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24 de janeiro de 2012
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Misses evanglicas entre indgenas esto preocupadas com a preservao lingustica e cultural dos povos do Brasil, segundo AMTB 2e1r5v
No dia 18 de janeiro, a AMTB (Associao de Misses Transculturais Brasileiras) divulgou em seu site um comunicado visando esclarecer os atuais objetivos das misses evanglicas entre os povos indgenas. O texto refora o compromisso da Associao de estabelecer um processo crescente de colaborao com a preservao lingustica e cultural dos povos do Brasil, bem como reforar o movimento pela busca do espao dos indgenas na agenda do pas.
Veja a seguir o texto completo.
Aes evanglicas entre os povos indgenas do Brasil
Est se tornando cada vez mais frequente a produo de propostas que, desinformadas ou preconceituosas, discriminam as aes missionrias evanglicas, especialmente entre as comunidades tradicionais.
Na sociedade em geral, a presena missionria, de maneira especial entre os indgenas, suscita toda sorte de sentimentos. Em alguns, so sentimentos de rejeio, que advm de um emaranhado de impresses e fatos histricos em relao atuao missionria indgena desde a colonizao, relembrando uma igreja que estava a servio dos interesses polticos, imperialistas e colonizadores. Em outros, o sentimento de suspeio, debaixo do pressuposto de que qualquer atuao missionria nociva preservao cultural indgena. Ainda em outros, de reconhecimento de uma atuao que colabora com a valorizao sociocultural e lingstica, e com a minimizao do sofrimento humano.
Para aqueles que se embutem de rejeio ou suspeio, desejamos expor fatos sociais, culturais e histricos que podem mostrar com clareza que a presena missionria evanglica entre povos indgenas est, hoje, associada a um crescente processo de colaborao com a preservao lingustica e cultural dos povos do Brasil, alm de mostrar-se ativamente interessada em participar do despertar indgena que busca seu lugar neste grande pas.
A AMTB (Associao de Misses Transculturais Brasileiras) representa 44 instituies missionrias formadas por pessoas de mais de 100 diferentes denominaes evanglicas. Em seu Manifesto 2009, afirma que Nenhum elemento externo jamais deve ser imposto a uma cultura. Toda imposio pressupe carncia de respeito humano e cultural, alm de grave erro na construo do dilogo. Assim, a catequese histrica e impositiva, bem como qualquer outro elemento que force a mudanas no desejadas, mesmo em reas como educao, sade e subsistncia, deve ser duramente criticada.
Quando as motivaes missionrias so questionadas em sua relao com as sociedades indgenas, h de notar-se clara discriminao. H iniciativas particulares e governamentais junto s populaes indgenas conduzidas pelos mais diversos motivos, como o poltico, o financeiro e o humanista. J a iniciativa missionria evanglica tem nos valores cristos sua principal motivao: o amor ao prximo, a solidariedade humana e o Evangelho; devido a isso, esta iniciativa sente-se frequentemente discriminada, como se a motivao religiosa fosse menos digna que a poltica ou a acadmica.
Precisamos rever nossos pressupostos. H grave diferena entre catequese e evangelizao. Todo cristo sincero e convicto de sua f tem ou deveria ter o desejo de compartilhar aquilo que possui de mais precioso em seu ser e em sua cultura, qual seja, sua f e as verdades do Evangelho, uma baseada na outra, uma construtora da outra. Tal compartilhamento, quando em um ambiente no qual este desejado pelo receptor, no oprime a cultura. Ao contrrio, promove dilogo e reflexo.
A evangelizao difere-se da catequese em relao a caractersticas primordiais como o contedo, a abordagem e a comunicao. O contedo da catequese a igreja, com seus smbolos, estrutura e prticas sua eclesiologia. O contedo da evangelizao o Evangelho os valores cristos centrados em Jesus Cristo. A abordagem da catequese impositiva e coercitiva. A abordagem da evangelizao dialgica e expositiva. A catequese comunica-se a partir dos cdigos do transmissor sua lngua e seus costumes , importando e enraizando valores. A evangelizao se d com a utilizao dos cdigos do receptor sua lngua, sua cultura e seu ambiente , respeitando os valores locais e contextualizando a mensagem.
