Origens, cincia e revelao 5f4517

Karl Heinz Kienitz

Joo e Bete moram em um stio. Sua nica parente uma tia rica, que reside numa cidade prxima. O tio faleceu recentemente. Essa tia no dirige e ou seu carro novo para Joo, que tinha somente um carro velho (agora aposentado).

Joo cuidou do carro novo trocando o leo, calibrando os pneus, entre outras coisas, assim como aprendera a fazer. No sabia das revises gratuitas, manuteno preventiva e funcionalidades diferenciadas do novo carro simplesmente porque a tia no lhe tinha dado o manual; nem sabia da existncia deste.

Aps alguns meses, Joo e Bete ouviram no rdio uma chamada de recall para seu modelo de carro. Entenderam apenas tratar-se de algo importante relacionado ao carro novo e ligaram para o telefone anunciado. Assim vieram a visitar uma oficina autorizada. L foram informados sobre o significado do recall e tambm sobre as revises gratuitas, o plano de manuteno preventiva e uma srie de funcionalidades desconhecidas do seu carro.

Mais cedo ou mais tarde Joo teria descoberto vrias funes que desconhecia no seu carro. Experimentos e observao, conjecturas e testes, possivelmente o teriam levado a tal descoberta. Mas o motivo do recall, a proviso para as revises gratuitas e o plano de manuteno preventiva lhe foram revelados. Joo nunca os teria descoberto, por mais testes e experimentos que fizesse.

Este exemplo explica um princpio da teoria geral de sistemas. Por sistema entende-se uma coleo ou conjunto de partes que existem num todo organizado. Tal definio e os princpios da teoria no se limitam a sistemas tecnolgicos. Esta teoria nos ensina que a disposio (especificao) de um sistema jamais poder ser conhecida completamente com base em observaes do funcionamento do sistema que a implementa ou realiza.

O caso de Joo ilustra este princpio. Ele poderia ter examinado, desmontado e remontado seu carro quantas vezes quisesse; jamais descobriria as provises para o recall, as revises gratuitas e a manuteno preventiva. Da mesma forma jamais seria capaz de conscientemente reconstruir seu carro na sequncia exata na qual este foi montado na fbrica.

Quando pensamos em origens, isto , como tudo nossa volta surgiu, somos confrontados com uma situao anloga a de Joo com seu carro. Podemos experimentar, observar e deduzir muitas coisas importantes sobre nosso mundo. Podemos, com base em evidncias, conjecturar e teorizar at mesmo sobre suas origens. Mas, por uma questo de princpio, jamais seremos capazes de descobrir completamente a disposio (especificao) que subjaz s coisas que nos rodeiam, assim como tambm seremos incapazes de determinar os detalhes do seu surgimento. Somente pela percepo da manifestao do sistema inferimos uma disposio (especificao) subjacente. Seu completo conhecimento nos ser possvel to somente se nos for revelado pelo seu criador (se este existir e optar por faz-lo).

Essas consideraes indicam que, como diz Walter Heitler (ganhador da Medalha Max Planck em 1968), natureza definitivamente no pode ser discutida de modo completo em termos cientficos sem incluir tambm a indagao por Deus". Uma teologia bblica serve de e fundamental a tal discusso, pois a Bblia trata justamente da revelao do Deus Criador: Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes ltimos dias a ns nos falou pelo Filho [Jesus]... por quem fez tambm o mundo; sendo ele o resplendor da sua glria e a expressa imagem do seu ser (Hb 1.1-3a). Em apoio a esta inusitada avalanche de comunicao reveladora, a Bblia apresenta evidncias necessrias para o nosso exame. E como nesta discusso a dimenso cientfica no a nica pertinente, o autor da carta aos Hebreus deixa bem claro que pela f que entendemos que o universo foi criado pela palavra de Deus e que aquilo que pode ser visto foi feito daquilo que no se v.


Karl Heinz Kienitz doutor em Engenharia Eltrica pela Escola Politcnica Federal de Zurique, Sua, em 1990, e professor da Diviso de Engenharia Eletrnica do Instituto Tecnolgico de Aeronutica. (www.freewebs.com/kienitz)