Fukushima, Chernobyl, terremotos e tsunamis 3ev4j

Quando acontecem catstrofes como as que vimos no Japo o que se tem de fazer? Escolher minimiz-las e no sucumbir ao medo, ao terror diante das foras naturais. H escolhas. Nenhuma delas excluir a esperana da reconstruo, tendo em vista os seres que devem sobreviver, a despeito de todo obstculo que se interponha entre a ganncia do capital e a arrogncia da tcnica, desmoralizadas nesses eventos. Elas nada podem fazer. Nessas circunstncias, somos lembrados das foras que atuam no Universo, no alcanveis pela tecnologia ou pelo capital.

De fato, h energias que esto acima de nossas capacidades de controle. Todavia, podemos ponderar sobre a Terra e reconstruir nossas relaes com o planeta, de modo a respeit-lo. Podemos reconstruir os sonhos que dignificam e redefinem a casa da humanidade. Devemos observar nossa interao com o mundo natural e redirecionar nossos esforos.

Estrelas explodem, galxias devoram umas s outras. H 15 bilhes de anos, dizem os gelogos, a Terra se ajusta num constante desorganizar para organizar, regida por leis naturais. As mesmas que nos permitem observar as mudanas das estaes. Os canais de televiso mostram cenas e memrias de outras catstrofes naturais igualmente devastadoras. O fio dessas calamidades naturais longo. No Oceano ndico, em 2005, usou-se pela primeira vez a palavra tsunami.

O impacto de um tsunami faz lembrar que a me Terra no a tudo o que se impe a ela (J. Perkins). Imaginem se ela resistir ao que temos imposto ao planeta, depredando-o e aviltando-o com a ganncia que nos peculiar! Porm, buscamos esclarecimentos racionais para o impondervel. Queremos entender os fatos perguntando sobre a cumplicidade de Deus. Uma inverso radical da questo. Por que Deus criou um mundo finito, vulnervel, que sofre? Por que o destino de cada astro ou estrela desaparecer? Por que uma estrela morta h milhes de anos luz ainda brilha no cu? Por que existem terremotos e tsunamis? Deveramos perguntar sobre o tratamento que damos ao planeta criado, quando o submetemos a danos irreparveis.

Insistimos em manter o mundo espera, aguardando possveis desastres nucleares e no assumimos nossas responsabilidades quanto ao futuro da Terra e a devastao ecolgica de todos os dias. Podemos fazer um balano do que temos feito e planejar aes para o futuro que nos espera, alm das denncias em relao ao que vem transformando o planeta num imenso depsito de lixo (Fukushima opera com lixo nuclear reciclado!). No h nada que escape voracidade do capital.

O assunto pareceria anacrnico, se refletisse uma questo vencida anos anteriores exploso religiosa carismtica. perda de tempo repetir os chaves da teologia intimista, salvacionista, conservadora ou fundamentalista. A compreenso negativa sobre Deus no pode apagar tudo, como juzo indesejvel. Na Bblia, h uma legio de fantasmas e monstruosidades atribudas a Deus: o mandato (herem) justificado e expresso para o genocdio de povos inteiros, sem levar em conta inocentes, ancios, enfermos, invlidos, mulheres e crianas; castigos coletivos at a terceira e quarta geraes, por autores que apresentam-se sob o aval de Deus. assombroso que o rosto misericordioso do Deus Salvador seja escondido no esforo humano da vingana contra o semelhante. Envergonhamos Deus.

O horror de Hiroshima e Chernobyl so fantasmas da ameaa nuclear; Auschwitz, Ruanda, Timor Leste, Blcans, dalimpeza tnica, das sombras da crueldade humana. Tratam das profundas experincias da dor, encravada na conscincia moderna. So milhes de mortos. Mas, onde est a Palavra de Deus para a salvao, ali est o Esprito. Deus cria por meio da Palavra (davar). Tudo precedido da energia vibrante que traz a salvao. O mundo criado pelo flego de Deus estimula respeito e comunho com os seres da criao. Deus respira por meio de toda criao (Moltmann), seres, raas, povos.

A crise ecolgica no deve ser separada da concepo do universo concreto: todos somos destinados ao mundo recriado (Ap 21). A Igreja e os crentes, como representantes da f bblica, no podem se esquecer que, no momento, a criao geme (...) em dores do parto (Rm 8.22, NVI) para uma nova realidade.

O mundo do lucro, da explorao e da ganncia, introduziu-nos num crculo vicioso, atraindo ou criando dvidas sociais e ecolgicas ao mesmo tempo (2 bilhes de pessoas experimentam fome e endemias). Os limites das condies de equilbrio chegam a uma situao drstica. A catstrofe maior da misria, que atinge o fraco por deferncia, tambm denuncia o descaso no qual vivemos. Faz parte da indiferena de toda a humanidade quanto ao seu futuro. Reflitamos.