A influncia intencional do movimento missionrio evanglico orientado pela AMTB possui alvos de forte colaborao para com as preservaes cultural, social e lingustica das sociedades indgenas do nosso pas. Citamos alguns:
1. Contribuir para que o indgena valorize sua terra natal (homeland) e nela permanea, evitando migraes que so tempestivas e com consequncia social negativa para a beira de grandes rios e centros em urbanizao ou urbanizados.
2. Colaborar para que haja um bom programa de educao na prpria lngua, valorizando-a e possibilitando que seus fatos histricos e sociais sejam pelos indgenas registrados, preservados e transmitidos perante a esse contexto de rpida influncia social externa, que, no raramente, invalida o valor da lngua materna para um grupo.
3. Colaborar para que haja programas em reas vitais, como a sade e o desenvolvimento sustentvel, alm de outras, que respondam s necessidades essenciais dos grupos indgenas.
4. Colaborar com o os movimentos entre indgenas evanglicos, especialmente liderados pelo CONPLEI (Conselho Nacional de Pastores e Lderes Evanglicos Indgenas).
5. Contribuir para que, em processos j em andamento de integrao com a sociedade no indgena, tenham efeito os mecanismos de valorizao tnica, cultural e lingustica, a fim de que o grupo no seja diludo perante a sociedade maior. Tambm colaborar com o grupo em sua busca por uma convivncia digna com outros, quando fora de sua terra natal.
Alguns valores que nos orientam:
1. Toda imposio nociva e desrespeitosa. Nenhum elemento deve ser imposto a uma sociedade, seja indgena ou no indgena, sob nenhum pressuposto.
2. A cultura humana no o destino do homem e sim seu meio de liberdade. tambm respeito cultural reconhecer que o indgena tem direito de fazer escolhas voluntrias e desejadas dentro de seu prprio bojo pessoal e social.
3 As motivaes missionrias evanglicas para o relacionamento com as sociedades indgenas devem ser igualmente respeitadas. Motivao religiosa no deve ser confundida com imposio religiosa.
4. A evangelizao se difere da catequese em relao a contedo, abordagem e comunicao. Cabe ao indgena mensurar o valor do Evangelho em seu ambiente e com total liberdade.
A Conveno nmero 169 da Organizao Internacional do Trabalho (OIT), sancionada pelo Presidente Lula, assegura que Os povos indgenas e tribais devero gozar plenamente dos direitos humanos e liberdades fundamentais sem obstculos nem discriminao (Art. 31). Os povos interessados devero ter o direito de escolher suas prprias prioridades no que diz respeito ao processo de desenvolvimento, na medida em que ele afete as suas vidas, crenas, instituies e bem-estar espiritual, bem como as terras que ocupam ou utilizam de alguma forma, e de controlar, na medida do possvel, o seu prprio desenvolvimento econmico, social e cultural (Art. 7 1). Esses povos devero ter o direito de conservar seus costumes e instituies prprias desde que no sejam incompatveis com os direitos fundamentais definidos (Art. 8 2). A aplicao dos pargrafos 1 e 2 deste artigo no dever impedir que os membros destes povos exeram os direitos reconhecidos para todos os cidados do pas (Art. 3). Resta citar ainda a alnea d VIII do artigo V da Conveno da ONU de 21/12/65, aprovada pelo Decreto Legislativo n. 3 de 1967 (DO 23/06/67) e promulgada pelo Decreto n. 65.810, de 1969 (DO 10/12/69; ret. 30/12/69).
O Artigo 16 da Declarao das Naes Unidas sobre os Direitos dos Povos Indgenas de 2008 expe que Os povos indgenas tm o direito de estabelecer seus prprios meios de informao, em seus prprios idiomas, e de ter o a todos os demais meios de informao no-indgenas, sem qualquer discriminao.
Determinados princpios do cdigo de tica missionria enfatizam que devemos incentivar a ao e, sempre que possvel, colaborar com as autoridades em prol do desenvolvimento comunitrio; tratar com igualdade todos os segmentos da comunidade como um todo, independente de serem ou no evanglicos, recusando-se a manipular decises individuais ou comunitrias, seja por meio de bens materiais ou favores.
