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Opinio 3pp3w

Quando viver se torna uma angstia 38r4t

Por Zilda Rossi Araujo

H alguns meses, fomos sacudidos pelas notcias sobre vtimas do jogo Baleia Azul. Este um jogo virtual, orientado e monitorado por curadores (ou tutores), que incentivam aes, ditam as regras e fazem as cobranas. A adeso voluntria e o jogador desafiado a progredir nas fases ou etapas, agindo de forma pouco convencional, o que inclui atentar contra a prpria vida. H sanes para os que desejam abandonar o jogo, fazendo do jogador um refm que, sob ameaas constantes, segue vulnervel e vitimizado em sua integridade fsica, emocional e psicolgica. No se sabe sobre os autores ou promotores do jogo, nem de quem se defender.

Apesar das discusses e controvrsias em torno do Baleia Azul, de suas regras e de sua veracidade, ele estimulou o questionamento das pessoas sobre as motivaes de adolescentes e jovens se envolverem com atempos sinistros e aventuras estranhas, culminando com investidas contra si, como se fosse uma experincia positiva. Deu visibilidade aos comportamentos de autodestruio, que, apesar de serem reais e afetarem muitas pessoas, no so tratados abertamente.

A estas reflexes, somaram-se as vozes das autoridades, dos lderes religiosos, das organizaes e das famlias que chamaram a ateno para o aumento dos dramas individuais que leva violao da vida, na forma de suicdio e de automutilao. So dois processos que crescem assustadoramente, com previses sombrias e preocupantes.

O suicdio o ato voluntrio de tirar a prpria vida. Constitui-se em desejo consciente de morrer e a noo clara do que o ato executado pode resultar.

Vrios fatores podem estar relacionados ao suicdio: histrico familiar, distrbios de humor ou de doenas mentais, desequilbrios psicolgicos, fatores ambientais e sociais, eventos altamente estressantes, ausncia de apoio social e emocional, impulsos mrbidos, entre outros. Isolados ou em interao, esses fatores de risco podem variar em intensidade e imprimir na pessoa o desejo e a certeza de que a nica sada vivel interromper o seu ciclo de vida.

Compulso por se ferir

Automutilao, autoleso ou cutting diz respeito conduta deliberada e compulso por se ferir, realizando cortes em diversas partes do corpo, sem a inteno de se matar.

De acordo com Minayo (2005) apesar de o automutilador no pretender dar cabo vida, esse tipo de ao envolve fatores prximos ao comportamento suicida e que psicologicamente esse fenmeno tem sido interpretado como um refgio para os que sofrem fortes dores emocionais, sendo-lhes mais facilmente vel a dor fsica que a depresso, a irritabilidade intensa e as frustraes.

Diferentes situaes ou acontecimentos podem justificar os pensamentos e as aes autolesivas e jamais podem ser confundidas com manifestaes histricas para chamar a ateno. Pelo contrrio, uma das principais caractersticas deste transtorno escond-lo para que no seja revelado e possa ser repetido em uma outra situao de extremo sofrimento emocional ou de desejo pelos cortes, que nos momentos posteriores trazem arrependimento, sensao de vergonha e temor em ser flagrado. Por isso, os casos de automutilao so difceis de serem conhecidos e registrados.

Muitos casos sequer chegam a receber assistncia mdica e/ou psicolgica. As pessoas que os praticam encobrem os ferimentos, e os sentimentos e as emoes tambm vo sendo abafados, escondidos, reprimidos, destrudos. A maior parte das prticas acontece dentro da prpria casa, e na maioria das vezes, os pais ou familiares sequer percebem.

Minayo (2005) aponta que no Brasil, no existem estudos epidemiolgicos sobre a automutilao, mas pesquisas feitas nos Estados Unidos mostram que a prtica est ficando mais frequente na ltima dcada. Mas isso pode ser confirmado por um pequeno recorte com dados recentes informados pelo Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) de Londrina (PR): no ano de 2016, foram atendidos 32 casos de adolescentes com caractersticas de automutilao. Em 2017, at o ms de maio, 20 casos suspeitos chegaram ao conhecimento dos agentes. A faixa etria varia de 12 a 17 anos e o pblico feminino o mais atingido. As redes sociais aumentam a incidncia deste fenmeno, por disseminar prticas de automutilao e pela facilidade de encontrar situaes semelhantes, em que h identificao e incentivos.

