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Nem catlicos, nem protestantes 663u68

Nos 495 anos da Reforma Protestante no sculo 16, comemorados em 31 de outubro, queremos fazer referncia ao movimento anabatista. Pouco conhecida e vista com desconfiana, a chamada reforma radical ocupou lugar fundamental no advento do processo reformador da igreja. Isto porque levou adiante certos pressupostos aos limites polticos e espirituais. Luteranos e calvinistas, bem como os catlicos, recusaram, condenaram e perseguiram os anabatistas.
Um dos resultados foi a disperso por conta do massacre ocorrido no qual cerca de 100 mil camponeses foram mortos. Lderes como Thomas Mntzer e Karlstadt sublevaram multides contra a ordem estabelecida, movidos pelo milenarismo das profecias e das revelaes. Lutero, imbudo da teologia dos dois reinos, aprovou a necessidade da represso do movimento rebelde, mas rejeitou a violncia exercida. Por sua vez, para os radicais o sacerdcio universal dos santos reivindicava o fim de qualquer hierarquizao na igreja, afirmando a igualdade de todos para com Deus, em comunidades autogestoras e de decises compartilhadas. Um germe da democracia moderna.
Se a Reforma foi um movimento popular e reformador, o anabatismo foi revolucionrio por ter questionado e pressionado as bases polticas e econmicas da sociedade em transio para o capitalismo. Se luteranos fizeram alianas com a nobreza aristocrtica e os calvinistas justificaram a emergncia da ordem moderna capitalista, o anabatismo foi abraado pelos camponeses. Se Ulrich Zwinglio, apoiado pela burguesia urbana e instruda das cidades suas, foi pela via do simbolismo limitando-se dimenso eclesistica, o anabatismo foi rural e rejeitou as estruturas eclesisticas.
Estes trabalhadores do campo entenderam que a terra dada por Deus a todos deveria ser desfrutada por todos e, por isso, reagiram contra a acumulao de terras por parte da nobreza que ocupava cargos na hierarquia eclesistica. Os anabatistas foram precursores da reforma agrria.
Para Engels, eles deram continuidade s tradies de protestos populares oriundos do medievo e anteciparam os movimentos operrios socialistas do sculo 19. Foram chamados de hereges pela rejeio do batismo inclusive o das igrejas protestantes , pela releitura do valor da eucaristia e pela negao da relao ou aliana entre Igreja e Estado. Alm disso, o misticismo religioso sincretizado com engajamentos polticos na instalao imediata do Reino de Deus em seu igualitarismo trouxe a repulsa ao movimento.
A piedade subversiva dos espiritualistas resultou na extrema represso com violncia, diante das aes iconoclastas, do rebatismo, da autonomia da escolha dos pastores e do anticlericalismo. As ovelhas se voltaram contra os pastores. As comunidades se desligaram das estruturas. A tradio foi identificada como pertencendo ao discurso do poder estabelecido. Thomas Muntzer dizia que o povo ser livre e somente Deus ser seu Senhor, num projeto que se aproximaria da proposta anarquista moderna.
Num certo momento, no se afirmavam nem como catlicos e nem como protestantes. Se a inspirao no vinha da tradio, nem da doutrina oficial ou muito menos da fala clerical autorizada, a sua fonte era o interior, a alma, pelo testemunho interno do Esprito.Esta concepo disseminou-se nas prticas posteriores dos quacres e de movimentos separatistas, que precedeu o movimento pietista, na relevncia dada subjetividade, voltado para uma espiritualidade mais existencial. O anabatismo, enfim foi um laboratrio de experincias no contexto nascente da Reforma, marcado por ambiguidades, mas gestador de paradigmas que podemos retomar hoje, diante da aguda crise evanglica que se diz legatria de Reforma.
Um deles seria o questionamento e o protesto contra injustias sociais numa sociedade mascarada pelo consumismo. Outro seria a espiritualidade integral, vivenciada nos mbitos privado e pblico, reencontrando o valor e o sentido de ser igreja. Ainda mais outro seria a releitura das escrituras tomando o contexto vivencial dos leitores. Quem sabe redescobrimos uma agenda do Reino nem catlica e nem protestante.

Fonte:
LINDBERG, Carter. As reformas na Europa. Trad. Lus Henrique Dreher e Lus Marcos Sander. So Leopoldo: Sinodal, 2001.
Lyndon de Arajo Santos historiador, professor universitrio e pastor da Igreja Evanglica Congregacional em So Lus, MA. Faz parte da Fraternidade Teolgica Latino-americana - Setor Brasil (FTL-Br).
  • Textos publicados: 35 [ver]

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