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Por que cristos se digladiam na internet? 666d68

Por Davi C. R. Lin

Aproveitando um tempo de estudos na Blgica, estive participando de eventos relacionados comemorao dos 500 anos da Reforma Protestante. Uma das experincias marcantes foi na conferncia da Ordem dos Agostinianos. Martinho Lutero era monge Agostiniano, e utilizou da obra de Agostinho de Hipona (354-430) para ressaltar alguns elementos da Reforma, principalmente sobre a graa de Deus. Aps discusses interessantes, um dos participantes (a quem chamarei de Father Bill) levantou-se e fez uma crtica veemente a Lutero, no que tange a sua apropriao do pensamento de Agostinho, chamando-a de parcial. Father Bill acusou Lutero de adaptar a doutrina da graa, mas no enfatizar suficientemente a unidade da igreja. Esta tem sido ao longo dos sculos, a principal queixa catlica contra a leitura protestante de Santo Agostinho.

Me impressionou o que aconteceu no corao do Father Bill na ltima manh. E isto s aconteceu pela presena de uma Luterana. Irm Maria, com simplicidade e humildade, testemunhou como no ps-segunda guerra alguns Luteranos na Alemanha lutaram para recuperar a possibilidade da vida monstica. Aps a fala dessa mulher, Father Bill se derreteu. Profundamente tocado, Bill foi ao microfone e pediu perdo pelas tantas vezes que tinha falado mal de Lutero. Father Bill pareceu-me um verdadeiro Agostiniano: sem deixar de discordar daquilo que o incomodava, afirmou a possibilidade de um encontro. A partir desta experincia, a graa beijou a verdade.

Mas isso aconteceria pela internet? Isso seria possvel se eles no se encontrassem, assim, em carne e osso? Creio que no. uma presena encarnada que nos tira dos nossos preconceitos e mobiliza nossa humanidade comum. Um encontro real entre duas pessoas retoma o que os cristos creem: atravs da encarnao que sou impelido a ouvir uma voz e um chamado. Portanto, na presena real do encontro com o outro que se constri a unidade da igreja.

A sociedade da informao, alimentada pelo gnosticismo da internet (que nega na prtica que a vida feita no encontro material) o mais novo pensamento heterodoxo que enviesa nossa vida crist. O contedo que dizemos est sendo distorcido pelo meio, pela forma imaterial desencarnada. Facebook no face a face e no nos mostra a face do Livro.

>>> Ontem Esponja, Amanh Peneira <<<

A f crist no s um punhado de dogmas. As doutrinas so importantes, porque vivemos por aquilo que cremos. Mas Cristo tambm props um encontro radical na experincia diria com os discpulos. No partir do po, juntos, coraes foram transformados. Se quiser discordar de algum na internet, convide-o para um caf. E se estiver em Minas, inclua o po de queijo!

No estou falando da impossibilidade de discordarmos, principalmente de pessoas que negam convices fundamentais da f, como a divindade e humanidade de Cristo, as trs pessoas da Trindade, ou a obra salvadora na cruz. Tambm no estou falando em revermos a tica sexual bblica. Ou negar que existem situaes complexas em que conviver no mais possvel, ou evitar uma denuncia proftica contra a injustia. Porm, o prprio Cristo, quando queria confrontar, olhava pessoas, como o jovem rico, nos olhos e os amava (Marcos 10:21). Ele chamava ladres, como Zaqueu, para arem um tempo juntos com ele.

Estou querendo combater um desencontro profundo que est adoecendo o corpo. Creio que temos dois problemas fundamentais: o primeiro que deixamos o encontro real; e o segundo que no desenvolvemos suficientemente uma viso teolgica da unidade da igreja. Infelizmente, gente que cr nas mesmas bases de f crist no consegue mais conversar. A fragmentao da igreja um dos grandes desafios dos protestantes e tem se tornado um desservio ao evangelho.

O mundo ps-moderno no vai aceitar intolerncia. uma gerao que vai rejeitar as verses fundamentalistas da f. E isto um chamado para os cristos cultivarem pacincia e uma santa tolerncia uns com os outros sem perderem sua identidade, nem convices. sempre uma atitude humilde dos cristos quando reconhecem que os de fora nos ajudam a recuperar uma nfase que ns mesmos esquecemos. Pacincia nfase bblica e fruto do Esprito; no significa concordar com tudo, mas que em Cristo, tem algo mais essencial em voc do que uma ideia que no concordo. Ns somos a f que fez um pescador judeu sentar na mesma mesa que um centurio Romano, algo impossvel no primeiro sculo sem a ao do Esprito reconciliando gentios e judeus.

A polarizao no Brasil tem aumentado os rtulos e no permitido a possibilidade de um dilogo fraterno. Em tempos de identidade frgil, reafirmamos ainda mais o que nosso, e corremos o perigo de nos fechar em guetos. Assim, damos ainda mais razo s acusaes veementes contra cristos, hoje: a de que somos intolerantes e no enxergamos o diferente de ns. Se quisermos gestar uma nova gerao de cristos no Brasil, vamos ter que replantar nosso jardim e cultivar um novo saber e sabor relacional.

Termino aqui com aquilo que Father Bill gostaria que ns protestantes enfatizssemos sobre Agostinho; Afinal, ele o telogo que mais influenciou Lutero e Calvino. As ideias do bispo de Hipona sobre a unidade da igreja podem ser o pedao do quebra-cabea que nos falta; podero nos ajudar a navegar melhor as guas turbulentas do mundo ps-moderno sem deixarmos de sermos genuinamente cristos evanglicos. Deixo abaixo minhas cinco teses sobre a unidade da igreja em protesto a nossa desunio e ao mesmo tempo na esperana do que o Esprito ir fazer entre ns:

5 Teses Sobre a Unidade Eclesial
Inspiradas nos sermes de Agostinho de Hipona

1
Porque Deus paciente e misericordioso, a Igreja pacincia e tolerncia. Igreja no feita de gente pronta; converso, caminho de peregrinos na terra, espera da ptria celestial.

2
Porque s Deus juiz, ningum pode ser acusador do corao a no ser Aquele que o v. Julgar antes do tempo soberba: a Igreja corpo misturado, joio e trigo, bodes e ovelhas. Deixemos o justo juiz separ-los, no tomemos o lugar Dele.

3
Porque somos corpo de Cristo, no faamos Dele dois: Cristo, o noivo, se uniu a sua esposa, a igreja, uma totalidade. Dividir a Igreja participar de um divrcio que crucifica o prprio Cristo.

4
Compreendemos o mistrio de Cristo e de seu corpo se amamos a humildade. Aqueles que segregam o corpo usurpam o poder e demonstram orgulho: afasta-te da vaidade, acerca-te ao mdico.

5
Permanea na unidade, e no v atrs da multiplicidade: ali est a felicidade. Conserve-se onde voc foi plantado e lute pela preservao do jardim inteiro. Por amor a Cristo e em testemunho ao mundo (Joo 17), preserve a unidade de sua amada Igreja.

Davi C. Ribeiro Lin em mestre em teologia pelo Regent College (Canad) e doutorando em Teologia pela FAJE e por KU Leuven (Blgica). Possui graduao em psicologia e especializao em psicologia clnica. parte do colegiado de lderes da Comunidade Evanglica do Castelo, em Belo Horizonte.

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