A preveno e o controle

A preveno e o controle no so tarefas fceis. Mas o pas tem desencadeado uma srie de aes para o enfrentamento desses problemas. Os Ministrios da Justia e Segurana Pblica, Sade e Educao mobilizam-se na adoo de medidas para proteger e orientar adolescentes em razo das supostas tentativas de suicdio e autoleso.

H aes das polticas pblicas pautadas no fortalecimento do trabalho em rede (Ministrio Pblico, Sade, Assistncia Social e Educao), a fim de ampliar o o ao atendimento e ao acompanhamento de forma mais dinmica, criando servios de apoio e de ateno psicossocial. rgos pblicos e privados atuam na identificao precoce, no tratamento e nos cuidados e alertas sistemticos. A sociedade civil tambm realiza aes de proteo e preservao da vida. Campanhas e anncios valorizando situaes simples da vida que podem trazer alegria e estmulo para viver so veiculadas por diferentes meios de comunicao.

Profissionais, lideranas evanglicas, escritores, professores, cristos em geral tambm se colocam em posio para encorajar, interceder e invocar, com a Palavra de esperana e f, porque acreditam que tudo pode ser feito e refeito em novidade de vida, pautados na palavra de Deus (2 Cor 5.17). Jovens cristos tm se colocado como ajudadores daqueles que sofrem, abrindo a possibilidade de conversar sobre assuntos que raramente se pode falar no mbito da famlia.

A questo ainda est aberta

Para ns, cristos, entender tudo isso um desafio. Ficamos confusos e temos dificuldades para avaliar e compreender o mundo em que os nossos filhos esto crescendo. As crises se intensificam e as respostas que temos talvez no sejam suficientes para os questionamentos quanto ao sentido da vida.

No podemos simplificar a questo o autoextermnio, as feridas e cicatrizes so reais. Precisamos aceitar o fato de que sabemos pouco a esse respeito, mas preciso coragem para enfrentar a situao.

Na carta de Paulo a Timteo, h um alerta apropriado: [...] nos ltimos tempos, alguns apostataro da f por obedecerem a espritos enganadores e ensinos de demnios, pela hipocrisia dos que falam mentira, e que tm cauterizado a prpria conscincia (1 Tm 4.1-2).

As vtimas podem estar dentro de nossa casa, sob nosso controle familiar, assistindo aos cultos, participando de todas as atividades da igreja, mas com angstias que no conseguem nomear, com sentimentos de inutilidade, de desamparo e com desejos incompreendidos. Pode ser que parentes, vizinhos, colegas de trabalho ou de escola, ou conhecidos estejam dando ateno a estas vozes invisveis e oportunistas. No podemos esquecer que nossas crianas, adolescentes e jovens so alvos de Satans. Ele utilizar qualquer fraqueza humana para destruir a esperana e fomentar a aflio e o aprisionamento, com pormenores sinistros e muito bem orquestrados, tentando descartar a oferta de salvao de um Salvador misericordioso.

Ainda existe preveno. A Bblia nos inspira a uma esperana concreta, alicerada na f e no cuidado da vida como um bem essencial. A ao poderosa do Esprito Santo nos capacita a lidar com as vrias oposies contra a vida.

Como representantes do Senhor, tambm temos a funo de zelar e resguardar a vida uns dos outros. Podemos faz-lo nos importando mais, dispondo-nos a ouvir, a nos interessar pelos que esto prximos, a desenvolver prticas espirituais construtivas. Muitos dos sofrimentos so curados pelo acolhimento, pelo abrao, pelo ombro amigo. Deus quer nos usar para isso.

Portanto, no esperemos para a prxima notcia de suicdio ou de automutilao. No esperemos pelo prximo jogo!

Notas:
1. MOREIRA, L. C. de O.; BASTOS, P. R. H. de O. Prevalncia e fatores associados ideao suicida na adolescncia: reviso de literatura. Psicol. Esc. Educ., Maring , v. 19, n. 3, p. 445-453, dez. 2015 . Disponvel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572015000300445&lng=pt&nrm=iso>. o em: 02 jun. 2017.
2. Termo em ingls que significa cortando a si mesmo
3. MINAYO, M. C.de S. Suicdio: violncia autoinfligida. In: Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Vigilncia em Sade. Impacto da violncia na sade dos brasileiros. Ministrio da Sade, Braslia: Ministrio da Sade, 2005.


Zilda Rossi Araujo pedagoga, integrante da Equipe Pedaggica do Ncleo Regional de Educao de Londrina (PR) e participante da Rede Intersetorial de Proteo Social Criana e ao Adolescente de Londrina. Congrega na Igreja Adventista da Promessa em Jaguapit (PR).

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