Em outras palavras, as aes sociais, na tica crist, justificam-se to somente pelas necessidades sociais. Toda inferncia quanto barganha religiosa, utilizando as aes sociais como moeda de troca junto aos povos do Brasil, contrape-se justamente ao cerne de nossos valores cristos e missionrios. Em diversas reas indgenas, as misses evanglicas atuaram e atuam fortemente na promoo de boa sade, educao e dignidade, sem um envolvimento direto com a evangelizao. A ao social autojustificvel. Mais uma vez, a confuso entre catequese e evangelizao se faz presente. Enquanto a catequese ocorre de forma coercitiva e por meio de barganhas, a evangelizao se d por meio de atos de amor, que motivam as aes que tentam minimizar o sofrimento humano.
Nossa motivao , de fato, crist. Enquanto ONGs humanistas atuam sem dificuldade junto aos povos indgenas em nosso pas, sentimo-nos discriminados por termos, na raiz de nossa motivao, o amor de Deus por toda a humanidade. A postura de Jesus diante dos necessitados, a quem Ele apresentou o Evangelho e, tambm, atendeu de acordo com suas necessidades pessoais, nosso modelo. Assim, o movimento missionrio vislumbra minimizar os males sociais entre populaes indgenas.
Em uma observao imparcial, destituda de pressupostos discriminatrios quanto evangelizao, percebemos que diversas sociedades indgenas as quais mantm um relacionamento mais prximo com missionrios evanglicos valorizam mais sua prpria cultura e lngua neste contexto do que no ado.
A histria da relao de evanglicos com os povos indgenas no Brasil, que remonta a mais de 100 anos, tambm uma histria de compromisso com reas sociais carentes, sobretudo as da sade e da educao. Os missionrios, a partir de uma relao diria de aprendizado com os indgenas, de sua lngua e cultura, no se furtaram a colaborar com as necessidades desses povos. Sem nenhuma discriminao, atenderam igualmente aos que se interessaram e aos que no se interessaram pela mensagem do Evangelho.
Estamos certos de que as centenas de aes sociais coordenadas por missionrios evanglicos (257, catalogadas pelo Banco de Dados da AMTB), sobretudo nas reas de sade, educao e valorizao cultural, tm contribudo e muito para o aumento populacional e melhoria da qualidade de vida entre as etnias indgenas em nosso pas. H dezenas de casos, como o dos Dw, Wai-Wai, Nadb, Jarawara, dentre tantos outros, que aram por um verdadeiro ciclo de crescimento populacional, restaurao da valorizao da cultura e da lngua e melhoria da qualidade de vida por meio de projetos missionrios durante dcadas em seu meio.
Muitas lnguas que corriam risco de extino, ou que experimentavam pocas de desvalorizao junto ao prprio grupo, foram e so alvos de projetos lingusticos que tendem a registrar sua grafia, produzir livros didticos de alfabetizao, fomentar o seu uso e garantir a sua existncia para a prxima gerao. Neste exato momento, linguistas evanglicos atuam na produo de materiais de relevncia para preservao lingustica e no seu uso em meio ao prprio povo, em cerca de 80 idiomas. Trabalho este nem sempre reconhecido pelo segmento acadmico.
O treinamento missionrio, normalmente baseado no trip missiologia/ lingustica/ antropologia, tambm tem se desenvolvido. crescente o nmero de missionrios ps-graduados (especialistas, mestres ou doutores) em suas reas de atuao, como Educao, Sade, Antropologia e Lingustica.
Em 2007, as agncias missionrias evanglicas promoveram mais de 50.000 atendimentos mdicos e odontolgicos entre as populaes indgenas em nosso pas por meio de agentes de sade permanentes ou clnicas mveis em terra indgena.
Atualmente, a igreja evanglica tem repensado cada vez mais o seu papel como agente de transformao social. Em uma viso de Evangelho integral, iniciativas e projetos surgem a cada dia. Por isso, natural que tais iniciativas contemplem, tambm, os povos indgenas. Lamentamos que a linha de isolamento da poltica indigenista seja uma barreira para que recursos humanos, materiais e de tecnologia social oriundos dos segmentos evanglicos cheguem aos indgenas, que, como seres humanos e brasileiros, tm direitos e necessidades.
Vale ressaltar que vrias organizaes missionrias que atuam em contexto indgena nas reas de assistncia social so certificadas pelo CNAS (Conselho Nacional de Assistncia Social) como entidades sem fins lucrativos, aptas para firmar convnios de parceria com o Governo e com empresas. Infelizmente, a inexistncia de convnios formais impede que milhares de atendimentos realizados pelos missionrios constem nos relatrios oficiais. (...)
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