Cristo descreveu em sua parbola. O joio de que Jesus Cristo falou s poder ser colhido, arrancado do campo da vida no juzo final. O joio de que estamos tratando nessa terra varonil pode ser exterminado agora. Contudo, essa erva daninha no pode ser extinta jogando sobre os seus pees o peso de sua existncia. No caando jovens que erradicaremos a violncia. Temos uma mquina complexa para desmontar, ela se parece com um polvo, seus tentculos visitam todas as atividades da sociedade; sua cabea habita nos palcios, e movimenta milhes de reais. Para erradic-la preciso destruir suas fontes de abastecimento. Ela se abastece da pobreza, da misria; da injustia social; da falta de programas educacionais eficazes e abrangentes; da ineficcia do Estado, assim como de sua fragilidade frente a possibilidade da corrupo; da concentrao de renda, e de terras e de tetos, e de possibilidades.
Estamos de luto! E por razo mais do que justa. Como no ficar indignado frente a tal violncia? Como no ficar indignado frente a um sofrimento estpido como o infringido a esta criana inocente? E como no se desesperar frente a capacidade humana de perpetrar o mal? Entretanto, como diz a Bblia: A ira do homem no produz a justia de Deus. Em nossa ira sofremos a tentao de desejar que os bandidos, que esto na mesma cadeia dos rapazes, os matem. Em nossa ira comeamos a falar de punir os nossos jovens com mais rigor, quando deveramos falar em salv-los desse monstro que temos deixado crescer por cerca de quinhentos anos. Assim no se faz justia, apenas se d lugar vingana. E com vingana no se constri nao alguma. A vingana faz o trigo se igualar ao joio.
Que a morte desse inocente se torne o motor de uma tomada de conscincia que nos leve a consertar a nossa nao. Que nos leve a repudiar toda a sorte de desperdcio, e de corrupo. Que nos leve a no tolerar mais a pobreza; e o analfabetismo; e o crime organizado; e a ineficincia do Estado; e a irresponsabilidade de nossos polticos. At quando seremos uma nao que quando comea a falar em crescimento, comea a dizer da necessidade de destruir parte de nossas florestas e de prejudicar indgenas e quilombolas? Que quando comea a falar de justia comea a falar em punir jovens, reconhecendo que j que os condenamos a ser bandidos que os prendamos o mais cedo possvel? Que nos levantemos contra a mquina que trucida esses pees e erradiquemos as fontes de suprimento desse monstro, antes que tenhamos de concluir que o joio somos ns.
Ariovaldo Ramos pastor, bacharel em filosofia pela USP e presidente da Viso Mundial.

Estava conversando com um amigo sobre o sermo que ele havia pregado a partir da parbola do trigo e do joio. A parbola em que Jesus diz que Deus semeou as pessoas boas e o Diabo semeou as pessoas ms. Significando que h seres humanos que, na vida, se aliam a Deus para fazer o bem, enquanto outros se aliam ao Diabo para fazer o mal.
Os que so tidos como joio, so os que vivem de maldade em maldade sem nenhuma reserva moral. Segundo Cristo este grupo de pessoas continuar o seu caminho e s ser separado no final, no dia do grande juzo, isto porque no to fcil distingui-los, eles podem se parecer com o trigo por boa parte do tempo.
Comeamos a nos perguntar quem seria o joio? E, enquanto analisvamos as vrias possibilidades, o caso de barbrie cometida contra o menino Joo Hlio invadiu nossa conversa e se imps, afinal, estamos diante do mais profundo significado do que seria a maldade, a barbrie.
Quem seria o joio nesse caso to brutal?
Um grupo de jovens sai munido de revolveres de brinquedo para conseguir dinheiro para o consumo de drogas, e acabam por provocar uma tragdia que comove toda a nao.
Gente que sai munido de arma de brinquedo, por acaso sai premeditando um desastre, uma tragdia, uma barbrie? Parece-me difcil pensar que sim. Causa mais a impresso de que as coisas saram de controle e, ento, a barbrie.
