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05 de abril de 2013
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Os polticos evanglicos e a violncia social 2u5t3e

Nos nossos dias, trocou-se o cenrio buclico das cidades do interior por outro, dos espiges de concreto, estruturas metlicas, ruas e avenidas asfaltadas, cmeras para vigiar desde o cidado honesto ao que pratica um assalto num banco ou num supermercado. A violncia se dissolve na paisagem poluda, enquanto sobem as taxas de agresses fsicas, reconhecendo-se que o culto fora cresce em nvel exponencial. At algumas dcadas, a violncia fsica era atribuda embriaguez, e a mdia se alimentava atacando os botequins. Ali ocorriam cenas de sangue, dava at samba, como cantou Emlio Santiago, na cano de Paulo Vanzolini que ningum esquece.
Hoje, o crack, a cocana, drogas populares, recebem a condenao, como parte da violncia e como referncia quebra de normas sociais. Cidades como o Rio de Janeiro, que foi a capital da ptria at o fim da minha adolescncia e este autor experimentava o primeiro emprego em Braslia, sonho de Niemeyer , sucumbem violncia. Tornam-se capitais da corrupo ou do crime organizado. A populao tem medo. Dali, evanglicos pentecostais pretendem ditar sua hegemonia moral sobre o resto do pas, e reavivar moralmente a nao.
A repulsa pelas condutas violentas, por outro lado, alm da catarse, encontra culpados ideais no sistema de governo, acompanha a disseminao dos valores da sociedade hedonista que no quer ser incomodada, imersa na intensa propaganda em favor do consumo suprfluo, turismo, msica, shows, festivais, futebol, espetculos que camuflam a realidade assustadora das desigualdades. Ento, o que chocante, impactante, o enfoque invertido sobre os reais problemas das urbes. Vai repercutir nas urnas. As vtimas no servem ao autoritarismo ideolgico moralista. A manipulao da psicologia subliminar sobre o medo, o repulsivo e nojento, ganha espao: "criana abusada"; "adolescente ladro e assassino", rejeio ao homoafetivo. Quem no se interessa por esses slogans falso-moralistas?
Vai alm da impotncia da sociedade lidar com assuntos to complexos. A pedofilia acompanha as sociedades humanas, como a prostituio infantil, desde tempos remotos, consentida nas prticas escravagistas e nos contratos matrimoniais e de concubinato, ao contrrio do incesto. A criminalidade juvenil fenmeno urbano, concordam antroplogos e socilogos , consequncia dos surtos de violncia contnuos que refletem a desorganizao e consequente desproteo que o jovem sofre, margem do desenvolvimento econmico, especialmente nas periferias da cidade. Resultado da ganncia darwiniana do todo social, que exclui o mais fraco. Esses polticos conhecem isso, experincia que vem dos plpitos evanglicos, explorando o medo e as perplexidades do socialmente impondervel.
No Congresso, um deputado, pastor evanglico, foi presidente da Comisso do Narcotrfico acusado, e at itiria posteriormente ter recebido favores do crime organizado; envolvido na operao sanguessuga , saiu para a eleio ao senado com absoluta aprovao do eleitorado evanglico. O outro assume a presidncia da Comisso de Direitos Humanos, representando a bancada evanglica, com o mesmo propsito. Retornamos ao tempo em que a justia civil no tomava conhecimento tanto da violncia intrafamiliar quanto da sevcia, abuso sexual, trabalho forado, e escravido do adulto e da criana. Nesse espao cabe a receita legalista secreta, sob medo subliminar, nojo e repulsa, para condimentar a questo. Tm em comum plataformas como o combate pedofilia, enquanto misturam no prato bsico, autoritrio, questes da homoafetividade e a criminalidade juvenil.
O exemplo de que a reduo da maioridade penal para 14 ou 16 anos como defendem parlamentares evanglicos combate o crime precoce, afasta da violncia, das drogas, desmentido pelos prprios fatos: adolescentes e jovens envolvidos com o crime so originrios de famlias extremamente violentas, segundo analistas comportamentais. Definitivamente, os parlamentares ignoram os fatores que originam a violncia na sociedade. A juventude, alm de tudo, carente de direitos fundamentais quanto sade, escola de qualidade, saneamento bsico, habitao e trabalho condigno, que o Estatuto (ECA), como lei, no resolve por inteiro. Isso no rende votos. Polticos evanglicos propem a revogao da Constituio, em sua propaganda eleitoral e nas comisses das quais participam.
O jogo da democracia duro, spero como uma lixa aplicada s conscincias libertrias... Tem jeito? Tem. E tudo comea no voto. Quem elege esses deputados, aparentemente, faz isso conscientemente. E o que esperam deles? Eis o n que ningum desata. preciso protestar, sim. O aperfeioamento da democracia, no entanto, demorado. Creio que eleies distritais de dois em dois anos, cartes eleitorais digitais, mquinas em lugares pblicos ou privados, seria um avano democrtico. Polticos seriam julgados por um eleitorado geral. Prazos mais curtos para os mandatos parlamentares; mandatrios sujeitos a confirmao peridica ou rejeio do eleitorado, ajudariam muito no processo eleitoral. O voto religioso teria de ser condenado e abolido. Ele antidemocrtico. A Constituio j faz a sua parte, no itindo o mesmo. Mas esta sociedade quer isso?
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Evanglicos ajudam a reeleger Bush
A vida sagrada
Religio e Poltica, sim; Igreja e Estado, no
pastor emrito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como Pedagogia da Ganncia" (2013) e "O Drago que Habita em Ns (2010).
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