O que os reprteres viram, mas a igreja no 365nn

Nesta tera-feira, 5 de julho, o programa Profisso Reprter (Rede Globo), conduzido pelo premiado jornalista Caco Barcellos, trouxe ao pblico o drama da violncia domstica contra mulheres. Com relatos e nmeros difceis de aceitar, os reprteres viram um problema grave e pouco enfrentado pela sociedade e pela igreja.

Segundo o programa, de janeiro a maro deste ano duas mil mulheres registraram boletim de ocorrncia por agresso apenas na regio da grande Vitria, no Esprito Santo. o estado onde morreram mais mulheres assassinadas em dez anos.

H dois anos, a justia de So Paulo criou um juizado especial s para julgar casos de violncia domstica. Setenta e cinco mulheres foram chamadas para um mutiro de audincias. A maioria desiste do processo. Das 42 que vieram, s oito resolveram manter o processo contra o companheiro agressor.

Ao contrrio do que se pode pensar, a igreja evanglica no est imune ao problema. Muito menos isenta de responsabilidade. O livro At Quando?, de Aileen Silva Carroll e Srgio Andrade, discute a questo: mostra mitos e verdades, aponta caminhos de ajuda s vtimas e encoraja a igreja a assumir o seu papel na proteo e defesa das mulheres que sofrem.

J na introduo os autores esclarecem: Em geral, quando se fala de violncia domstica, a impresso que podemos ter que ela acontece necessariamente no contexto do lar. Quando falamos da violncia praticada por parceiro ntimo, deixamos claro que embora muitos atos de agresso aconteam no lar, eles tambm podem ocorrer em lugares pblicos e privados.

O livro surgiu de um projeto de pesquisa desenvolvido pela ONG Diaconia e pela Comisso Central Menonita na regio metropolitana de Recife. Oitenta e dois pastores, pastoras e lderes de igrejas evanglicas foram entrevistados sobre o tema da violncia contra a mulher. Cinquenta mulheres que frequentavam igrejas tambm foram ouvidas.

Leia alguns depoimentos
Meu marido deixava marcas roxas em mim de tanto bater. Tnhamos muito envolvimento na igreja. Eu no podia falar do meu problema l, porque todo mundo nos conhecia, e tinha que ser uma fachada. Na rua era uma coisa, e em casa era outra.
Mulher evanglica

J fui procurado por mulheres que sofrem violncia vrias vezes. Outro dia, uma moa foi agredida pelo marido. Ele quebrou a perna dela e lhe cortou o brao com uma faca.
Pastor evanglico

Muitos pastores no tm tido a coragem de tratar estas situaes.
Pastor evanglico

No prefcio do livro, o Pr. Carlos Queiroz, diz que no h como celebrar os depoimentos, pois eles geram revolta e indignao. Arraigados na certeza de que temos uma misso a cumprir, todos os cristos devem estar dispostos a seguir firmemente at as ltimas consequencias na luta em defesa das mulheres que sofrem violncia.

A violncia domstica e familiar contra a mulher , segundo a lei Maria da Penha (lei n 11.340/06, Art 5), qualquer ao ou omisso baseada no gnero que lhe cause morte, leso, sofrimento fsico, sexual ou psicolgico e dano moral ou patrimonial.