No h desculpas, eles precisam ser responsabilizados. Mas quem o joio? Quem est provocando esse estado de coisas que cria a presso necessria para um ato dessa natureza?
Por que esses moos esto nas drogas? A quem devem? Por que tanto desespero? O que parece ter-lhes tirado toda a sensibilidade? O medo do linchamento? A concluso de que se fossem alcanados seriam mortos sem misericrdia? Teriam chegado concluso terrvel de que eram eles ou o menino? No que esses rapazes esto inseridos?
Quem o joio?
Como eles se tornaram viciados? Quem lhes levou droga? A quem estariam devendo ao ponto do desespero? E quem trouxe a droga ao seu fornecedor? Como esse comrcio se mantm inabalvel? Como conseguem trazer os produtos que vendem? Por que no adianta prend-los? Eles continuam a gerir os seus negcios de dentro das prises. Alis, as prises se tornaram quartis generais de grupos cada vez mais organizados? Como um estado paralelo consegue se desenvolver sem a conivncia do estado oficial?
Quem o joio?
sempre mais fcil apelar para as solues que parecem mais simples. Afinal, temos os responsveis, eles confessaram. Mas, isso assim to simples? Execut-los seja de que forma for resolver o problema? A violncia de que so responsveis reside neles mesmos, de modo que basta par-los? Ou sero eles apenas a ponta de uma complexa mquina de maldades fomentada pelo lucro fcil, por um estado conivente e por toda sorte de corrupo da mquina pblica?
Quem o joio?
Mais uma vez fala-se sobre a diminuio da idade para a responsabilizao criminal. Ento, a idia encher as cadeias de meninos e meninas menores de dezoito anos? Certamente no para diminuirmos os crimes. Nossas instituies prisionais esto abarrotadas, no h espao. H um considervel nmero de condenados que simplesmente no podem ser presos por falta de lugar. Celas para quatro pessoas abrigam mais de uma centena. Ouvi que o juiz, que est cuidando do caso, propor que os menores devem ser reclusos por cinco anos ao invs de trs anos, como reza a lei. A justificava dele que sero melhor recuperados pelas medidas scio-educativas de que sero alvo nesse tempo. De que medidas scio-educativas ele est falando? Do que acontece nos institutos de recluso de menores, como na antiga Febem, em So Paulo, agora chamada de Casa? Como se mudar o nome de uma anomalia a tornasse menos anmala.
Quem o joio?
Estamos todos de luto, sem dvida! Mas, j no deveramos ter vestido luto quando meros trabalhadores foram incinerados dentro dos veculos que so obrigados a utilizar para se deslocarem? Como esses pobres seres humanos se chamavam? Algum se lembra? J no deveramos ter feito eatas por eles? Os responsveis por esses crimes contra os trabalhadores pobres no saram com armas de brinquedo, eram to ou mais jovens dos que os responsveis pela barbrie que nos escandalizou. Eles estavam sob comando, haviam recebido uma ordem cruel, e encheram a cabea com toda sorte de alucingenos para poder cumpri-la. Quem deu a ordem? Por que no foram responsabilizados? Os criminosos devem ser plenamente responsabilizados, mas no to simples reunir todos os criminosos. mais fcil punir os mais prximos, e eles devem ser punidos, mas no importa quo rigorosa seja a punio que recebam, no ser esta punio que interromper a violncia.
Tenho ouvido de muitos, sobre esse caso: os prprios presos daro um jeito neles, eles vo ver s. Como no h pena capital no pas, aceita-se a punio paralela, impetrada pelos prprios reclusos como execuo da justia, sancionando-se, assim, a existncia do estado paralelo. Estamos de luto! Mas j deveramos estar trajando o negro h muito tempo. Principalmente, pela sociedade que temos construdo nesse pas; pelo sistema econmico que temos implantado; pelo nvel de injustia social com que convivemos sem crise. Pelo comportamento de nossos governantes em todas as esferas do Estado. Pelo nvel de corrupo da mquina estatal.
