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Profetismo -- item esquecido da misso integral 28m1z

Robinson Cavalcanti
A misso integral da Igreja no uma corrente teolgica contempornea, mas a explicitao do contedo da misso, conforme o exemplo e o ensino de Jesus Cristo. Ao longo da histria, aspectos dessa misso tm sido sub ou superenfatizados. A Igreja legitima a prpria existncia como agncia missionria na totalidade da misso a ela confiada, na diversidade de dons e vocaes dos integrantes e nas possibilidades e oportunidades de cada conjuntura. A misso integral inclui cinco itens: evangelismo (kerigma), comunho (koinonia), ensino (diakonia), servio e profetismo (estes na diakonia). Denominados avenidas da misso pela Conferncia de Lambeth de 1988 dos bispos anglicanos, eles so assim definidos: 1) proclamar o evangelho do reino de Deus; 2) batizar e integrar os convertidos a uma comunidade de f; 3) ensinar todo o conselho de Deus; 4) despertar no corao dos fiis respostas de misericrdia s necessidades humanas; 5) denunciar as estruturas inquas da sociedade, defender a vida e a integridade da criao. A misso integral foi esquartejada contemporaneamente pela polarizao entre o evangelho individual e o evangelho social e seus derivativos, como o fundamentalismo e a teologia da libertao. O Brasil foi, depois, afetado por essa polarizao parcializante e mutilante.
Conservadores no tm problema com o evangelismo, a integrao a uma igreja ou o ensino. Porm, nem sempre estiveram livres do reducionismo de uma graa barata, do sectarismo ou de ensinos de escassa (ou nenhuma) base bblica. Alguns aceitam a necessidade do servio como isca para o evangelismo ou como forma opcional e bondosa de caridade, enquanto outros pensam que a responsabilidade social do governo ou que os problemas sociais decorrem apenas de pecados individuais, e a converso o que interessa. A dimenso proftica ignorada ou negada, seja pelo pessimismo escatolgico pr-milenista e pr-tribulacionista, seja pelo adesismo acrtico aos sistemas polticos e econmicos (obedecer s autoridades), seja pela sacralizao destes sistemas pela civilizao ocidental ou pelo destino manifesto de um pas escolhido como ensaio da nova humanidade. Liberais tendem a no se envolver com o evangelismo, visto pejorativamente como proselitismo, alm de desnecessrio para uma soteriologia universalista (todos salvos) em que o batismo e a vinculao Igreja so algo bom, mas opcional, pois Jesus veio para trazer o reino e no para criar a Igreja. Para eles, esta uma instituio transitria, e o ensino deve ser plural e especulativo, pois a Bblia uma literatura religiosa humana plena de erros e a verdade revelada absoluta no existe; ensin-la fomentar alienao, intolerncia, misoginia, sexismo e homofobia. Quanto ao servio, alguns o acham necessrio enquanto uma sociedade utpica no virar tpica, e outros o combatem por ser um mero paliativo alienante, obstculo s reformas estruturais necessrias. A misso se reduz ao profetismo sempre atrelado a uma ideologia secular, como foi, por um tempo, o nazismo ou o marxismo.
O evangelicalismo, que tem procurado resgatar a integralidade da misso em todas as dimenses, desgua no Movimento de Lausanne e tem expresses regionais, como a Fraternidade Teolgica Latinoamericana (FTL). O Pacto de Lausanne ou a Declarao de Jarabacoa, da FTL, sobre a responsabilidade poltica dos cristos, so documentos slidos relativos ao que os catlicos romanos chamam de doutrina social da Igreja e os protestantes, de pensamento social cristo. Na prtica, porm, evangelismo, comunho e ensino formam a misso quase integral -- tanto nacional quanto importada, com o servio extremamente dbil (boas obras negcio para catlico querendo escapar do purgatrio ou de esprita querendo uma melhor reencarnao) --, no considerada como evidncia necessria e desdobramento da salvao (para que nelas andssemos). O profetismo algo ausente do que se cr, do que se ensina e do que se pratica. Se as utopias seculares foram para o espao, levando de roldo a esquerda teolgica -- hoje relativista, ctica ou mstica, acendendo incenso ou abraando rvores --, a direita teolgica ainda a v como coisa de comunista e afirma que no adianta fazer nada, pois o mundo vai de mal a pior e, j que as pessoas vo mesmo ferver no inferno, bom que comecem ensaiando neste mundo. A defesa da integridade da criao (ecoteologia) divide os cristos quanto conscincia e atitude, bem como a defesa da vida no tocante ao aborto, eutansia, tortura e s desigualdades sociais. Isso porque, para alm de meras opes individuais, ou algo histrico e cultural, elas decorrem de polticas pblicas, decididas por governantes concretos, seus partidos, programas e ideologias, que representam interesses econmicos.

Os cristos no querem sair da zona de conforto, se engajar, se libertar da imprensa manipuladora, lanar mo das ferramentas das cincias sociais, se chocar com os donos do poder (aliados na troca clientelstica de interesses), ou porque os filhos do rei querem integrar o andar de cima (sinal da bno da prosperidade), e essa coisa de tica e denunciar as estruturas inquas da sociedade pode resultar em perda de emprego, cadeia ou perda de vida (esse negcio de martrio...).
A tarefa da Igreja uma s: mudar o mundo (Charles Finney).

Texto publicado na edio 335 da revista Ultimato (maro-abril)
Foi bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Poltica teoria bblica e prtica histrica e A Igreja, o Pas e o Mundo desafios a uma f engajada. Faleceu no dia 26 de fevereiro de 2012 em Olinda (PE).
  • Textos publicados: 29 [ver]

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