Certamente, temos uma boa idia sobre quem ou o que seja o joio. Caar o joio, entretanto, no parece ser nada simples. E com que armas se caa o joio? Podemos comear por um projeto educacional srio. Um grande colgio em So Paulo colocou uma extenso de sua unidade na favela prxima s suas instalaes, de modo a, de alguma maneira, beneficiar aquela comunidade carente, as crianas desta teriam os mesmos professores e matrias que os membros da elite, que freqentam a grande escola. prtica dessa instituio promover uma maratona de matemtica entres os alunos de suas vrias unidades, e a extenso na comunidade carente foi includa. E, para espanto geral, foi um de seus alunos, um jovem da raa negra, quem mais se destacou obtendo o segundo lugar no certame, que reuniu as mentes mais privilegiadas. Quantos gnios esto escondidos nas comunidades carentes? Quantos teriam suas vidas mudadas se, simplesmente, fossem apresentados aventura do estudo, ao extraordinrio mundo dos livros.
Os alemes e os italianos acabaram com os grupos terroristas niilistas (termo que vem da palavra latina Nihil, que significa Nada). Esse novo terrorismo sem propsito poltico, que campeia nos tempos atuais, teve como precursores dois grupos: o alemo, Baader Meinhof e o italiano Brigada Vermelha. As respectivas polcias conseguiram sem desrespeito lei, erradic-los. Por que a nossa polcia no conseguiria erradicar esses grupos para-estatais em nosso territrio? Essa mquina deve e pode ser destruda. Os italianos conseguiram, tambm, enfraquecer de forma impressionante o crime organizado, que entre eles j fazia parte do folclore sobre o que significava ser italiano. Por que nosso aparato policial no o conseguiria. certo que na Itlia eles contaram com um judicirio incorruptvel, muitos juizes perderam a vida para curar a sociedade italiana desse cncer. Por que o nosso judicirio no o faria? verdade que a vitria, tanto dos italianos como dos alemes, foi conquistada por uma polcia marcada pela inteligncia, pela seriedade e pela incorruptibilidade. Por que nossa policia no o conseguiria? A represso inteligente e sria ao crime organizado forma eficaz de erradicar o joio.
A questo do combate violncia a pela reduo da maioridade legal ou pela represso eficaz s maiorias que aliciam os menores?
E que dizer de termos um projeto srio de redistribuio de renda? Como convencer adolescentes de que eles, sem oportunidades, devem se contentar em repetir a histria de seus pais, que trabalham como poucos trabalhadores das naes modernas, para ver, no final do ms, o seu parco salrio ser insuficiente para pagar suas irrisrias contas? Por que no lutamos por um programa srio de recuperao salarial? Por que no enfrentamos a realidade de um pas com um dos menores ndices demogrficos, isto , com um nmero pequeno de habitantes por quilometro quadrado, mas a maior concentrao urbana do planeta. Cerca de oitenta e cinco por cento dos habitantes do Brasil moram em cidades. Como se explica isso num pas com tanta extenso de terra? Basta lembrar que temos cerca de cento e oitenta milhes de habitantes num territrio maior que o territrio da ndia, que tem mais de um bilho de habitantes.
Por que no temos um programa srio de reforma agrria? E que dizer do enorme nmero de gente sem teto em nossas cidades, quando h prdios totalmente vazios em nossas cidades; e terrenos ociosos por conta da especulao imobiliria? Por que no temos um programa habitacional que se possa ao menos chamar de srio? H hoje no pas uma febre pelo crescimento econmico. Voc sabia que o Brasil foi o pas que mais cresceu no mundo no sculo ado? De que crescimento estamos falando? Qual o crescimento de que realmente precisamos?
Ser que a resposta possibilidade da barbrie reduzirmos a maioridade legal, ou termos o crescimento que fomente a justia, de modo que nossas crianas possam, de fato, crescer?
H um joio na sociedade brasileira, porm, um joio diferente do que Cristo descreveu em sua parbola. O joio de que Jesus Cristo falou s poder ser colhido, arrancado do campo da vida no juzo final. O joio de que estamos tratando nessa terra varonil pode ser exterminado agora. Contudo, essa erva daninha no pode ser extinta jogando sobre os seus pees o peso de sua existncia. No caando jovens que erradicaremos a violncia. Temos uma mquina complexa para desmontar, ela se parece com um polvo, seus tentculos visitam todas as atividades da sociedade; sua cabea habita nos palcios, e movimenta milhes de reais. Para erradic-la preciso destruir suas fontes de abastecimento. Ela se abastece da pobreza, da misria; da injustia social; da falta de programas educacionais eficazes e abrangentes; da ineficcia do Estado, assim como de sua fragilidade frente a possibilidade da corrupo; da concentrao de renda, e de terras e de tetos, e de possibilidades.
Estamos de luto! E por razo mais do que justa. Como no ficar indignado frente a tal violncia? Como no ficar indignado frente a um sofrimento estpido como o infringido a esta criana inocente? E como no se desesperar frente a capacidade humana de perpetrar o mal? Entretanto, como diz a Bblia: A ira do homem no produz a justia de Deus. Em nossa ira sofremos a tentao de desejar que os bandidos, que esto na mesma cadeia dos rapazes, os matem. Em nossa ira comeamos a falar de punir os nossos jovens com mais rigor, quando deveramos falar em salv-los desse monstro que temos deixado crescer por cerca de quinhentos anos. Assim no se faz justia, apenas se d lugar vingana. E com vingana no se constri nao alguma. A vingana faz o trigo se igualar ao joio.
Que a morte desse inocente se torne o motor de uma tomada de conscincia que nos leve a consertar a nossa nao. Que nos leve a repudiar toda a sorte de desperdcio, e de corrupo. Que nos leve a no tolerar mais a pobreza; e o analfabetismo; e o crime organizado; e a ineficincia do Estado; e a irresponsabilidade de nossos polticos. At quando seremos uma nao que quando comea a falar em crescimento, comea a dizer da necessidade de destruir parte de nossas florestas e de prejudicar indgenas e quilombolas? Que quando comea a falar de justia comea a falar em punir jovens, reconhecendo que j que os condenamos a ser bandidos que os prendamos o mais cedo possvel? Que nos levantemos contra a mquina que trucida esses pees e erradiquemos as fontes de suprimento desse monstro, antes que tenhamos de concluir que o joio somos ns.
Ariovaldo Ramos pastor, bacharel em filosofia pela USP e presidente da Viso Mundial.
01 de maro de 2007
- Visualizaes: 6430
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 223i1k
Ultimato quer falar com voc.
A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.

Leia mais em Opinio 2l1v6s

Opinio do leitor 1t5dh
Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Ainda no h comentrios sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta necessrio estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o ou seu cadastro.
Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em ltimas 6ik57
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu h...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e Histria
- Casamento e Famlia
- Cincia
- Devocionrio
- Espiritualidade
- Estudo Bblico
- Evangelizao e Misses
- tica e Comportamento
- Igreja e Liderana
- Igreja em ao
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Poltica e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Srie Cincia e F Crist
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Crist
Revista Ultimato 5z423b
+ lidos 1s1q68
- Francisco, Samuel Escobar memria e honra
- Os Jardins do den e a Sombra de Abel: uma jornada pela aposentadoria
- Abel e Zacarias: encontrando misso na aposentadoria avanada
- Paul Tournier e a Bblia
- Filme Jesus traduzido para a 2.200 lngua, o Bouna
- Gerao Z lidera reavivamento da igreja no Reino Unido
- A srie Adolescncia um grito de socorro
- Eu [quase] me arrependi de ter tido filhos
- Um panorama da distribuio da Bblia no Brasil nos ltimos 70 anos
- Esperana utilizvel